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Flamengo vê eleição polarizada e grupo de Bandeira ameaçado após seis anos

Lomba, Peruano, Landim e Vargas: os quatro candidatos à presidência do Flamengo - Gabriel Figueiredo/Blog Ser Flamengo
Lomba, Peruano, Landim e Vargas: os quatro candidatos à presidência do Flamengo Imagem: Gabriel Figueiredo/Blog Ser Flamengo

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

08/12/2018 04h00

O Flamengo elege neste sábado (8) o seu 57º presidente. A votação acontece entre 8h e 21h, com o resultado oficial esperado para próximo das 23h (de Brasília). O pleito está polarizado entre Ricardo Lomba (Chapa Rosa), candidato do presidente Eduardo Bandeira de Mello, e Rodolfo Landim (Chapa Roxa), principal nome da oposição e que tem o apoio da maioria das correntes políticas da Gávea. Tal fato, inclusive, deixa o grupo do atual mandatário ameaçado após seis anos.

Os grupos FAT (Flamengo Acima de Tudo), Sinergia, Ideologia, FLAFUT, FLA +, Fla Raiz, Garden, União Rubro-Negra e Identidade RN estão ao lado de Landim. SóFla (Sócios Pelo Flamengo) e Vitória defendem a candidatura de Ricardo Lomba. Já o grupo Flamengo da Gente adotou neutralidade. Quando Bandeira se reelegeu em 2015, quase todas as correntes que estão com a oposição o apoiaram. A mudança de cenário pode ter impacto direto na votação, realizada no fim de semana para facilitar os associados que residem fora do Rio de Janeiro.

Desde que Patricia Amorim foi derrotada por Bandeira de Mello e o grupo da Chapa Azul, em 2012, é a primeira vez que o governo, de fato, vê a continuidade ameaçada. A possibilidade de alternância no poder, inclusive, causou uma série de discussões durante a campanha eleitoral. Auditor da Receita Federal, Ricardo Lomba quase teve a candidatura impugnada, que terminou aprovada com restrições pelo Conselho de Administração. Por Landim contar com simpatizantes na Comissão Eleitoral e nos conselhos do clube, a situação propagou que as decisões foram tomadas de forma tendenciosa.

Por sua vez, Rodolfo Landim iniciou processos contra membros do grupo que dá sustentação ao candidato Ricardo Lomba. De acordo com analise policial, integrantes do SóFla (Sócios Pelo Flamengo) propagaram nas redes sociais acusações contra o postulante da oposição, ligando-o à Operação Lava-Jato. Até uma "pesquisa fake" foi disparada para os sócios

A rivalidade entre oposição e o presidente Eduardo Bandeira de Mello é outro ponto importante do processo. Landim fez duras críticas ao mandatário por ter contrariado acordos no passado, o que culminou no fim da Chapa Azul original. O dirigente, por sua vez, negou e também falou sobre as críticas de que mudou e se deslumbrou pelo poder, principalmente, no segundo mandato.

Favoritos têm desafio no futebol

A maioria da torcida quer saber do futebol, o principal desafio para Ricardo Lomba ou Rodolfo Landim. Transformar dinheiro em títulos é a meta, algo que o Flamengo ainda não conseguiu. O eleito, inclusive, precisará resolver rapidamente algumas situações. A principal delas envolve o técnico que comandará o time em 2019.

O nome de Abel Braga agrada aos dois postulantes e contatos estão em andamento. Agir no mercado da bola é urgente, já que o clube está "parado" há uma semana por conta da indefinição sobre o próximo presidente. 

"Nunca estamos satisfeitos. Vamos buscar 80 pontos no Brasileiro do ano que vem. Mirar sempre lá em cima. Queremos títulos. Investiremos mais e qualificaremos o elenco na busca por esse objetivo. Sendo torcedor, também não me olharia como tendo feito um bom trabalho. Não levantamos nenhuma taça. Toda indignação é coerente, justa e não me sinto perseguido por isso. Mas tem muita coisa evoluindo. Fazer uma análise depois é mais tranquilo. Olhando agora também acho. A troca de técnico [Maurício Barbieri por Dorival Júnior] é um exemplo. Mas não é assim que as coisas funcionam no dia a dia", disse Lomba.

Landim atacou o que definiu como "falta de cobrança" no carro-chefe do clube durante toda a campanha e prometeu um Flamengo com postura diferente caso seja eleito.

"O que sinto no Flamengo é que se trata de uma grande instituição em que tudo está sempre bom. Todo mundo confortável com os seus respectivos empregos. O presidente do Flamengo precisa cobrar, não pode se omitir. É um ambiente de mediocridade. Todo mundo médio, satisfeito. Esperamos melhores resultados com a estrutura que implantaremos. Eu nunca vi um ambiente solto funcionar. Se cobraram os jogadores, não existiu percepção disso. Um ambiente com sangue nos olhos é outra coisa. Mas vejo o plantel do Flamengo bom. O desempenho pode mudar com uma gerência diferente. A minha vida empresarial já me mostrou isso", comentou o opositor.

Ex-presidente de organizada tenta surpreender

Marcelo Vargas representa o grupo Fla-Tradição e Juventude (Chapa Branca) na eleição do Flamengo. O advogado defende os sócios-proprietários e quer um trabalho diferente do realizado atualmente no futebol. Ex-presidente da Torcida Jovem, ele é um dos azarões no pleito e tenta surpreender os favoritos. Não prometeu a construção do estádio próprio - o que definiu como ato de iludir o torcedor - e quer o Rubro-negro na administração conjunta do Maracanã.

"Faremos uma auditoria no futebol. Caso a caso, contrato a contrato. Analisar o custo-benefício do jogador. Precisamos ver essa Central de Inteligência do Flamengo. Ela é burra. Essa diretoria gosta de nomes e siglas bonitas, mas o resultado é péssimo. Essa gestão errou muito no futebol, foi temerária. Eles gastaram R$ 350 milhões no ano passado para ganhar um Campeonato Carioca. Isso é bom? Gastam cada vez mais e não ganham nada. É lógico que tem coisa errada lá dentro. E vamos abrir aquela caixa preta, rever o departamento de futebol inteiro", garantiu.

Peruano se diz a "voz dos excluídos"

O último candidato no pleito é José Carlos Peruano, da Chapa Amarela (Coração Valente). Ele dedicou uma vida para acompanhar o Flamengo e ganhou o apelido em uma das muitas viagens que fez ao lado do Rubro-negro no Brasil e exterior. 

Peruano também quer surpreender no pleito, mas se diz vitorioso por ter se candidatado no clube do coração e defender os torcedores mais humildes. 

"A minha vida é um clube de futebol. Isso representa conquistar títulos e, ultimamente, o Flamengo não ganha nada. Reunimos um grupo popular para isso. Registrei a minha candidatura, pois tenho ficha-limpa, apesar de todas as loucuras que já fiz pelo Flamengo. Nunca matei ninguém e nunca fiz nada desonesto. Me escolheram por ser um cara popular. Vamos torcer para dar a 'febre amarela' e terminar eleito presidente", encerrou.