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Camilo virou perito em bola parada e 'sentiu' polêmica com D'Ale no Inter

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

21/08/2018 04h00

Camilo ficou um longo período distante do time ou mesmo da primeira linha de opções no Inter. Alijado de participação regular na equipe, lamentou a falta de sequência e por pouco não foi embora durante o recesso para Copa do Mundo. Mas o período de ostracismo não foi de lamentação. O meia de 32 anos tratou de aprimorar-se num quesito importante de jogo: a bola parada. E ainda sentiu a rejeição da torcida em um lance com D'Alessandro.

Ainda antes do período da Copa, D'Ale voltaria ao Inter após suspensão. Treinou entre os titulares durante toda semana que antecedeu o duelo com a Chapecoense, no dia 21 de maio. E na véspera, durante o rachão, levou um carrinho por trás de Camilo, prendeu o pé no campo do CT Parque Gigante e torceu o tornozelo esquerdo.

O lance resultou em uma lesão grave e um mês afastado dos gramados para o argentino. Foi quando a torcida pressionou para saída de Camilo. Por meio das redes sociais, se manifestou contra o jogador, que já não vivia boa fase técnica desde o início do ano.

"Situação de treinamento, treinamento que estava muito quente. Não é da minha pessoa fazer uma coisa dessas, durante minha carreira (nunca fiz). Erro meu, já pedi desculpas para o D’Ale, nos acertamos, conversamos normalmente. Jamais queria fazer isso com companheiro. Jamais tive rixa dentro do elenco como colocaram. Foi uma infelicidade, cabeça quente, fiquei cego num momento do treino", disse ao Sportv.

Depois de começar 2018 como titular, Camilo perdeu espaço após uma lesão na panturrilha esquerda. Em seguida, o rendimento não foi o ideal atuando aberto pela esquerda. Por consequência, as chances ficaram cada vez mais raras. Sem espaço, e com a torcida contra si, ele pensou em deixar o clube.

O meia condicionou a saída ao retorno ao Rio de Janeiro, onde atuou pelo Botafogo. Recebeu sondagens de seu ex-clube e do Fluminense. Porém, entraves financeiros vetaram a concretização de qualquer acordo.

A essa altura viu Juan Alano tomar seu lugar como primeira alternativa no setor de criação. Lucca e Rossi alternavam com Nico López, Patrick e Pottker pelos lados. Camilo caiu em ostracismo.

O baixo aproveitamento o acompanha no Brasileiro. Desde o início da competição, ele começou jogando apenas uma vez. Soma 153 minutos em seis jogos no torneio. De abril em diante, jogou apenas 80 minutos.

E quando as chances sumiram de vez, o atleta resolveu se aprimorar. Viu que precisava se reinventar por mais chances. Tratou de apostar na bola parada. Treinou incessantemente antes e depois de cada treino cobranças de falta e escanteio. Para que quando entrasse no time, fosse o responsável por qualquer levantamento ou batida em gol. Segundo apurou o UOL Esporte, é dele o melhor índice de acerto em treinamentos. E isso foi reconhecido pelo técnico Odair Hellmann, que desde sua entrada ordenou que qualquer bola parada partisse dos pés do armador de cabelos cacheados.

Aos 52 minutos do duelo com Paraná veio a recompensa por tamanho esforço. Um golaço que deu ao Inter a melhor campanha de sua história em um turno de brasileiro. Agora, uma nova realidade pode surgir. A partir das suspensões de Alvez e Nico, Camilo briga para ter seu segundo jogo como titular no Brasileirão, e provar que pode ser útil até o fim de seu contrato, em julho do ano que vem.