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Flu atrasa salários, faz rodízio de funcionários e reduz carne no almoço

Pedro Abad tem enfrentado problemas na administração do Fluminense - Nelson Perez/Fluminense F.C
Pedro Abad tem enfrentado problemas na administração do Fluminense Imagem: Nelson Perez/Fluminense F.C

Leo Burlá e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

05/09/2018 04h00

A crise financeira enfrentada pelo Fluminense atingiu o campo, passou pelas salas das Laranjeiras e chegou até ao restaurante da sede social do clube.

No centro de treinamento da Barra, diretoria e comissão técnica tentam conter as insatisfações entre jogadores. Com os planos de saúde cortados por falta de pagamento, o grupo caminha para completar dois meses de atrasos de salários e outros três de direitos de imagem.

Sem ter de onde tirar recursos, o Tricolor não dá aos atletas nenhuma informação de que os débitos serão quitados até a próxima segunda-feira, quinto dia útil do mês. Com a escassez de dinheiro, a cúpula de futebol se desdobra para tentar manter a situação no trilho, mas a tensão é crescente. Também por inadimplência, a delegação não tem mais à disposição um dos dois hotéis que era utilizado, e agora tem apenas as dependências de um outro que fica um pouco mais distante do CT.

Como a estrutura do centro de treinamento ainda não foi finalizada, o hotel servia como base para almoço e descanso do elenco em dias com treinos em período integral. Sem o pagamento, que coincidiu com o fim das atividades em dois períodos, o Fluminense tem apenas o “Hilton” para concentração – prioridade que o técnico Marcelo Oliveira não abre mão. A diretoria cogitou vetar o regime, mas o comandante do time pediu que tal programação fosse mantida.

As dívidas também interferem na vida dos funcionários que ganham acima de R$ 4 mil. Com a iminência do segundo mês de atrasos em seus vencimentos, o quadro pessoal foi liberado para fazer rodízios. A frequência será determinada pela necessidade de cada departamento, cabendo a cada setor decidir sobre quantas pessoas são necessárias para tocar o cotidiano dia após dia. O presidente Pedro Abad foi em todas as salas falar pessoalmente sobre a dificuldade para colocar a casa em ordem.

Jogadores do Flu - Lucas Merçon/Fluminense F.C - Lucas Merçon/Fluminense F.C
Marcelo Oliveira tem de lidar com atrasos salariais que afligem o grupo de jogadores
Imagem: Lucas Merçon/Fluminense F.C

Diante da necessidade de cortar gastos de todos os lados, a economia se reflete diretamente no prato do restaurante das Laranjeiras. Sem dinheiro, o Fluminense fará uma revisão semanal de seu cardápio, e o número de proteínas oferecidas será diminuído conforme a situação financeira. Em condições normais, os funcionários tricolores tinham sempre duas opções de carnes na refeição, mas o cardápio será diminuído para uma alternativa em alguns dias.

Os terceirizados também sofrem. Como o Flu não consegue arcar com seus compromissos com a empresa que faz serviço de manutenção e limpeza nas Laranjeiras, apenas 10% do efetivo da firma Sanatto está comparecendo ao trabalho. Para minimizar os estragos, o clube tem deslocado pessoal para ajudar na tarefa. No último sábado, o clube teve de cancelar uma atividade especial em homenagem ao mês dos Pais. Há ainda uma dívida por aluguel do Maracanã, mas esta questão está mais próxima de um final feliz junto à concessionária que administra o estádio.

No início da última semana, o Tricolor divulgou seu balanço financeiro semestral, que registrou lucro de pouco mais de R$ 4 milhões. Grande parte deste resultado se deve à venda de jogadores, mas o resultado no azul não aliviou a situação delicada das finanças tricolores.

A assessoria de imprensa do Flu informou que "por conta das dificuldades financeiras enfrentadas, o Fluminense teve que fazer alguns cortes de gastos e tratar algumas situações de formas específicas, e que o clube está trabalhando para que tudo seja normalizado o mais rápido possível".