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Marcelinho e Neto superam 8 temporadas do Corinthians em gols de falta

Marcelinho festeja gol pelo Corinthians em 1996; ex-meia era especialista em bola parada - Antonio Gaudério/Folhapress
Marcelinho festeja gol pelo Corinthians em 1996; ex-meia era especialista em bola parada Imagem: Antonio Gaudério/Folhapress

Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

20/12/2018 12h00

Falta na entrada da área era sinônimo de gol para o Corinthians no período em que Neto e Marcelinho Carioca defenderam as cores do clube e esbanjaram perícia na jogada, tornando-a mortal aos adversários. Os anos dourados da bola parada corintiana contrastam com a realidade atual: nesta década, o time alvinegro marcou 12 gols de falta.

Esse número foi superado por Marcelinho em apenas uma temporada, em 1996, ano em que o ex-jogador fez 13 e viveu seu ápice de treinos e resultados. Neto, por sua vez, chegou a marcar dez gols de falta pelo Corinthians em 1991, temporada seguinte à do primeiro título brasileiro do clube.

Segundo levantamento feito pelo UOL Esporte, que utilizou dados disponíveis no Almanaque do Timão, do jornalista Celso Unzelte, Marcelinho marcou 53 gols de falta pelo Corinthians, entre 1994 e 2001. Neto, por sua vez, foi às redes dessa forma em 24 oportunidades. As médias dos dois são praticamente iguais, com leve vantagem para o ex-camisa 7 (0,12 contra 0,11 por partida - veja abaixo). O aproveitamento é, inclusive, superior aos de outros especialistas na jogada, como Lionel Messi e Rogério Ceni, cujas médias são 0,06 e 0,05 por jogo, respectivamente.

Neto - Sergio Tomisaki/Folhapress - Sergio Tomisaki/Folhapress
Neto fez cinco gols de falta somente na campanha do título brasileiro de 1990
Imagem: Sergio Tomisaki/Folhapress

No Corinthians, entre 2011 e 2018, apenas seis jogadores conseguiram fazer gols de falta: Jadson, Maycon, Douglas, Pato, Fábio Santos e Alex. Apenas o atual camisa 10 fez mais de um gol assim - são sete, no total. Já o ex-lateral Roberto Carlos fez, no começo de 2011, um gol olímpico no Pacaembu - Marcelinho marcou quatro gols por meio dessa jogada, contra um de Neto, em 1989. Antes de Jadson, o zagueiro Chicão se destacou no quesito, com oito gols de falta entre 2008 e 2010 - de 2011 a 2013, ele não fez gols dessa forma.

Em entrevista ao UOL Esporte, Marcelinho creditou o desempenho à dedicação diária nos treinos. Segundo ele, em pelo menos um dia da semana, mais de 60 faltas eram cobradas por ele na atividade da tarde.

"A minha rotina era treinar duas vezes na semana quando não tinha jogo durante a semana, umas 70 faltas por treino. Quinta e sexta. À tarde eu ficava só na bola parada. Quando jogava na quarta, treinava uma vez", relembrou o ex-meia, que também fez muitos gols de falta por Flamengo, Vasco e Santo André.

Para Marcelinho, é preciso atrelar o dom ao treinamento. Só dessa forma um jogador de futebol se tornará o que ele chama de especialista. "Existe diferença entre batedor de falta, cobrador de falta e o especialista", disse.

A escassez de gols de falta não se restringe ao Corinthians. De acordo com outro levantamento do UOL Esporte realizado há quase dois anos, os maiores clubes do Brasil enfrentam o problema. Até mesmo na seleção brasileira existe uma seca de gols de bola parada. O último de falta foi marcado por Neymar, em setembro de 2014, contra a Colômbia.

Jadson - Miguel Gutiérrez/EFE - Miguel Gutiérrez/EFE
Jadson é o cobrador de faltas oficial do Corinthians e agora terá a companhia de Sornoza
Imagem: Miguel Gutiérrez/EFE

Marcelinho acredita também que hoje há pouca ênfase no treino específico de bola parada. O cenário, de acordo com ele, afeta diretamente o desempenho em campo.

"Hoje realmente o talento está escasso. Não vemos especialista em nenhuma equipe grande no futebol brasileiro na atualidade. Por isso a diferença. Hoje creio que os atletas não treinam tanto. É preciso sentir o peso da bola, treinar com a chuteira que vai para o jogo, pé de apoio, envergadura do corpo, arriscar, ter personalidade de arriscar de longa e média distância, falta lateral chutar direto. Bola parada tem de ter personalidade", afirmou o ex-atleta, que não vê risco de lesão por causa de repetições nos treinos.

"Lesão você tem em qualquer situação. O detalhe é saber trabalhar o corpo, estar bem alimentado, bem treinado e bem descansado. Vai da preparação física de cada atleta", frisou.

Em 2019, o Corinthians passará a contar com outro especialista na bola parada. Trata-se do meia equatoriano Sornoza, que fez gols de falta pelo Fluminense e conseguiu até ir às redes após uma cobrança de escanteio em jogo contra o Defensor, do Uruguai, no Maracanã, em agosto.

Veja os números de Marcelinho e Neto no Corinthians:

Neto (24 gols)
1989: 1
1990: 7
1991: 10
1992: 4
1993: 1
1996: 1

Marcelinho (53 gols)
1994: 9
1995: 9
1996: 13
1997: 3
1998: 7
1999: 6
2000: 2
2001: 4

Compare as médias de gols

Marcelinho: 53 gols de falta em 433 jogos pelo Corinthians (média de 0,12)
Neto: 24 gols de falta em 228 jogos pelo Corinthians (média de 0,11)
Messi: 38 gols de falta em 656 jogos pelo Barcelona (média de 0,06)
Rogério Ceni: 61 gols de falta em 1.237 jogos pelo São Paulo (média de 0,05)
Jadson: 7 gols de falta em 206 jogos pelo Corinthians (média de 0,03)

Últimos gols de falta do Corinthians

2011
Fábio Santos (Santos)
Alex (Inter)

2012
Douglas (Portuguesa)

2013
Pato (Luverdense)

2014
Jadson (Linense)
Jadson (Sport)

2015
Jadson (Danubio)
Jadson (Inter)
Jadson (Atlético-PR)

2017
Maycon (Red Bull)
Jadson (Atlético-MG)

2018
Jadson (Chapecoense)