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Como pelada com Del Piero salvou Copa de argentino sem ingresso em 2014

José Edgar de Matos

Do UOL, em São Paulo (SP)

24/03/2019 04h00

Uma simples "pelada", numa madrugada de inverno nas areias de Copacabana, terminou como uma das experiências mais marcantes na vida do jornalista argentino Federico Gastón Bur, de 32 anos. Cinco anos depois daquele famigerado embate, ele resolveu contar sobre o grande momento. O motivo? Do outro lado, como adversários, estavam Alessandro Del Piero, Alessandro Costacurta e Daniele Adani, ex-atletas da seleção da Itália.

O enfrentamento diante de astros italianos, incluindo um campeão do mundo em 2006 (Del Piero), terminou como o auge de uma viagem feita totalmente no improviso. Federico e cinco amigos pegaram passagens em promoção um mês antes do início da Copa de 2014 e não imaginavam que, o Mundial, ficaria até em segundo plano. Hoje, orgulham-se até de sofrer gols no embate diante dos italianos [veja o vídeo logo acima].

O grupo veio para sentir o clima do Mundial no Brasil e sonhava em apoiar a seleção em algum jogo, mas fracassou na busca por ingressos em cima da hora. Os seis estiveram em São Paulo para Argentina x Suíça, pelas oitavas de final, porém acabaram barrados pelo preço elevado dos bilhetes. A viagem, que poderia ser perdida, se tornou inesquecível graças a uma simples "pelada" de praia.

Era aproximadamente 1h (de Brasília) quando Federico e o quinteto de amigos receberam um convite de seis italianos para um "contra" nas areias de Copacabana. Os argentinos até então só cobravam pênaltis e dividiam os chutes com goles nas latas de cerveja adquiridas para comemorar a classificação da seleção alviceleste para a semifinal do Mundial. Ali começou o "jogo das suas vidas", registrado pelo jornalista em um texto, quase cinco anos depois do ocorrido.

"A melhor lembrança foi a gente descobrir que era Del Piero quem estava enfrentando a gente. Só depois vem o gol de empate e da vitória", contou Federico, em conversa com o UOL Esporte. Ele assegura nas linhas do texto publicado aqui e para a reportagem: os seis amigos venceram Del Piero, Costacurta, Adani e três profissionais da Sky Sports da Itália por 3 a 2, após saírem em desvantagem de dois gols.

"Sinceramente, os planetas se alinharam para isso acontecer. Não tínhamos a viagem planejada, compramos as passagens um mês antes da Copa e porque estava em promoção. Também tínhamos que estar naquele momento, de madrugada, na praia e jogando bola. Ainda saímos perdendo por 2 a 0 e viramos. Do nada, decido escrever a história cinco anos depois e viralizou. É inacreditável", acrescenta.

Federico Argentino - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Federico e amigos registraram a pelada das suas vidas com Del Piero, Adani e Costacurta
Imagem: Arquivo Pessoal

Federico decidiu relatar de maneira poética o jogo contra Del Piero e companhia depois de uma conversa entre amigos de La Plata, cidade que vive na Argentina. O torcedor do Estudiantes contou a história a um colega que não estava presente na viagem ao Brasil e decidiu compartilhar com mais amantes do futebol como foi encarar um campeão mundial como a lenda da Juventus em uma duelo de igual para igual, no meio de uma Copa do Mundo.

O texto atingiu mais de 200 mil visitas e ganhou traços de história internacional dois dias depois de publicado. Sites como o do jornal Marca (Espanha), o Clarín (um dos principais jornais da Argentina) e o Puntero Izquierdo (Brasil) reproduziram a história na íntegra e trouxeram público de todas as partes para o blog do jornalista.

A única lamentação para Federico ocorreu após o jogo, já que Del Piero, Costacurta e Adani não permaneceram nas areias de Copacabana para dividir uma cerveja depois do embate histórico - para os amadores argentinos, obviamente.

"Eles foram embora rapidamente, já que começou a acumular gente vendo a partida. Lembro de pelo menos umas 30 pessoas reconhecerem o Del Piero. Pessoal se aproximou para tirar foto e não deu para conversar com eles após o jogo. Foram rápido ao hotel, mas pelo menos deu para tirar a foto e comemorar a vitória [risos]", recorda o jornalista, cinco anos depois do "jogo da vida", poucas semanas depois de compartilhar a história para o mundo do futebol.