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Fisco espanhol já recuperou mais de 50 mi de euros por fraudes de jogadores

Lionel Messi foi condenado por fraude fiscal em 2016 - REUTERS/Albert Gea
Lionel Messi foi condenado por fraude fiscal em 2016 Imagem: REUTERS/Albert Gea

Do UOL, em São Paulo

11/09/2018 11h43

Jogadores de Atlético de Madri, Barcelona e Real Madrid entraram no radar da Receita Federal espanhola nos últimos anos por acusações de fraudes fiscais. Entre os acordos já realizados, o Fisco recolheu pelo menos 52,3 milhões de euros (o valor não pode ser convertido para real por causa dos diferentes períodos pagos e suas distintas conversões) de atletas, incluindo Cristiano Ronaldo e Lionel Messi.

O caso mais recente foi do brasileiro Marcelo. O lateral do Real Madrid entrou em acordo com o Ministério Público da Espanha e pagará um total de 800 mil euros (R$ 3,8 milhões) por uma fraude fiscal em 2013. O acordo livrou o jogador de uma sentença de quatro meses de prisão.

Marcelo foi acusado de utilizar uma empresa uruguaia Birsen Trade para evitar o pagamento de impostos. O Fisco espanhol apontou que o brasileiro deixou de pagar 490,9 mil euros (R$ 2,3 milhões) de taxas no período com a manobra.

Os casos envolvendo Cristiano Ronaldo e Lionel Messi envolveram muito mais dinheiro do que o de Marcelo. Somados, os dois foram acusados pela Receita Federal de sonegar quase 19 milhões de euros em impostos.

A acusação do Fisco era de que o português teria feito uma manobra na extinta "Lei Beckham" para pagar menos impostos. A lei de 2005 fornecia benefícios fiscais a estrangeiros de alta renda residentes na Espanha e foi criada pouco mais de um ano depois de o meia inglês trocar o Manchester United pelo Real Madrid. Ela foi extinta em 2009.

O Fisco estimava que Cristiano Ronaldo havia sonegado 14,7 milhões de euros relacionados a direitos de imagem. O craque português entrou em acordo para pagar 18,8 milhões de euros e aceitar uma pena de dois anos de prisão. Como na Espanha uma condenação de dois anos ou menos pode ser revertida em multa, ele se livrou do cárcere.

O caso de Messi também envolvia paraísos fiscais, mas não tinha relação com a "Lei Beckham". Quando o argentino ainda era adolescente, um ex-assessor de nome Rodolfo Schinocca aconselhou a família, de acordo com a acusação, a fundar uma empresa em Belize para o depósito do dinheiro relativo aos direitos de imagem do jogador.

Após o rompimento com Schinocca, a família de Messi substituiu a empresa em Belize por outra no Uruguai, seguindo sem pagar impostos ao Fisco espanhol. A acusação apontava que o argentino havia sonegado 4,1 milhões de euros entre 2007 e 2009. Na audiência, Messi afirmou não saber de nada e disse que não fazia perguntas ao pai sobre o tema. "Me dedicava a jogar futebol".

Messi teve que pagar 5 milhões de euros por impostos devidos e uma multa de 3,6 milhões de euros. Ele e seu pai ainda foram condenados a 21 meses de prisão. Assim como Cristiano Ronaldo, não precisaram cumprir a pena no cárcere e pagaram uma multa de 252 mil euros.

Além dos casos em que já houve acordo, outros processos ainda correm na Receita Federal espanhola. O caso mais emblemático é o de Samuel Eto'o, acusado de sonegar 3,4 milhões de euros. A promotoria pediu uma pena de 10 anos de prisão.

Confira a lista de jogadores que já entraram em acordo com o Fisco espanhol:

Lionel Messi (Barcelona): pagamento de 8,8 milhões de euros (entre impostos e multa) e 21 meses de prisão

Cristiano Ronaldo (Real Madrid): 18,8 milhões de euros e dois anos de prisão

Marcelo (Real Madrid): 800 mil euros

Mascherano (Barcelona): 2,4 milhões de euros (entre impostos e multa)

José Mourinho (Real Madrid): 800 mil euros

Falcao Garcia (Atlético de Madri): 8,2 milhões de euros (fez acordo para paralisar o processo)

Alexis Sánchez (Barcelona): 983 mil euros e 16 meses de prisão

James Rodriguez (Real Madrid): 11,6 milhões de euros