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Líder, "ranzinza" Elias ajudou Cazares no Atlético-MG: "Mudou a postura"

Elias, meio-campista do Atlético-MG, faz pose após entrevista ao UOL Esporte - Bruno Cantini/Atlético-MG/Divulgação
Elias, meio-campista do Atlético-MG, faz pose após entrevista ao UOL Esporte Imagem: Bruno Cantini/Atlético-MG/Divulgação

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

17/10/2018 04h00

Em pouco mais de um ano e meio de Atlético-MG, Elias exerce uma função fora de campo tão importante quanto a que tem feito no meio de campo de Thiago Larghi. Experiente, o jogador de 33 anos é quem costuma ajudar os seus colegas de elenco em busca de amadurecimento. O volante foi preponderante para a mudança de postura de Juan Cazares após o negócio frustrado com o futebol árabe.

O camisa 10 esteve próximo de deixar a Cidade do Galo em agosto passado com ofertas do mundo árabe e, por um instante, cogitou forçar a saída. No período da negociação, o equatoriano foi afastado da equipe para focar somente nas conversas com os interessados. No entanto, após uma conversa com Elias, mudou sua postura e aceitou seguir na equipe de Belo Horizonte por mais tempo.

O conselho do colega de elenco culminou no retorno à equipe. Tudo isso aconteceu em 15 dias, entre a 13ª e a 16ª rodadas do Campeonato Brasileiro, logo após a final da Copa do Mundo.

Juan Cazares comemora gol pelo Atlético-MG - Thiago Ribeiro/AGIF - Thiago Ribeiro/AGIF
Juan Cazares comemora gol pelo Atlético-MG
Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

"A gente procura acolher. Tem o caso do Cazares, que estava para sair, queria sair, forçando e a gente conversou com ele, falou que era um jogador importante. Ele mudou a postura dele, é notório dentro de campo. Então, a gente fica feliz por estar ajudando um jogador de outra nacionalidade, que tem outra cultura, outra forma de pensar, mas que se comprometeu com a gente. A gente gosta muito dele e conta muito com ele. Todos os jogadores que precisarem de ajuda, precisarem de conselho, sempre vou procurar dar o melhor possível", disse Elias, em entrevista ao UOL Esporte.

Na ocasião, dois clubes manifestaram interesse em Cazares. O Shabab Al Ahli Dubai Club, dos Emirados Árabes Unidos, e o Al-Hilal, da Arábia Saudita, fizeram ofertas ao Galo. O segundo ofereceu US$ 1,5 milhão (R$ 5,7 mi à época) para tirar o meia-atacante do Brasil. A proposta, entretanto, não agradou à diretoria. A recusa do Galo chateou Cazares e seu estafe. Os mineiros, porém, não estavam dispostos a liberá-lo pelo valor. A negociação, portanto, não aconteceu, e o atleta seguiu na capital mineira.

O perfil é algo que acompanha Elias desde os tempos de Corinthians. Ele ainda teve episódios do tipo no período em que jogou por Flamengo e Sporting, de Portugal. A forma de lidar com o grupo fez com que ele ganhasse a fama de ranzinza.

"A liderança se conquista, pude conquistar isso com o tempo, com o exemplo que dou dentro e fora de campo. Não é jogar bem, não é essas coisas... É a postura que tem que ter dentro e fora de campo. Isso acaba cativando os jovens, os mantém mais próximos, faz com que eles escutem mais. A liderança se adquire com tempo e experiência. É meu jeito brincalhão e espontâneo de ser", declarou.

"Às vezes, sou chato e sou ranzinza que o pessoal fala. Isso é minha personalidade e não vai mudar. O pessoal gosta, eu procuro ser verdadeiro. O que sempre fui em casa, eu procuro ser aqui com os meus companheiros. Fico feliz por ter liderado todos os grupos que pude participar, no Corinthians, no Flamengo, no Sporting e, agora, aqui no Atlético", acrescentou.

Os conselhos, no entanto, não se limitaram a Cazares. O meio-campista de 33 anos também ajudou Róger Guedes em abril, pouco após o início do Campeonato Brasileiro. Na ocasião, ele usou o seu poder de influência para segurar o atleta em Belo Horizonte e para que o mesmo mudasse a postura no dia a dia da Cidade do Galo.

"Fico feliz por ter ajudado, junto com o Fábio (Santos) e outros jogadores, na mudança do Róger Guedes, que era um garoto muito bom, nível de seleção, mas que era mal falado no outro clube dele. A gente sabe disso. A gente pôde mudar a forma dele de pensar, a cabeça dele, e ele se tornou o que é", comentou.