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Funcionário da Globo foi sequestrado na Arena Corinthians em clássico

Arena Corinthians teve sequestro em seu estacionamento no Paulista de 2015 - Divulgação/Arena Corinthians
Arena Corinthians teve sequestro em seu estacionamento no Paulista de 2015 Imagem: Divulgação/Arena Corinthians

Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

18/03/2019 04h00

Semanalmente a Arena Corinthians recebe milhares de visitantes, dentre torcedores, jornalistas e funcionários de diferentes empresas envolvidas na operação. Normalmente consideradas seguras, as imediações do estádio foram palco de um grave incidente em 2015 que nunca veio a público: um funcionário da Globo foi sequestrado no estacionamento após um clássico diante do Palmeiras, pelas semifinais do Campeonato Paulista, no dia 19 de abril.

O UOL Esporte teve acesso a trechos de um processo no qual Hélio de Lacerda, técnico de manutenção da emissora, tenta obter junto ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) o benefício de auxílio acidente (recebimento de uma quantia mensal pelo ocorrido). Laudos apontam que Lacerda desenvolveu estresse pós-traumático depois do episódio, e já não consegue trabalhar normalmente. Ele ainda é contratado da Globo.

Sob condição de anonimato, pessoas que estiveram no local no dia da partida narraram o crime à reportagem. Lacerda se dirigiu ao estacionamento para comer nas tradicionais barraquinhas, quando foi rendido por um grupo de criminosos e levado a um cativeiro em Itaquera. Lá, foi espancado por horas.

O sequestro teria ocorrido por engano. Os sequestradores buscavam uma vítima específica, um policial civil, e confundiram o auxiliar de manutenção com o homem que procuravam. O engano só foi desfeito horas depois, quando colegas de trabalho foram até seu veículo, no estacionamento, para tentar localizar Lacerda. Lá e foram rendidos por um dos criminosos que permaneceu no local e levados até o cativeiro, onde conseguiram provar sua identidade com documentos e acabaram libertados.

Em virtude das agressões, Lacerda precisou submeter-se a uma cirurgia de reconstrução do maxilar. Na liberação, todos os envolvidos sofreram ameaças. Por medo, não registraram a ocorrência.

Lacerda seguiu trabalhando na Globo depois do sequestro, atuando na cobertura de outros jogos de futebol, inclusive na própria Arena Corinthians. Ao longo dos anos, desenvolveu problemas psicológicos, com afastamentos graduais até que fosse considerado por laudos médicos incapaz de seguir trabalhando em 2017.

Isso motivou a entrada com ação no INSS para o recebimento do auxílio-acidente. Ele envolve o pagamento de uma quantia mensal a quem tem sua capacidade de trabalho reduzida por um acidente sofrido durante a atuação profissional. Ele pode chegar a até cerca de R$ 2.800 reais.

Em sua primeira manifestação, a Justiça apontou que a Globo não realizou a Comunicação de Acidente de Trabalho, abrindo o processo que daria direito ao benefício, e ordenou que a emissora seja oficiada para esclarecer a razão de não ter emitido o comunicado. Procurada a Globo afirmou que não irá comentar o caso.

A reportagem entrou em contato com a advogada Nivea Pulschen, que representa Lacerda na ação contra o INSS, mas ela afirmou que não poderia comentar o caso, já que o processo corre em sigilo de Justiça, e que seu cliente não teria interesse em dar entrevistas em virtude das sequelas sofridas.

O Corinthians disse desconhecer o incidente. "O Sport Club Corinthians Paulista desconhece os fatos e nenhuma autoridade jamais intimou ou citou a agremiação acerca da ocorrência mencionada pela reportagem".

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