Topo

MP diz que ex-presidente participou de "facção criminosa" no Inter

Gestão 2015/2016 do Internacional foi presidida por Vitório Piffero - Jeremias Wernek/UOL
Gestão 2015/2016 do Internacional foi presidida por Vitório Piffero Imagem: Jeremias Wernek/UOL

Do UOL, em Porto Alegre

20/12/2018 12h14

O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) informou nesta quinta-feira (20) que a gestão que comandou o Internacional entre 2015 e 2016 está sendo investigada de uma possível formação de "associação criminosa" para comandar a equipe, que abrangeria as áreas de finanças, patrimônio e administração do clube. Entre os acusados está Vitório Piffero, ex-presidente do clube no período.

Nesta manhã, foram cumpridos mandados de busca e apreensão e pelo menos 28 empresas, segundo informações dadas pelo promotores em entrevista coletiva, estão envolvidas no desvio de recursos e outros atos que constituem investigação do MP-RS.

"Aquela gestão 2015/2016 foi praticamente uma associação criminosa", afirmou Marcelo Lemos Dornelles, subprocurador-geral de Justiça do Rio Grande do Sul. "O Inter é uma entidade privada, os crimes ocorrem no âmbito privado. Se tivesse agente público, era um grande sistema de corrupção. Não sendo, é associação criminosa", acrescentou.

Além de Piffero, mais cinco dirigentes que comandaram o Inter no período são investigados: Pedro Affatato, ex-vice-presidente eleito e vice de finanças, Alexandre Limeira, ex-vice de administração, Emidio Marques Ferreira, que ocupou cargo de vice de patrimônio, Marcelo Domingues de Freitas e Castro, ex-vice jurídico, e Carlos Pellegrini, ex-vice de futebol.

"O braço administrativo, financeiro e patrimonial estava ligado às obras. Foi apurado pelo Ministério Público que 94% das notas fiscais (apresentadas por empresas terceirizadas) não correspondiam aos serviços prestados. Também obras não realizadas no CT de Eldorado (que fica em Guaíba, em área cedida pelo governo do RS). Não havia sequer autorização de órgãos públicos para realização de obras lá", citou Flávio Duarte, promotor de Justiça e coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO).

Não existe prazo para conclusão das investigações. Segundo o MP, Píffero tinha conhecimento dos atos ilícitos. "No futebol foi identificada relação de um empresário com Carlos Pellegrini. O vínculo era anterior à contratação, incentivando contratação, ou depois. Os valores vinham para justificar a contratação ou para o clube acelerar as comissões de intermediários. Houve pagamento por fora, comprovado, entre empresários e o dirigente do clube", afirmou Duarte.

O braço jurídico do clube gaúcho também foi usado para desvios, segundo o Ministério Público. "No âmbito jurídico, houve isso. O clube acertava acordos relacionados à Vara Trabalhista e a primeira parcela, sempre a primeira parcela, era destinada ao vice jurídico. Nunca de forma direta. Havia toda uma triangulação", declarou o promotor.

Outro lado

A reportagem do UOL Esporte procurou os seis ex-dirigentes do Inter investigados pelo MP, mas eles não responderam até a publicação da reportagem. Assim que os envolvidos se manifestarem, a posição será incluída.

A entrevista foi concedida antes da entrevista coletiva do Ministério Público do Rio Grande do Sul. Em entrevista à Rádio Gaúcha, Vitorio Piffero negou irregularidades em sua última gestão como presidente do Inter.

"É lamentável. Me dediquei de corpo e alma ao Internacional e estar sendo tratado desta maneira pelo Inter é um absurdo. Quero que provem qualquer ato da minha gestão que eu tenha praticado e que tenha sido desabonador. Espero que o MP me chame logo", disse Piffero. "Como você se sentiria se fosse acusado de algo que não fez? Péssimo, né? É como eu me sinto. Que isso tudo vá logo para o Ministério Público para que eu possa me defender", acrescentou o ex-dirigente do Inter.