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Por que hino do Criciúma tocou com bola rolando e causou até demissão

Estádio Heriberto Hulse, casa do Criciúma - Cristiano Andujar/Getty Images
Estádio Heriberto Hulse, casa do Criciúma Imagem: Cristiano Andujar/Getty Images

Marcello De Vico

Do UOL, em Santos (SP)

12/03/2019 04h00

Heriberto Hülse, 34 minutos do segundo tempo. A torcida do Criciúma reage ao gol da Chapecoense - que seria o da vitória por 1 a 0, domingo - com vaias e gritos contra a diretoria do clube, em especial o presidente Jaime Dal Farra, principal alvo dos aficionados. Porém, o protesto é abafado pelo alto som do estádio, que passa a tocar, propositalmente, o hino do Criciúma.

A ideia do clube catarinense, ou ao menos de quem deu a ordem para colocar o hino em alto em bom som, era justamente abafar as críticas dos aficionados, algo que não agradou em nada o operador de som - e também torcedor do Criciúma - Renato Teixeira. Depois do episódio, o profissional pediu para se desligar da função e não trabalha mais no clube. Ele era freelancer no sistema de som do Heriberto Hülse há mais de cinco anos.

Em contato com o UOL Esporte, Renato - que postou um texto em seu Facebook para comunicar a sua decisão (leia mais abaixo) - conta que a ordem para 'dar play' no hino do Criciúma veio através de um telefonema. O aparelho tocou logo depois do gol de Augusto, da Chape.

"A ligação chegou a um funcionário do clube, que passou para mim o aparelho. Não sei quem estava do outro lado da linha, era muito barulho na hora, natural de um estádio com 6 mil pessoas. Mas só deu para ouvir: 'coloca som, Renatão'. A ligação chegou assim que a torcida se posicionou em sua maioria em frente às sociais, em frente ao camarote da diretoria, logo depois do gol da Chapecoense", contou.

De acordo com agora ex-funcionário do Criciúma, a ordem já estava previamente preparada para caso houvesse protesto da torcida no Heriberto Hülse.

"Como escrevi na postagem, já tinham combinado isso antes do jogo e nos minutos iniciais me passaram essa ordem: 'se tiver protestos coloque o som, música, hino...'. Isso em um grupo de serviço que usávamos em dia de jogo, para nos comunicarmos. Então perguntei para ter certeza, se era só no intervalo ou no final do jogo, pois é o que é feito sempre. Quando afirmaram que era para ser feito até com a bola rolando eu alertei que isso seria pior, dei minha opinião como torcedor, que isso iria inflar ainda mais a torcida. Ao que falaram que era para fazer mesmo assim", acrescentou Renato.

Coração partido. Para mim, colocar som com a bola rolando e calar meus amigos que estavam lá no meio foi vergonhoso"

Criciúma se desculpa pelo ocorrido

Em nota oficial postada ontem eu seu site, o Criciúma pediu desculpas pelo ocorrido e disse que o 'equívoco' não se repetirá. A reportagem tentou contato com o presidente Jaime Dal Farra, mas não obteve sucesso até a publicação desta reportagem.

"O Criciúma Esporte Clube, por meio desta, pede desculpas aos seus sócios, torcedores e simpatizantes e lamenta pelo ocorrido no sistema de som do Estádio Heriberto Hulse ontem durante o jogo. O equívoco não se repetirá, e as circunstâncias que levaram ao fato serão discutidas, e os processos internos de comunicação corrigidos", postou o clube.

Sexto colocado com 14 pontos em 12 jogos, seis abaixo da zona de classificação para as semifinais, o Criciúma volta a campo no próximo domingo para encarar o Tubarão, fora de casa, pela 13ª rodada do Campeonato Catarinense.

Torcedor e funcionário do Criciúma se desliga do clube após receber ordem no estádio - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook