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Rusgas anularam acordo de Cruzeiro e Galo por estádio dividido em clássico

Cruzeiro e Atlético-MG discutem por conta dos clássicos desde abril passado - Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro
Cruzeiro e Atlético-MG discutem por conta dos clássicos desde abril passado Imagem: Bruno Cantini/Clube Atlético Mineiro

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

14/09/2018 04h00

Atlético-MG e Cruzeiro fizeram um acordo para dividir as cadeiras do Mineirão nos jogos do Campeonato Brasileiro em março passado. Pouco mais de seis meses depois, a situação é completamente distinta e as rusgas do passado voltam à tona.

Dias antes de mais um clássico pelo Brasileiro, Cruzeiro e Atlético-MG voltam a protagonizar brigas fora dos gramados.

A discussão, desta vez, é pelo preço dos ingressos praticados para o Galo, visitante do jogo que ocorre no Mineirão, e pela demora para distribuição das entradas.

O fato fez o Atlético recorrer ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e à Federação Mineira de Futebol (FMF). A intenção é que estes órgãos auxiliem em ambas as reivindicações do clube.

O Galo alega que o Cruzeiro pratica preços distintos em setores idênticos do estádio. Os atleticanos pagarão entre R$ 150 e R$ 240 em seus bilhetes. Há meia-entrada em ambos os casos. Os cruzeirenses, por outro lado, terão de pagar no máximo R$ 50 nos mesmos setores.

Outro aspecto que gera discussão é referente à distribuição de ingressos. O Cruzeiro teria se negado a passar dados bancários para a diretoria atleticana, o que retardaria a venda de entradas para os torcedores rivais.

As partes aguardam uma decisão do STJD até a noite de sexta-feira para iniciar a venda de entradas para o jogo.

A briga recente, todavia, não é a primeira de 2018. Às vésperas do jogo de ida da final do Campeonato Mineiro, em 1º de abril passado, ficou definido que os clássicos do principal torneio nacional teriam a presença idêntica das duas torcidas. Mas os problemas que pareciam solucionados voltaram a aparecer, e a relação entre os dois maiores clubes de Minas Gerais se deteriorou se tornando quase nula.

Tudo parecia pronto para a volta do jogo com a presença maciça das duas torcidas. Porém, o cenário mudou cerca de dez dias depois, na partida de volta da decisão do Estadual. Na ocasião, um torcedor do Cruzeiro empurrou Luan na escada que dava acesso ao gramado do estádio. O problema fez com que a diretoria do Atlético modificasse o seu pensamento em relação aos jogos com o estádio dividido.

No dia seguinte à final, o presidente Sérgio Sette Câmara concedeu entrevista à TV Globo Minas e revelou a mudança de pensamento.

"Esquece! Mineirão não tem condição de fazer jogo de torcida dividida. É oficial. Eles não têm condição, eles não têm preparo, não têm organização, não têm competência. E o Cruzeiro, como mandante, não sabe receber", declarou à época.

À mesma emissora, Wagner Pires de Sá, presidente do Cruzeiro, tentou colocar panos quentes na situação.

"O proprio Sérgio tinha sugerido que fizéssemos o clássico com o Mineirão meio a meio. Eu aceitei prontamente, porque já era favorável ao espetáculo com as duas torcidas. O nosso clássico daqui é isso. Agora ele já me comunicou que não quer mais. A gente lamenta, mas paciência, é a vontade dele", afirmou na ocasião.

A discussão poderia se encerrar ali. Mas ainda houve mais um episódio que minou a relação entre as partes. No jogo do primeiro turno do Campeonato Brasileiro, em 19 de maio, no Independência, a diretoria do Cruzeiro teria constatado a presença de um condenado por assassinato a um conselheiro do clube no camarote ao lado do seu. O fato irritou o vice de futebol Itair Machado e causou indignação na diretoria. Mano Menezes foi impedido de falar com a imprensa ao fim do revés por 1 a 0 para o arquirrival.

Na ocasião, o Atlético cobrou R$ 120 da torcida visitante. O presidente Wagner Pires de Sá, entretanto, financiou metade do valor dos ingressos para os seus torcedores.