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Caso Daniel

1ª fase da audiência termina com detalhes dos últimos momentos de Daniel

Dimitri do Valle e Karla Torralba

Do UOL, em São José dos Pinhais e em São Paulo

20/02/2019 19h52

Terminou hoje a primeira fase da audiência de instrução do caso Daniel. Os últimos a depor foram os policiais que conduziram o inquérito do assassinato. O delegado Amadeu Trevisan e os investigadores Marcelo Brandt e Izaudino dos Reis deram detalhes das últimas horas de vida do jogador desde o início do espancamento ainda na casa da família Brittes até a escolha do local onde o atleta seria morto. As testemunhas de defesa e os réus serão ouvidos na segunda parte de audiência, em abril. 

Marcelo Brandt disse que o trajeto de carro da casa até o local deserto onde o jogador for morto levou 30 minutos. "Fizemos a identificação dos envolvidos na violência na casa. Brittes põe Daniel no carro e os outros entram no carro. Eles foram em direção ao pedágio, mas lembraram que tem câmera de segurança e procuraram um lugar ermo na Borda do Campo. No caminho, Daniel pedia desculpas, socorro. Brites e companhia o ameaçavam". 

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No último depoimento do dia, o investigador Izaudino dos Reis relatou que as agressões a Daniel foram feitas dentro e fora da casa dos Brittes. 

"Cristiana falou que o rapaz invadiu o quarto onde ela dormia. Ele foi espancado fora de casa também e o Lucas Mineiro reconheceu os agressores via foto. Edison e mais três entraram no carro. O Edison intimou o pessoal para ir na base do 'quem é homem vem comigo'. Ele disse que segurou pela cabeça e passou a faca e que depois cortou a genitália. Deve ter alguém que segurou para cortar, como teve gente para ajudar a colocar dentro do carro", falou Izaudino. 

O investigador Izaudino foi o único a ir ao local do crime pessoalmente. Em seu relato, descreveu a cena em que o corpo foi encontrado com muito sangue na região da cabeça da vítima. "Por isso não foi possível detalhar os ferimentos". 

"O corpo estava atrás de umas samambaias. Ao fazer levantamento do corpo, verificamos no braço pulseira da boate Shed. O corpo não foi arrastado, não tinha resíduo de folha caída das árvores de pinus, indicando que corpo foi conduzido ao local", explicou o investigador.

Para a polícia, os outros ocupantes do veículo, David Vollero, Ygor King e Eduardo Henrique da Silva, ajudaram Edison Brittes a carregar o corpo de Daniel, já sem vida, para o lugar onde foi encontrado. 

Testemunha foi ameaçada ao tentar impedir espancamento

Lucas Mineiro, testemunha-chave do caso, foi ameaçado ainda na casa dos Brittes, segundo Izaudino dos Reis. "O Mineiro tentou separar e Brtites disse para ele sair, que ia sobrar pra ele", contou. 

Investigador acredita que Daniel foi emasculado ainda vivo

Marcelo Brandt afirmou à Justiça que, apesar dos laudos serem inconclusivos quanto à ordem em que Daniel é degolado e tem a genitália decepada, acredita que a vítima ainda estava viva quando o pênis foi cortado. "Ele foi, na minha opinião, emasculado vivo pois o sangue foi projetado para longe do cadáver. Segurado de pé e emasculado na rua", disse.

Beijo roubado de Cristiana 

Marcelo Brandt foi questionado sobre o depoimento de Lucas Muner, amigo de Daniel, que relatou ter tido um beijo roubado de Cristiana durante a festa de aniversário de Allana, na noite anterior ao crime. "Pra policia oficialmente ele não falou, mas comentou pra gente, prévio a oitiva. Disse que Cris estava bêbada, deu selinho nele, teve uma cena de ciúme. Para gente, não tem pertinência. Ele disse que ela estaria bem à vontade, estaria 'dando mole'", contou. 

Investigadores dizem que Cristiana não conseguiu evitar crime

Marcelo Brandt e Izaudino dos Reis falaram da participação de Cristiana Brittes no dia do crime. Os dois citam que a mulher de Juninho falou ao marido para que "não continuasse aquilo na casa dela". 

"Ela pediu para que não continuasse na casa dela. Eu perguntei para Cris e ela disse que 'esse menino destruiu minha vida'. Eu perguntei por que não chamou a polícia. Para mim, ficou claro que ela não conseguiu evitar. Eu perguntei por que não evitou, ela não soube responder", falou Brandt.

Izaudino vai além, dizendo que ela não coordenou e nem orientou o assassinato. 

Audiência continua em abril

Os depoimentos das 14 testemunhas de acusação acabaram hoje. Na sequência, devem ser ouvidas as testemunhas de defesa e, por fim, os réus.

Isso só acontecerá em abril, após a transferência da audiência para os dias 1º, 2 e 3 deste mês. O advogado Rodrigo Faucz Pereira e Silva, responsável pela defesa dos réus Ygor King e David Vollero, confirmou a informação à reportagem do UOL Esporte.

O advogado de havia inicialmente pedido a anulação dos dois primeiros dias de audiência por não estar presente, mas o pedido foi negado pela juíza da 1ª Vara Criminal de São José dos Pinhais (PR), Luciani Regina Martins de Paula. Os dois são acusados de homicídio triplamente qualificado.

Entenda o caso

Daniel Correa foi morto no dia 27 de outubro de 2018 depois da festa de aniversário de 18 anos de Allana Brittes. Após celebração em uma boate de Curitiba, todos seguiram para a casa da aniversariante, onde o jogador foi espancado antes de ser levado dali de carro para a morte. 

Daniel foi degolado e teve o pênis cortado. Edison Brittes Júnior, pai de Allana, confessou o crime. No carro que levou o jogador para ser morto ainda estavam David Vollero, Ygor King e Eduardo da Silva, também presos acusados de participação no homicídio. 

Segundo Edison Brittes, conhecido como Juninho Riqueza, Daniel tentou abusar de sua mulher, Cristiana Brittes, e por isso iniciou a sessão de espancamento do jogador, ainda em sua casa. Cristiana e a filha Allana também estão presas. 

A polícia afirma que, além de ter matado Daniel, Edison Brittes ameaçou testemunhas do crime e fez com que todos os presentes na casa limpassem o local para apagar as provas de que Daniel esteve ali. 

A sétima ré denunciada à Justiça é Evellyn Perusso, ficante de Daniel na noite anterior ao crime. A garota, amiga de Allana, responde por falso testemunho e denunciação caluniosa. 

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