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Presidente de time alemão que combate o nazismo critica Bolsonaro

Clube alemão St Pauli lança campanha a favor de refugiados com o slogan "nenhum humano é ilegal" - Reprodução Facebook
Clube alemão St Pauli lança campanha a favor de refugiados com o slogan 'nenhum humano é ilegal' Imagem: Reprodução Facebook

Felipe Pereira e Olga Bagatini

Do UOL, em São Paulo

02/10/2018 04h00

Sediado em Hamburgo, o FC Sankt Pauli se notabilizou por se posicionar: combate o racismo, o machismo e a homofobia, apoia refugiados e faz oposição ferrenha ao nazismo. Se a sede do clube fosse o Brasil, o time teria mais uma bandeira: o #EleNão e faria oposição a Jair Bolsonaro (PSL).

"Se estivéssemos no Brasil, iríamos aderir com certeza. É muito importante. Neste caso, o normal seria discutir com a equipe de mídia e todos os envolvidos que, acredito, decidiriam fazer isso também", afirmou Sandra Schwedler, presidente do Conselho de Supervisão do clube.

Ela esteve em São Paulo na última semana participando do 3º Simpósio Internacional de Estudos sobre Futebol, realizado pelo Museu do Futebol. Disse ter tomado conhecimento do discurso de Bolsonaro. Não gostou nem um pouco do que ouviu sobre o candidato..

O clube que Sandra dirige se opõe a tudo que a agenda de Bolsonaro prega. O St. Pauli é um time "alternativo", com fama anticapitalista e que prioriza responsabilidade social a títulos. Sandra acredita que os times brasileiros deveriam seguir o exemplo e se posicionar contra ataques a minorias, pois entende que essas bandeiras são, antes de tudo, civilizatórias.

"Muitas pessoas falam 'vocês trazem política para dentro dos estádios. Não pode ser assim. Futebol não tem nada a ver com política'. Mas o pensamento do Sankt Pauli é que não é política, e eu concordo. São direitos humanos. E pela influência que os clubes brasileiros têm, eu acho que seria importante eles tomarem posição".

A dirigente do St. Pauli vê uma guinada à direita da Alemanha e da Europa nos últimos anos, ocasionada pela exploração do medo que os habitantes sentem com a chegada de muçulmanos e refugiados a seus países. Ela ficou surpresa em encontrar o mesmo cenário no Brasil.

"Eu tinha esperança de encontrar outra realidade. Mas há o mesmo problema e eu disse 'que droga, o que está acontecendo com o mundo?'. Como eu disse, não tem a ver com ser de direita, esquerda ou militar por um partido político. É sobre sermos humanos, sobre lutar pela humanidade", completa a dirigente.