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Após fracasso eleitoral, Bandeira pode ser excluído do Flamengo em 2019

O fim de mandato de Bandeira de Mello está recheado de problemas no Flamengo - Júlio César Guimarães/ UOL
O fim de mandato de Bandeira de Mello está recheado de problemas no Flamengo Imagem: Júlio César Guimarães/ UOL

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

09/10/2018 04h00

Eduardo Bandeira de Mello fracassou nas urnas. Os 38.500 votos recebidos não o colocaram na desejada cadeira de deputado federal pelo Rio de Janeiro. A campanha do presidente do Flamengo foi recheada de polêmicas e terminou em duas denúncias sobre o suposto uso do clube na tentativa de se eleger. Elas estão em análise no Conselho Deliberativo, mas o cartola tem um problema ainda maior para se preocupar no Rubro-negro em 2019.

Segundo apuração do UOL Esporte, Bandeira será julgado pelo Conselho Deliberativo por descumprimento do estatuto e demais infrações após o encerramento do mandato atual - em dezembro deste ano - e tem chance significativa de ser excluído do quadro de sócios do Flamengo. A denúncia se deu por conta da interferência em decisões do Conselho de Administração sobre as eleições do clube.

A votação do futuro de Bandeira na Gávea não ocorrerá em 2018, pois o mandatário tem foro privilegiado e o inquérito trabalha em cima de suspensão ou eliminação do quadro social. Para abrir a sessão de julgamento antes do fim do mandato seriam necessários pelo menos 700 conselheiros presentes. Os poderes chegaram ao denominador comum de que a reunião não será convocada agora para tirar um mandato que está no fim, além de que os processos são demorados.

Em até 60 dias, a Comissão de Inquérito formada por Sérgio Aguiar, Adalberto Ribeiro e Ércio Braga dará o parecer sobre a denúncia. Na sequência, Eduardo Bandeira de Mello será chamado para depor. Os trâmites serão concluídos ainda em 2018, com apenas o julgamento realizado em 2019.

Presidente reeleito, Eduardo Bandeira de Mello comemora a vitória na eleição nos braços da torcida - Gilvan de Souza/Flamengo - Gilvan de Souza/Flamengo
Reeleito em 2015, Bandeira foi carregado por apoiadores. Cenário mudou no Fla
Imagem: Gilvan de Souza/Flamengo

"O presidente desrespeitou as decisões internas dos conselhos. Ele foi eleito para comprar e vender jogador. Ninguém invadiu a atribuição dele. O presidente do Conselho de Administração [Bernardo Amaral] foi eleito para cuidar da eleição do Flamengo. O Eduardo [Bandeira de Mello] invadiu a competência do poder na Justiça. Será julgado por isso. Nunca aconteceu um fato assim na história centenária do Flamengo", comentou o presidente do Conselho Deliberativo, Rodrigo Dunshee.

Por sua vez, Eduardo Bandeira de Mello manteve a posição firme em contato com a reportagem e tratou como "eleitoreiro" o inquérito nos bastidores, já que Dunshee e Bernardo Amaral apoiam a chapa de oposição no pleito.

"Fiz o que precisava fazer, sempre em defesa do estatuto e respaldado pelo nosso departamento jurídico, que analisou a matéria com isenção e competência. A decisão do juiz comprova que agimos corretamente. Por tudo isso, não estou preocupado com punição. Ao contrário, acho que está claro para todos que trata-se de mais uma manobra eleitoreira partindo de simpatizantes de uma das chapas de oposição. Agirei sempre em defesa dos interesses do clube, sem me preocupar com ameaças de quem quer que seja", respondeu o cartola.

A investigação que pode resultar na exclusão de Bandeira do Flamengo teve origem a partir do momento em que o mandatário, representando o clube, se manifestou na Justiça contra uma inédita decisão do Conselho de Administração e da Comissão Eleitoral de anulação da cor azul da eleição rubro-negra. O pedido de Bandeira era para que uma ação em andamento fosse favorável ao seu candidato, o vice de futebol Ricardo Lomba, o que acabou decretado na sequência pelo juiz João Marcos de Castello Branco Fantinato, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).

Todo o imbróglio se formou por conta de situação e oposição (Rodolfo Landim) protocolarem a inscrição com o pedido de utilização da cor azul para identificação das chapas na eleição. O objetivo ficou claro. Como o grupo original se elegeu em 2012 com a cor em questão, ela naturalmente ficou ligada aos administradores responsáveis pela recuperação econômica do Flamengo.

Aconteceu que o grupo se dissolveu com o passar do tempo, e os dois lados se julgaram donos da "Chapa Azul". Ambos, inclusive, acreditam que um bom número de associados vota pela cor, ligando-a diretamente ao grupo sem nem sequer ter o conhecimento da composição da chapa.

Os integrantes dos conselhos Deliberativo e de Administração acreditavam que Eduardo Bandeira de Mello deveria se manter isento no processo, fato que não aconteceu e gerou a Comissão de Inquérito para investigação e provável punição severa ao dirigente. Nos corredores da Gávea, inclusive, a pena já é tratada como resultado da conduta recente do ainda mandatário rubro-negro.

Com pouco mais de dois meses pela frente de gestão e sem o cargo de deputado federal, Bandeira tem problemas para resolver no Flamengo e outros quando não for mais presidente. Um cenário difícil de imaginar para quem foi reeleito em dezembro de 2015 com considerável maioria nas urnas e terminou carregado nos braços pelos apoiadores.