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Caso Daniel: À polícia mulher de Juninho diz que foi atacada por jogador

Cristiana e Edison Brittes estão presos sob suspeita de envolvimento na morte de Daniel - Reprodução/Facebook
Cristiana e Edison Brittes estão presos sob suspeita de envolvimento na morte de Daniel Imagem: Reprodução/Facebook

Adriano Wilkson

Do UOL, em São Paulo

05/11/2018 20h33

Em depoimento à Polícia Civil do Paraná nesta segunda-feira (5), Cristiana Brittes, esposa de Edison Brittes, o “Juninho Riqueza”, disse que foi atacada sexualmente pelo jogador Daniel Corrêa na manhã do sábado em que o atleta acabou sendo morto.

O UOL Esporte teve acesso ao depoimento, no qual se lê que "enquanto dormia, [Cristiana] acordou com Daniel deitado sobre si, e assustada começou a gritar. [...] Daniel estava excitado, com o pênis ereto, trajando apenas cueca passava a mão pelo corpo da interrogada, sendo que ele dizia 'calma, é o Daniel'. Daniel estava com o seu pênis para fora da cueca e o esfregava no corpo da interrogada."

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O depoimento de Cristiana, de 35 anos, corrobora a versão do marido, que havia dito que matou Daniel ao flagrá-lo tentando estuprar a esposa. No mesmo dia, a polícia ouviu o depoimento da filha Allana, que confirmou a versão da mãe.

“A Cristiana confirma que sofreu um abuso sexual, sem penetração, mas ele [Daniel] esfregava o pênis ereto nela”, afirmou o advogado Claudio Dalledone Junior em contato com a reportagem. “Ela estava muito embriagada, adormecida, e pensou que fosse um sonho. Viu ele em cima dela e começou a gritar.”

Antes de ser espancado pelos convidados da festa de aniversário de Allana Brittes, filha de Cristiana, Daniel enviou fotos por WhatsApp ao lado da mulher dormindo e disse a um amigo que transaria com ela.

A família de Daniel contratou um advogado que tenta desqualificar a hipótese de que o atleta estuprou ou tentou estuprar Cristiana. Ele auxiliará o Ministério Público a acusar os Brittes e outros eventuais participantes do crime.

De acordo com a advogado de defesa dos Brittes, Cristiana está muito abalada: “Do dia pra noite acabou a vida dela”, disse Dalledone. “Ela está jogada no cárcere, estigmatizada. A jurisprudência é pacífica ao indicar que o crime contra a liberdade sexual tem na pessoa da vítima a sua versão elevada a toda potência. É um crime geralmente cometido entre quatro paredes, então a versão da vítima vale em absoluto.”

A hipótese de que Juninho matou Daniel por indignação com uma tentativa de estupro pode ser colocada em xeque pela divulgação de conversas de Whatsapp, nas quais a família age normalmente após o crime. Em áudios vazados, Juninho tenta ocultar que tenha cometido o homicídio.

A Polícia Civil passou a tarde ouvindo mãe e filha. Os investigadores souberam de mais um detalhe que a defesa usará para tentar mostrar a imaturidade de Daniel. Segundo os depoimentos, o jogador já havia importunado e constrangido outra convidada da festa, ao espioná-la urinando em um dos banheiros da casa. “Essa mulher percebeu e falou pro namorado, que deu uns sopapos no Daniel”, afirmou o advogado.

Além de colher o depoimento de Allana e Cristiana, que estão em prisão temporária (válida por 30 dias), a polícia marcou para a próxima quinta-feira o depoimento de mais três suspeitos de terem participado do espancamento e morte de Daniel.