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Após 2 anos de prejuízo, restaurante de Messi em Barcelona fecha as portas

Divulgação
Imagem: Divulgação

Thiago Arantes

Colaboração para o UOL, em Barcelona

08/10/2018 04h00

Enquanto dentro de campo Lionel Messi não dá indícios de que sua carreira entre em declínio, fora dele o primeiro grande empreendimento do camisa 10 do Barcelona já fracassou.

Nesta semana, os sócios do craque argentino no restaurante Bellavista del Jardín de Norte anunciaram que o local será fechado para o público em geral. A ideia é torná-lo um lugar de eventos e festas privadas.

Aberto há dois anos, com muito estardalhaço e em um dos principais pontos gastronômicos de Barcelona - a Rua Enric Granados -, o Bellavista jamais tornou-se a referência que seus proprietários esperavam. A grande aposta na época da inauguração é que o restaurante se tornasse, além de um dos mais requisitados da capital catalã, uma espécie de parada obrigatória para fãs de Messi e do Barcelona. Mas, com seus mil metros quadrados de salões e outros mil de jardins, o Bellavista acabou nao se tornando nem uma coisa, nem outra.

O conceito de criar uma cidade, com referências ao bairro de Rosário em que os Messi viveram até a viagem do filho mais famoso para a Europa, foi amparado em construções como uma pequena igreja, uma banca de jornais e uma barbearia. O futebol, no entanto, virou coadjuvante: aparecia em um canto do restaurante, o futbolín (o pebolim, ou tótó, dos espanhóis), uma área com camisas autografadas do trio MSN.

Jogadores do Barcelona se reúnem em restaurante de Messi - Reprodução - Reprodução
Jogadores do Barcelona se reuniram em restaurante de Messi em dezembro do ano passado
Imagem: Reprodução

Outra referência, ainda que indireta, ao camisa 10, era a presença de seu prato preferido no cardápio: a milanesa napolitana, um clássico da culinária argentina, custava 14 euros (cerca de R$ 65).

Embora tivesse o prato de seus sonhos no cardápio, Lionel Messi nunca se envolveu no dia a dia do restaurante. E a falta de entusiasmo do camisa 10 com o local colaborou para que o Bellavista também não se tornasse um destino comum para  os jogadores do Barcelona. Como a maioria não vive na capital catalã, mas em cidades próximas, o restaurante estava em uma área pouco frequentada pelos atletas - o próprio Leo, inclusive, nunca foi presença constante, preferindo ir aos restaurantes de Castelldefels, onde vive com a família e tem a Luis Suárez como vizinho.

Uma das poucas ocasiões em que o restaurante virou notícia por algo relacionado a Messi e ao futebol foi em junho deste ano. Durante a concentração da seleção argentina em Barcelona, antes da Copa do Mundo da Rússia, o camisa 10 organizou um almoço de toda a delegação da albiceleste no local.

Além da família Messi (Leo estava no negócio com seus irmãos Rodrigo e Matías), são sócios Juan Carlos, Borja e Pedro Iglesias, de uma tradicional família da gastronomia espanhola. Em seus dois anos de atividades abertas ao público, o Bellavista nunca foi um restaurante de preços altos, mas jamais se tornou um lugar de culto futebolístico ou gastronômico.

Nas últimas semanas, a reportagem do UOL Esporte  passou quase diariamente na porta do local; os estabelecimentos vizinhos sempre estavam mais movimentados - um dia após a vitória sobre o PSV, pela Champions League, o meio-campista Sergi Roberto jantava em um restaurante na mesma rua.

“Nosso estabelecimento tem sido procurado para receber vários eventos particulares, como festas de empresas e comemorações privadas”, explicaram os sócios do restaurante no anúncio do fim das atividades para o público. Oficialmente, a justificativa é que, tornando-se um espaço de eventos, as características do local seriam melhor aproveitadas - atualmente, o jardim exterior não pode ser usado à noite para não incomodar os vizinhos. Mas o próprio Juan Carlos Iglesias, um dos sócios, admite que, economicamente, o Bellavista não era mais viável como restaurante.

“Foi depois desse verão (meses de julho, agosto e setembro) terrível que decidimos mudar o modelo de negócio, para aproveitar melhor o espaço que temos”, explicou ao jornal La Vanguardia. Os motivos para o mau desempenho financeiro, segundo Juan Carlos, foram externos ao restaurante. “A turismo fobia, a crise, o atentado, o aumento da criminalidade, a política… O problema é quando tudo isso se transforma em uma tendência.” 

Os atentados de agosto de 2017 e a instabilidade política nas relações entre Catalunha e Espanha tiveram, de fato, impacto sobre o turismo de Barcelona. De acordo com dados do governo local, a ocupação de hotéis caiu 3,8% nos meses do verão europeu em comparação com o mesmo período do ano anterior. Nos campings, a queda foi de 7,6%, e em apartamentos turísticos, de 3,2%.