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Sem títulos, Bandeira perde aliados e tem fim de mandato tumultuado no Fla

Eduardo Bandeira de Mello vive os últimos dias na presidência do Flamengo - Júlio César Guimarães/ UOL
Eduardo Bandeira de Mello vive os últimos dias na presidência do Flamengo Imagem: Júlio César Guimarães/ UOL

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

13/11/2018 04h00

Eduardo Bandeira de Mello vive os últimos momentos na presidência do Flamengo. No dia 8 de dezembro, os associados vão às urnas para escolher o mandatário rubro-negro no triênio 2019-2020-2021. Em compasso de espera para deixar a sede da Gávea, o dirigente enfrenta a sua fase mais delicada. Os títulos prometidos não vieram, e o isolamento político só aumentou. Para quem sonhava com conquistas expressivas, o término de gestão se tornou uma dura e tumultuada realidade, bem longe do pedido aos jogadores em abril, revelado pelo UOL Esporte.

Se o Flamengo avançou em alguns pontos importantes, como a construção do CT Ninho do Urubu e o equilíbrio nas finanças, o desempenho do futebol comprometeu o segundo mandato de Bandeira. Reeleito em 2015, ele prometeu conquistas e admitiu, já naquela época, que a modalidade era o principal problema do clube.

Embora o Campeonato Brasileiro ainda esteja em andamento, o Flamengo tem chance de 0,4% de ser campeão. Os três anos de Bandeira de Mello tiveram apenas um título Estadual invicto e muitas eliminações, algumas delas marcantes. A prometida conquista da Libertadores nem sequer chegou a ser palpável. O milionário investimento no departamento de futebol - mais de R$ 10 milhões por mês - serviu, na maioria das vezes, para retornar ao principal torneio do continente no ano seguinte.

Em paralelo, Bandeira ficou cada vez mais isolado. De um ano para cá, ele perdeu aliados em sequência e até diretores remunerados. O último fim de semana, inclusive, mostrou um presidente sendo evitado até mesmo pelo grupo político SóFla (Sócios Pelo Flamengo), que tenta eleger o vice de futebol Ricardo Lomba, lançado pelo próprio mandatário.

Ao destituir o vice-presidente geral Maurício Gomes de Mattos do projeto Embaixadas e Consulados da Nação, Bandeira virou alvo de diversos grupos e viu até mesmo a corrente que integra manifestar apoio ao antigo desafeto. Lomba também publicou um vídeo, deixando a entender que a decisão se deu exclusivamente pelo atual presidente. A repercussão, claro, foi ruim no cenário eleitoral.

Um importante desdobramento se deu ainda na noite de domingo (11). Daniel Rosenblatt entregou a vice-presidência de Patrimônio Histórico ainda em virtude do caso envolvendo Maurício Gomes de Mattos. Ele divulgou uma carta com duras críticas ao mandatário, tratando a atitude como "descabida" e um "tiro no pé".

Curiosamente, Rosenblatt substituiu Roberto Diniz na função. O antecessor foi exonerado por Bandeira ao manifestar apoio político ao candidato da oposição Rodolfo Landim. O presidente teve ao menos nove perdas significativas de um ano para cá. Além dos dois últimos VPs de Patrimônio Histórico, outros saíram pelos mais variados motivos: Rafael Strauch, Edmilson Varejão, Antonio Tabet e Cláudio Pracownik, além dos diretores remunerados Paulo Dutra e Marcelo Frazão.

Até o amigo de anos Mário Esteves, presidente do Conselho Fiscal, se manteve no clube, mas o deixou para apoiar Landim no pleito. Longe do status de outrora, Bandeira de Mello tenta eleger Ricardo Lomba. Apenas as urnas dirão se terá sucesso no último objetivo na Gávea. A única certeza, no entanto, é a de que sairá de cena assim que passar o bastão ao próximo mandatário.

"Independentemente do resultado da eleição, não continuarei na próxima administração. É natural, são seis anos já. Vou cuidar da minha vida", comentou.