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Por onde anda o técnico português elogiado por Lula em áudios da Lava Jato

Rubens Cavallari/Folhapress
Imagem: Rubens Cavallari/Folhapress

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

20/03/2019 04h00

Em 2016, um início de Campeonato Paulista surpreendente da Ferroviária fazia o técnico português Sérgio Vieira ser elogiado até pelo ex-presidente Lula. Em áudios divulgados pelo então juiz Sérgio Moro no âmbito da Operação Lava Jato, o petista afirmava que a equipe de Araraquara estava "boa para cac..." e se mostrava impressionado com o desempenho de Vieira.

Na ocasião, a Ferroviária conseguiu o feito de vencer o Palmeiras, em pleno Allianz Parque, e empatar em casa com o Corinthians no intervalo de uma semana. Na sequência do campeonato, contudo, a equipe perdeu força e não conseguiu se classificar para o mata-mata.

O comentário de Lula surgiu durante uma conversa ao telefone com o antigo ministro das comunicações Edinho Silva. Mais tarde, Moro pediria desculpas ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela retirada do sigilo das escutas telefônicas envolvendo Lula e autoridades, incluindo a então presidente Dilma Rousseff.

"Lembro desse episódio, sim. Lembro que meus amigos brincaram comigo por causa desse áudio vazado. Mas não conheço o Lula e não me impressionei com os elogios, porque não vivo de elogios. As minhas maiores alegrias são no jeito que a equipe joga, isso é o mais importante para mim. Se você falar com os jogadores daquela Ferroviária, eles vão dizer que aprenderam muito comigo. Isso para mim é o maior elogio", afirmou Vieira ao UOL Esporte.

Três anos depois dos elogios de Lula, Sérgio Vieira vive uma realidade distinta daquele início empolgante de campeonato. Apesar de ocupar a vice-liderança da segunda divisão portuguesa, o treinador foi demitido do Famalicão após duas derrotas consecutivas. De acordo com ele, a diretoria pretendia dar um "chacoalhão" no elenco com a troca.

"Consegui manter o time sempre em segundo lugar, perto do acesso. Têm equipes muitos preparadas na segunda divisão, que estiveram na elite, são históricas. Ficamos sempre em segundo lugar, mas infelizmente a diretoria não teve coragem de manter o projeto", lamentou.

O Famalicão foi o segundo clube de Portugal comandado por Sérgio Vieira. Depois de deixar o Brasil com o rebaixamento do São Bernardo no Campeonato Paulista de 2017, ele comandou o Moreirense por 17 jogos na temporada 2017/18. Somou apenas cinco vitórias.

De acordo com o treinador, a volta para Portugal aconteceu por causa do nascimento de sua filha. "Não podia ficar distante da minha família. Mas o Brasil é um país que tenho como objetivo voltar a trabalhar na minha vida", explicou.

Acompanhando a Ferroviária agora de longe, Vieira disse que imaginava que o futuro da equipe fosse promissor. Classificado para as quartas de final do Campeonato Paulista, o clube faz sua melhor campanha desde que voltou para elite estadual.

"A Ferroviária passou por várias etapas, teve uma parceria com o Athletico, tinha a comissão técnica deles, que estruturou a Ferroviária durante várias temporadas. E a Ferroviária está colhendo os frutos do que foi desenhado lá atrás. Lembro que quando chegamos, não tínhamos materiais, campo de treino. E o clube foi se preparando. Isso que é crescimento".

Além de Ferroviária e São Bernardo, Sérgio Vieira treinou o Guaratinguetá, as categorias de base do Athletico - e o time principal interinamente - e o América-MG em sua passagem pelo Brasil.