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Ex-presidente do Barça obtém liberdade condicional em caso envolvendo CBF

Sandro Rosell é ex-presidente do Barcelona - Albert Gea/Reuters
Sandro Rosell é ex-presidente do Barcelona Imagem: Albert Gea/Reuters

Do UOL, com informações da EFE

27/02/2019 06h50

A Audiência Nacional da Espanha, que julga o ex-presidente do Barcelona Sandro Rosell por acusação de lavagem de dinheiro em caso envolvendo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), decidiu hoje conceder liberdade condicional ao ex-dirigente depois de quase dois anos de prisão preventiva.

Além de Rosell, ganhou liberdade condicional o seu sócio Joan Besolí. Assim, os dois deixarão o tribunal em liberdade no encerramento dos depoimentos marcados para hoje. Não foi estipulada fiança.

Sandro Rosell e Joan Besolí terão o passaporte retido e precisarão informar um endereço fixo registrado em território espanhol. Eles terão que comparecer ao tribunal quando solicitados durante o julgamento, que deve terminar no 27 de março, quando devem conhecer a sentença.

O tribunal explicou que levou em conta para acatar o pedido de liberdade condicional a proximidade do cumprimento do limite de dois anos de prisão provisória e o caráter excepcional da medida.

Rosell é acusado de ter ficado irregularmente com 20 milhões de euros (R$ 86 milhões, em valores atuais) da CBF. Ele enfrenta um pedido do Ministério Público de 11 anos de prisão, somado ao pagamento de uma multa de 59 milhões de euros (cerca R$ 251 milhões).

Iniciado nesta semana, o julgamento na Primeira Seção da Sala Penal do tribunal será dividido em três fases. Os acusados voltam a se apresentar ao tribunal entre os dias 11 a 14 de março, e entre os dias 25 a 27 do mesmo mês.

De todos, apenas Rosell e Besolí estavam em prisão preventiva. Ambos são apontados como integrantes do esquema iniciado a partir do repasse de comissões irregulares ao dirigente, por ter intermediado contrato entre a Nike e a CBF, assinado em 2008, e direitos de transmissão de 24 amistosos da seleção brasileira.

Os dois acordos foram firmados ainda quando a entidade era dirigida por Ricardo Teixeira. Ao todo, o desvio seria de 14,9 milhões de euros (R$ 64,3 milhões), pelos jogos, e de 5 milhões de euros (R$ 21,4 milhões), pelo acordo com a marca esportiva.

Rosell e a mulher receberam 6,5 milhões de euros (R$ 28,2 milhões) dos amistosos e, com a colaboração de outros acusados, ocultou parte da comissão de 5 milhões de euros que recebeu e teria devolvido ao dirigente brasileiro, em seguida, pelo contrato com a Nike, afirma o Ministério Público, em comunicado.

A acusação aponta que os envolvidos "pelo menos, desde 2006, formaram uma estrutura estável, reforçada por vínculos de amizade e parentesco, dedicada a lavagem de dinheiro, em grande escala". A promotoria, ainda, aponta que Rosell era o líder da quadrilha.

Além disso, o MP da Espanha afirma que Ricardo Teixeira - que está sendo investigado no Brasil, Estados Unidos, Andorra e Suíça - também recebeu uma parte das comissões ilegais, "em claro abuso da posição e em prejuízo aos interesses da administração" da CBF.

Com relação aos jogos amistosos, o contrato de gestão foi assinado em 2006 pelo ex-presidente da entidade com a International Sports Events, sediada nas Ilhas Cayman e ligada ao grupo saudita Dallah Albaraka Group, que, por sua vez, é dirigida pelo xeque Saleh Kamel.

Pelos direitos desses jogos, Rosell recebeu 6,5 milhões de euros, em cinco transferências feitas entre novembro de 2010 e janeiro de 2011, em contas na Espanha que mantêm com a mulher. O dinheiro vinha de bancos da Suíça e Arábia Saudita em nome do xeque Kamel.

O dirigente afirmou à Receita do país natal que os pagamentos eram referentes a venda, em maio de 2011, de uma empresa que mantinha com Marta Pineda, a um grupo no Líbano, pertencente a Shahe Ohanneissian, que é amigo pessoal de Rosell. A argumentação não convenceu o Ministério Público.

Sobre o contrato da Nike, em que uma empresa do espanhol, Ailanto, figurava como intermediária, foram descobertas série de movimentações em uma conta em Andorra, pertencente a Rosell, que serviria, segundo o Ministério Público, para ocultar a transferência de 5 milhões de euros para Ricardo Teixeira.

O ex-presidente do Barça se defendeu, dizendo que a transação se referia ao pagamento de um empréstimo adquirido junto ao brasileiro, em 2008, o que também não convenceu a acusação. O MP diz, ainda, que o montante acabou parando nas contas do francês Jérome Valcke, antigo secretário-geral da Fifa, que foi afastado por corrupção.