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Conselho do Fla inicia investigação de Bandeira, que será chamado a depor

Eduardo Bandeira de Mello é alvo de dois inquéritos no Conselho do Flamengo - Gilvan de Souza/ Flamengo
Eduardo Bandeira de Mello é alvo de dois inquéritos no Conselho do Flamengo Imagem: Gilvan de Souza/ Flamengo

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

02/10/2018 04h00

O turbulento bastidor de um Flamengo em clima eleitoral terá novo capítulo nesta terça-feira (2). Nomeada pelo Conselho Deliberativo, uma Comissão de Inquérito inicia a investigação do presidente Eduardo Bandeira de Mello por desrespeito ao estatuto do clube no processo que envolve as cores das chapas no pleito rubro-negro. O mandatário será chamado a depor em um dos primeiros atos, e o processo seguirá o curso no poder em questão.

A comissão foi formada pelos seguintes integrantes: Sérgio Aguiar, Adalberto Ribeiro e Ércio Braga. O inquérito se deu por meio do presidente do Conselho Deliberativo, Rodrigo Dunshee, após Bandeira de Mello ter cometido possível descumprimento do estatuto (artigo 129, inciso IV e 37) - o presidente se torna obrigado a respeitar as deliberações dos demais poderes, podendo ser suspenso, eliminado ou perder o mandato.

A questão teve origem a partir do momento em que o mandatário, representando o clube enquanto réu, se manifestou na Justiça contra uma inédita decisão do Conselho de Administração e da Comissão Eleitoral de anulação da cor azul do pleito. O pedido era para que uma ação em andamento fosse favorável ao seu candidato, o vice de futebol Ricardo Lomba, o que acabou decretado na sequência pelo juiz João Marcos de Castello Branco Fantinato, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).

Todo o imbróglio se formou por conta de situação e oposição (Rodolfo Landim) protocolarem a inscrição com o pedido de utilização da cor azul para identificação das chapas na eleição. O objetivo ficou claro. Como o grupo original se elegeu em 2012 com a cor em questão, ela naturalmente ficou ligada aos administradores responsáveis pela recuperação econômica do Flamengo.

Aconteceu que o grupo se dissolveu com o passar do tempo, e os dois lados se julgaram donos da "Chapa Azul". Ambos, inclusive, acreditam que um bom número de associados vota pela cor, ligando-a diretamente ao grupo sem nem sequer ter o conhecimento da composição da chapa.

Os integrantes do Conselho Deliberativo acreditavam que Bandeira de Mello deveria se manter isento no processo, fato que não aconteceu e gerou nova Comissão de Inquérito para investigação e possível instauração de processo de impeachment, ainda que restando menos de três meses para o fim do mandato.

Essa é a segunda investigação contra Bandeira iniciada recentemente. Outra está em andamento e trabalha em cima do suposto uso do clube pelo dirigente na campanha para deputado federal. Duas denúncias foram protocoladas. Uma pelo conselheiro Tulio Rodrigues e outra pelo grupo político "Flamengo da Gente".

O componente eleitoral coloca os impasses nos bastidores ainda mais em evidência. Há pressa nas análises. A expectativa é a de que o parecer seja elaborado em até 60 dias. Caso contrário, Bandeira terá os direitos políticos avaliados pelo Conselho de Administração após o encerramento do mandato e poderá até ser banido do quadro associativo do Flamengo.

Por sua vez, o presidente se mostra seguro, já se manifestou algumas vezes e repete nos corredores da Gávea que se posicionou na Justiça apenas para fazer valer o cumprimento do estatuto do Rubro-negro.