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Vice do Santos diz que Peres usou 'máquina do clube' para se promover

Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC
Imagem: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

Marcello De Vico

Do UOL, em Santos (SP)

13/09/2018 20h22

Cerca de uma hora após o presidente José Carlos Peres se defender sobre o conturbado momento político vivido pelo Santos em entrevista concedida no CT Rei Pelé, foi a vez de, na noite desta quinta-feira (13), o vice Orlando Rollo rebater as palavras do atual mandatário em uma coletiva convocada por ele próprio, realizada em um escritório na cidade de Santos (SP).

Orlando Rollo iniciou a entrevista declarando que teve sua honra atacada pelo presidente e que virou o ‘vilão’ da história no episódio de impeachment. De acordo com o vice-presidente, o atual mandatário vem, nos últimos dias, usando a máquina do Santos para atacá-lo e para simplesmente se promover.

“Fui atacado minha honra. Não sou adepto de usar a máquina do clube para promoção pessoal. Ele usou a máquina do Santos, o veículo oficial, o site, para atacar não a mim, mas o seu vice-presidente, e de uma maneira que considero totalmente antiética”, afirmou Rollo, referindo-se às notas divulgadas no site oficial em que ele é citado – como, por exemplo, uma portaria publicada em que Peres pede a funcionários para não atenderem ordens do vice.

De acordo com o vice-presidente, José Carlos Peres mudou completamente depois que venceu as eleições e passou a tomar decisões sozinho, sem consultar os membros do Comitê de Gestão.

“Desde o início da gestão tivemos uma boa campanha, saímos vitoriosos, era muita harmonia que foi amplamente propagada e que faríamos uma gestão de união, em conjunto, transparente e democrática. Esse discurso empolgou a torcida, associados, e ganhamos a eleição. No dia seguinte, tudo mudou. A partir de janeiro, Peres era o presidente e passou a tomar decisões da cabeça dele”, afirmou o Orlando Rollo.

“O regime é presidencialista? Não, existe um Comitê de Gestão. E ele começou a gerir o clube por conta própria, negociações, contratações, e depois comunicava o comitê. Isso durou alguns meses e membros do comitê foram se indignando”, acrescentou.

"Não sou candidato a nada"

Orlando Rollo ainda aproveitou a coletiva para deixar claro que 'não é candidato a nada'. Segundo ele, José Carlos Peres tenta implantar a ideia de que ambos serão adversários na assembleia que está marcada para o dia 29 de setembro, quando os sócios decidirão pelo impeachment (ou não) do presidente,

"Na cabeça dele, eu sou o adversário dele nessa eleição desse dia 29, mas eu não sou candidato a nada, é uma assembleia que vai definir o resultado de um processo administrativo em que ele é réu. Eu não tenho nada a ver com o processo de impeachment, ele se colocou em posição de réu", disse.

"Ele colocou na cabeça de todos que é uma assembleia para decidir quem é o presidente, mas não sou candidato a nada. Não estou sendo julgado, o julgado é ele por infringir o estatuto social", acrescentou Rollo.

"Não há planejamento para que eu assuma"

Orlando Rollo admitiu ainda que não há um planejamento para ele assumir a presidência. Isso acontecerá caso a maioria dos sócios optar pelo impeachment do presidente Peres no próximo dia 29, em assembleia que acontece na Vila Belmiro.

"Não existe nenhum tipo de planeamento específico para que eu assuma a presidência. Se isso ocorrer, a nossa experiência vai contar muito. Estou preparado se assim for. Mas não existe planejamento. Nunca pensei nisso ou participei do processo de impeachment", afirmou.

"Se for o melhor para o Santos, eu renuncio"

O atual vice-presidente do Santos afirmou ainda que, em caso de impeachment de José Carlos Peres, ele conversará com pessoas ligadas ao Santos para decidir o que é melhor para o clube. Caso a sua saída seja benéfica, ele promete renunciar ao cargo de presidente.

"Não tenho apego nenhum ao poder e já conversei com a minha base de conselheiros e vou tomar a seguinte decisão, caso ele sofra o impeachment: eu vou conversar com as forças vivas do Santos Futebol Clube, as maiores lideranças expressivas de todos grupos políticos, ex-presidentes do clube, conselheiros e novas lideranças, e vamos avaliar em conjunto o que é melhor para pacificar o Santos. Se for o melhor, eu renuncio, pelo bem do Santos FC", disse.