Com veteranos "escolhidos a dedo", Tite tenta transição gradual na seleção
Ao convocar 13 atletas que disputaram a Copa do Mundo para iniciar o ciclo visando 2022, Tite deixou claro que pretende fazer uma renovação gradual. Para eliminar qualquer dúvida, o treinador escalou dez remanescentes do Mundial na vitória sobre os Estados Unidos desta sexta-feira, primeira partida depois da eliminação na Rússia. Há, entretanto, dentre os escolhidos, alguns atletas com chances reconhecidamente menores de estarem presentes no Qatar, e que tem uma função a exercer no começo da jornada.
Thiago Silva e Filipe Luís terão 38 anos em 2022. Willian terá 34, mas atua na posição mais rica em promessas e apostas, devendo com concorrer com David Neres, Rodrygo, Vinicius Júnior e Malcom. Neste grupo também entraria Renato Augusto, de 30 anos, mas o meio campista pediu dispensa para resolver problemas particulares.
Os veteranos escolhidos por Tite têm pontos em comum: são todos jogadores discretos, que exercem liderança sobre o grupo, tem bom relacionamento com os companheiros e raramente são notícia por qualquer coisa que não seja atuações de dentro de campo. No Brasil pós-Copa, elesdesempenham uma função que vai além de entrar em campo: receber e integrar ao grupo as caras novas da seleção.
Nos treinamentos, os três interagem com frequência com os mais novos, fazendo brincadeiras e desafios. Têm a companhia de Neymar, recém-eleito por Tite o capitão do Brasil em caráter definitivo. O objetivo é criar um ambiente favorável à adaptação rápida dos mais jovens.
“Acho que para os novos que estão chegando, o mais importante é confiança. Assim como eu fui recebido quando cheguei na seleção, tenho que passar isso para eles. Esse é o caminho, todos nós temos a nossa parcela de responsabilidade, e precisamos tentar fazer isso da melhor maneira possível”, diz Willian.
Thiago Silva engrossa o discurso. “Temos que ajudar essa garotada a entender o mais rápido possível o que o hômi (Tite) quer, e recomeçar de uma maneira positiva. Esses garotos tem uma técnica enorme, mas chegar aqui não é fácil. Tentamos deixar o mais à vontade possível”, diz.
Os jogadores mais novos reconhecem esse papel, e tem falado abertamente sobre o assunto durante a semana nos EUA. “Quando você chega em um ambiente onde não conhece todo mundo, fica mais tímido, cabisbaixo, e isso pode aparecer dentro de campo. Uma das virtudes desse grupo é colocar você para cima. Então aproveito para dizer obrigado a todos”, diz o volante Arthur, de 22 anos.
Historicamente, Tite encontra dificuldades ao promover renovações nos times que comanda. Vindo de três eliminações em Copa, o Brasil disputa a Copa América em casa ano que vem, e a pressão será grande. Nesse contexto, o treinador escolheu a dedo os veteranos capazes de auxiliá-lo na missão.
Isso não significa que Thiago Silva, Filipe, Willian ou Renato Augusto estejam descartados do Qatar. Há muito tempo pela frente, e tudo dependerá da capacidade dos jogadores para sustentar atuações de alto nível. Nesse momento, na visão de Tite, eles tem uma função a desempenhar dentro e fora de campo, e por isso, se nada inesperado ocorrer, devem marcar presença nas convocações por um bom tempo.
Depois de bater os EUA por 2 a 0 na sexta, em Nova Jersey, o Brasil encara El Salvador nesta terça, no Fedez Field, em Washington. A seleção teve folga neste sábado, e volta aos treinamentos na tarde deste domingo.
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