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Próximo passo: cartolas do Inter podem ser expulsos e devolver dinheiro

Vitório Píffero, ex-presidente do Inter, está inelegível pelos próximos 10 anos no clube - Jeremias Wernek/UOL
Vitório Píffero, ex-presidente do Inter, está inelegível pelos próximos 10 anos no clube Imagem: Jeremias Wernek/UOL

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

25/10/2018 11h00

O Internacional tornou inelegíveis, na noite de quarta-feira (24) quatro ex-dirigentes. O ex-presidente Vitório Píffero e os vices Pedro Affatato, Emídio Ferreira e Alexandre Limeira. E este foi apenas o começo de um processo que pode ter expulsão do quadro social e ainda ressarcimento financeiro.

Na noite de quarta, a reunião inédita com transmissão via internet para associados do Inter, decidiu por ampla maioria de votos o afastamento do quarteto considerado culpado por atos de gestão irregular ou temerária. Amparado pela lei do Profut, o Colorado tornou-os inelegíveis em qualquer clube de futebol brasileiro por 10 anos.

Mas o processo não parou nisso. Os próximos passos contemplam a possibilidade, primeiro, de exclusão do quadro social. Para isso, a decisão do Conselho Deliberativo foi repassada para Ouvidoria do clube, que entregará à Comissão de Ética do Conselho. A partir do recebimento, a Comissão tem 10 dias úteis para análise e convocação de uma nova reunião, que abordará a responsabilidade de todos segundo o Estatuto do Inter. Considerados novamente culpados, eles podem ser suspensos ou expulsos do quadro associativo do clube.

O caso mais grave neste ponto é o de Alexandre Limeira. Além dos atos relatados pela Comissão Especial e que culminaram na sua inelegibilidade, Limeira ainda foi responsável pelo vazamento do relatório para imprensa. Todas as cópias do relatório entregues aos envolvidos foram numeradas e marcadas para que, se alguma vazasse, o Conselho soubesse quem teria feito. E foi a cópia número cinco, de Limeira, a que caiu nas mãos da imprensa.

"Quando se divulgou o relatório da comissão, houve um vazamento. Durante 11 meses a comissão não teve vazamento. Apenas oito cópias foram encaminhadas, aos investigados. E a mesa teve a cautela de marcar as cópias de cada um. E sabíamos de quem era qual cópia. A cinco, do ex-conselheiro Limeira, foi a que foi publicada na imprensa", explicou o presidente do Conselho Deliberativo, Sergio Juchem. "A mesa vai, perante a Comissão de Ética, propor um processo contra ele por considerar que isso não está nas normas de conduta corretas", completou.

Em outra esfera, que caminha paralelamente, há a possibilidade de ressarcimento. Para isso, o Conselho Deliberativo aprovou por unanimidade as ações de retorno do dinheiro que deixou, de forma irregular, o cofre do Inter.

Agora, o clube espera o avanço da investigação do Ministério Público para agir 'uma vez só' sobre o caso. Não precisa necessariamente aguardar a conclusão, mas estuda maneiras de agir judicialmente para ter estes valores de volta.

"Essa matéria vai passar para a gestão do clube, porque o Conselho não tem função executiva. A gestão do clube terá meios para avaliar. Foi uma decisão unanime de autorizar que o clube busque ressarcimento", disse. "Pode haver uma tentativa de cobrança, mas eu presumo que seja via judicial. Essa etapa da lei do Profut se concluiu agora. Mas nós ainda temos uma investigação em curso pelo Ministério Público, e vai continuar, não sabemos exatamente até quando, mas está adiantada esta providência", explicou Juchem.

"É uma etapa de um processo interno que começou com a reprovação das contas de 2016, e que passou por vários momentos dentro do âmbito do Conselho Deliberativo, com a criação de uma comissão de sindicância. E após mais de 11 meses de trabalho, diligências fora do clube, ouvindo pessoas, fazendo viagens, na busca de todas as informações que envolvem este momento triste da história do clube, que esperamos que sirva de modelo, para a nossa gestão serve, o que aconteceu não pode mais acontecer. Várias medidas de controle de gastos, tomada de preço, de eficiência nas contas da nossa gestão estão sendo tomadas desde o primeiro dia que assumimos o clube. Mas não somos nós os investigados. Os investigados são os protagonistas do rebaixamento do clube, presidente e seus vices de finanças, administração e patrimônio", disse o presidente Marcelo Medeiros. "O processo segue, no âmbito do Conselho tem um resultado. O plenário decide o que o clube vai fazer em medida judicial. E nós, em cautela, temos que aguardar o que será tratado pelo ministério público para o clube se manifestar uma única vez sobre todo este episódio", completou.

Não há prazo para nenhum dos processos, seja de exclusão, que tende a ser mais rápido, ou ressarcimento, que depende da opção por aguardar ou não a conclusão da investigação do Ministério Público.