Camarotes da Copa 2014 foram usados como propina, aponta Lava Jato
A 55ª etapa da Operação Lava Jato, deflagrada nesta quarta-feira (26) e que resultou em três prisões preventivas, 16 temporárias e 73 mandados de busca e apreensão, apontou, de acordo com investigação da Justiça Federal, que ingressos de jogos da Copa do Mundo de 2014 foram usados como propina pela Construtora Triunfo junto a membros do Departamento de Estradas e Rodagem do Paraná (DER-PR), da Agencia Reguladora do Paraná (AGEPAR), da Agencia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e de duas secretarias estaduais do Paraná.
A operação prendeu, entre outros nomes, Pepe Richa, irmão do ex-governador e atual candidato ao Senado no Paraná Beto Richa (PSDB), e emitiu mandado de prisão para Luiz Abi Antoun, primo dos Richa. Pepe Richa era secretário de infraestrutura e logística do Paraná, enquanto Abi Antoun é acusado de ser o operador do Caixa 2 de Beto Richa.
Denominada “Operação Integração II”, a investigação procura elucidar o envolvimento de políticos e executivos das empresas privadas e estatais que faziam a administração das rodovias federais no Paraná. Os crimes de corrupção, peculato, estelionato, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro são as razões da operação.
Em planilhas obtidas pelo UOL Esporte, consta, em depoimento de Nelson Leal Júnior, então diretor do DER-PR, que a Construtora Triunfo distribuiu 390 ingressos de camarotes para os jogos da Copa 2014 nas cidades de Brasília, Curitiba, Manaus, Rio de Janeiro e São Paulo. Os ingressos teriam sido adquiridos pela Triunfo, com um valor aproximado de R$ 2 milhões.
A empresa é a responsável pela Econorte, que controla o pedágio no Paraná. Também estão implicados administradores ligados às concessionárias Ecocataratas, do mesmo grupo, Viapar, Caminhos do Paraná e Rodonorte (esta, do Grupo CCR).
Ao todo, foram presenteados 14 executivos diretamente ligados à gestão das rodovias no estado, num total de 47 pessoas que receberam ingressos da Triunfo. Todos os ingressos eram de camarotes premier, com custo médio de R$ 5.165,84 por unidade. De acordo com a investigação, a propina mensal destinada aos administradores era de R$ 120 mil, destinados aos agentes do DER-PR e da AGEPAR.
No processo, não há indicativo de favorecimento por parte da CBF ou da Fifa para a aquisição dos ingressos. O único nome ligado ao futebol que aparece no depoimento é o do presidente do conselho deliberativo do Atlético-PR, Mario Celso Petraglia, citado por Leal Júnior como uma pessoa que indicou o ex-diretor do DER-PR, Luiz Kuster, como profissional para a Construtora Triunfo fazer a gestão das concessões do pedágio no Paraná, ainda na década de 90.
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