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Lomba vê guerra em eleição, se "afasta" de Bandeira e admite futebol ruim

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

06/12/2018 04h00

Ricardo Lomba é o candidato do presidente Eduardo Bandeira de Mello na eleição do Flamengo. A ligação, no entanto, chega estremecida ao pleito do próximo dia 8. Em entrevista ao UOL Esporte, o postulante da situação agradeceu ao mandatário, mas deixou claro o afastamento no momento decisivo. O vice de futebol admitiu os resultados ruins na pasta que comanda e lamentou o clima de guerra na política da Gávea. 

Além do bate-papo com Lomba, o UOL publica nesta quinta-feira (6) o especial com Rodolfo Landim. Na próxima sexta-feira (7), Marcelo Vargas e José Carlos Peruano serão os entrevistados.

Lomba foi convencido a se candidatar por Bandeira e os pares políticos do grupo SóFla (Sócios Pelo Flamengo). Os maus resultados do futebol, no entanto, abalaram a imagem do atual mandatário e, por consequência, respingaram no candidato. Durante a campanha, principalmente na reta final, há uma tentativa de desvincular a imagem e mostrar os pensamentos antagônicos.

"Acho que ajudou mais [ligação com Bandeira]. Ele representa uma gestão vitoriosa. O Flamengo mudou de patamar. O problema é que alguns aspectos incomodam parte dos eleitores e da torcida. Isso também respinga na minha candidatura. Mas creio que o saldo é positivo. Ele merece ser reverenciado pelo que fez", afirmou.

Questionado se Bandeira é Lomba e Lomba é Bandeira, o candidato expôs a estratégia que comanda a campanha.

"Definitivamente, não. Admiro o presidente, mas tenho as minhas características. A minha maneira de cobrar e de exigir é diferente. Bandeira é Bandeira. Lomba é Lomba. O ciclo acabou e agora tenho filosofia e nova maneira de pensar algumas coisas para o Flamengo", disse.

Ainda que o discurso seja firme e aponte para uma mudança de pensamento, Ricardo Lomba e Eduardo Bandeira de Mello estiveram juntos em diversos eventos de campanha dentro e fora do clube, o que fez com que os adversários desconfiassem do "afastamento". Na guerra política que tomou conta da Gávea entre situação e oposição, cada qual se agarra aos seus pares para permanecer na luta pela desejada cadeira presidencial.

Para Lomba, as duas principais chapas (Rosa e Roxa) perderam a mão no processo eleitoral. Os ataques nas redes sociais viraram alvo de investigação policial. Antes, uma longa discussão na Comissão Eleitoral por pouco não impediu a candidatura do postulante da situação

"Não consigo entender esse ambiente do Flamengo. Me relaciono bem com todos, mas transformaram isso em uma guerra. O vencedor terá três anos de governo. Precisamos de união para que o processo seja o mais positivo possível. A oposição deve ser construtiva. Não concordo com o rumo que a coisa tomou. O radicalismo não é o caminho. Tanto os rosas quanto os roxos perderam a mão. Não é assim que se faz política. Essa disputa me incomoda muito", desabafou.

Por fim, o vice de futebol há mais de um ano concordou com as críticas de parte da torcida sobre o trabalho no carro-chefe do clube e disse ter diagnosticado os erros que serão corrigidos caso seja eleito.

"Nunca estamos satisfeitos. Vamos buscar 80 pontos no Brasileiro do ano que vem. Mirar sempre lá em cima. Queremos títulos. Investiremos mais e qualificaremos o elenco na busca por esse objetivo. Sendo torcedor, também não me olharia como tendo feito um bom trabalho. Não levantamos nenhuma taça. Toda indignação é coerente, justa e não me sinto perseguido por isso. Mas tem muita coisa evoluindo. Fazer uma análise depois é mais tranquilo. Olhando agora também acho. A troca de técnico [Maurício Barbieri por Dorival Júnior] é um exemplo. Mas não é assim que as coisas funcionam no dia a dia", encerrou.

Ricardo Lomba defende a Chapa Rosa (Avança Mais, Flamengo) na eleição de sábado. Além de prometer um futebol mais forte, ele garantiu que o Flamengo terá o seu estádio - embora a alternativa mais interessante seja participar da administração do Maracanã - e defendeu o trabalho realizado nos Esportes Olímpicos, deixando claro que cobrará resultados no triênio 2019-2020-2021. Na parte financeira, o principal trunfo é o fato de o Rubro-negro ter força para investir já na janela do início do ano.