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Documentário milionário do City retrata Guardiola "ator" e Mourinho vilão

Divulgação
Imagem: Divulgação

Caio Carrieri

Colaboração para o UOL, em Manchester (ING)

16/08/2018 04h00

O Manchester City já iniciou a campanha de defesa do título inglês, mas a partir desta sexta-feira (17) o público poderá assistir a bastidores exclusivos da temporada 2017-18, quando o time de Josep Guardiola empilhou recordes e foi campeão com 100 pontos, 106 gols marcados e saldo positivo de 79. A Amazon lançará no Prime Video, seu serviço de streaming, a série documental sobre a caminhada do clube até a taça da Copa da Liga e, sobretudo, da Premier League.

A empresa norte-americana desembolsou 10 milhões de libras (cerca de R$ 50 milhões) para acompanhar, durante nove meses, o dia a dia blindado do clube que, turbinado desde 2008 pelos petrodólares do Sheik Mansour, dos Emirados Árabes, tem projeto a longo prazo de alcançar o renome do vizinho da cidade, o Manchester United, e de outros gigantes como Real Madrid e Barcelona.

Elemento fundamental neste plano do City, Guardiola é o protagonista do episódio inicial, exibido em primeira mão na noite da última quarta-feira (15), em Manchester, em evento especial para mais de 200 convidados. Entre eles diretoria, comissão técnica e jogadores – até o craque Kevin De Bruyne, com o joelho lesionado, compareceu ao local apoiado em muletas.

Na primeira parte da série de oito capítulos de 45 minutos cada, o treinador catalão revela que, para extrair o máximo de cada atleta, vale até mesmo se arriscar como ator. “Não tenho todas as respostas para tudo”, diz em depoimento. “Só que muitas vezes, na frente dos jogadores, tento parecer que sei tudo. Faço isso para eles acreditarem em mim e, assim, terem total confiança para jogar”.

O documentário também retrata não só a já conhecida obsessão tática de Pep, mas também o lado passional e motivador do técnico, com conversas individuais com os jogadores. Nos dias dos jogos, ele incentiva que o vestiário tenha um ambiente barulhento para deixar os atletas “ligados”. Imagens expõem que depois das partidas os argentinos Sérgio Agüero e Nicolas Otamendi costumam fazer o papel de DJs na celebração de vitórias. As festas são embaladas por “Bailando”, música de reggaeton, ritmo latino, do cantor espanhol Enrique Iglesias.

Uma comemoração que acabou em briga não foi registrada em imagens – por proibição do rival United. Se por um lado a Amazon teve a sorte de investir pesado justamente na temporada em que Guardiola desencantou, após o primeiro ano da carreira de mãos vazias, quando desembarcou em Manchester, a equipe de filmagem foi barrada em Old Trafford no clássico vencido pelo City fora de casa. Naquela noite de dezembro do ano passado, José Mourinho se irritou com o barulho no vestiário vizinho após o jogo e foi reclamar com os visitantes. Barrado pelo goleiro Ederson na porta, o técnico português bateu boca, e a confusão teve objetos arremessados – um deles cortou o supercílio de Mikel Arteta, ex-jogador do Arsenal e auxiliar de Guardiola.

Arquirrival de Pep desde quando travaram clássicos memoráveis com Barça e Real Madrid, Mourinho tem destaque como vilão no documentário. A edição recupera até uma entrevista do português nos tempos de Chelsea em que o treinador critica Kevin De Bruyne, dispensado por ele do clube londrino, mas maestro do título inglês do City na última temporada.

Ciente da superioridade do United em termos de tradição, títulos e alcance global, Pep ainda relaciona o rival ao maior obstáculo que avalia ter à frente do City, com quem renovou contrato até 2021. “Eles ganharam tudo nos últimos 15 ou 20 anos. Diminuir esta diferença talvez seja o maior desafio da minha carreira”.

Em relação aos quatro brasileiros do elenco (Gabriel Jesus, Ederson, Danilo e Fernandinho), apenas Ederson aparece entre os entrevistados do primeiro episódio, que também inclui Noel Gallagher, ex-Oasis e torcedor do City. Na introdução, no entanto, um radiante Guardiola segura Gabriel pela cabeça, no vestiário do estádio do Southampton, onde o atacante marcou, no minuto final da temporada, o gol que garantiu a marca até então inédita de 100 pontos.