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Declaração e desempenho do Atlético-MG minam relação de Larghi com torcida

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Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

15/10/2018 11h00

A pressão sobre Thiago Larghi está cada vez maior no Atlético-MG. O empate em 0 a 0 com o América-MG, na noite deste domingo (14), fez com que a torcida se voltasse contra o treinador mais uma vez na temporada.

Os resultados recentes do time no Campeonato Brasileiro transformaram o técnico em alvo do público que costuma comparecer ao Independência. No jogo desse fim de semana, ele foi chamado de "burro" por conta de uma substituição, mas a deterioração da relação ocorre há algum tempo.

O bom início à frente do time após a demissão de Oswaldo de Oliveira colocou Larghi em alta na Cidade do Galo, mesmo com as eliminações em Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e Sul-Americana. A arrancada nas 12 primeiras rodadas do Brasileirão foram o auge do que indicava ser um casamento longo e duradouro. O Galo era vice-líder do torneio, com 23 pontos.

A situação, contudo, foi modificada após a disputa da Copa do Mundo. O Atlético perdeu nomes importantes, como Gustavo Blanco (lesionado), Bremer e Róger Guedes (negociados). As trocas fragilizaram o time que corre riscos até de perder a vaga na Libertadores 2019.

A falta de rendimento, ilustrada pelas recentes exibições - o Galo venceu um, perdeu dois e empatou outros dois nos últimos cinco jogos -, atrelada a uma declaração em entrevista coletiva colocam Thiago Larghi na mira dos torcedores.

O primeiro ato que causou a indignação da torcida foi uma declaração concedida às vésperas da goleada sobre o Sport, em 30 de setembro. Na ocasião, ele chegou a dizer que vencer o Brasileiro não é uma obrigação para os seus comandados.

"Acho que é procurar fazer o melhor trabalho com o grupo que a gente tem, acreditando sempre e colocar o melhor time em campo. A gente está em sexto lugar, passamos todo o campeonato praticamente na parte de cima da tabela e continuamos na parte de cima da tabela. Mas essa paixão a gente não controla. O torcedor sempre que pode vai ver um monte de defeito. Mas vamos lembrar que são 47 anos sem esse título. Não é esse ano que vai ter obrigação de ter esse título. Por quê? Não sei", disse ao ser perguntado sobre a pressão pela conquista de títulos.

A resposta ao técnico foi imediata. Nas arquibancadas, os torcedores vaiaram quando o nome de Larghi foi anunciado pelo sistema de som do estádio Independência antes da goleada sobre o Sport.

O resultado sobre os pernambucanos poderia causar mais tranquilidade ao técnico. Entretanto, Alexandre Kalil, ex-presidente do clube e atual prefeito de Belo Horizonte, se manifestou sobre o assunto de forma contrária à manifestação de Larghi.

"Ele precisa ir à sala de troféus da Avenida Olegário Maciel, chegar perto de uma Libertadores, de uma Recopa Sul-Americana e uma Copa do Brasil, para sentir o que é o espírito vencedor e a responsabilidade levar o Atlético a ganhar títulos importantes continuamente", afirmou o político.

Na rodada seguinte, o Atlético foi a Chapecó e perdeu por 1 a 0 para a Chapecoense. Uma semana mais tarde, o problema aumentou. O Galo empatou com o América-MG em 0 a 0 em pleno estádio Independência e Thiago Larghi voltou a escutar críticas da torcida. Os gritos de "burro" aconteceram quando o técnico se preparou para trocar Elias por Matheus Galdezani, no segundo tempo do confronto.

O próprio técnico reconhece que os seus comandados têm dificuldades para se recuperar na temporada.

"Realmente, a gente não consegue manter aquele padrão que teve antes da Copa, tivemos uma alternância no nosso desempenho. Estamos trabalhando para tentar alcançar. Esse rearranjo não é fácil no Campeonato Brasileiro", declarou.

Apesar das críticas, Larghi ainda não tem futuro definido pelo diretor de futebol Alexandre Gallo, também criticado pelos torcedores. O dirigente aguarda os resultados do Brasileirão para definir o destino do técnico.