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Cruzeiro vive misto de pressa e cautela para fechar empréstimo de R$ 300 mi

Vinnicius Silva/Cruzeiro
Imagem: Vinnicius Silva/Cruzeiro

Enrico Bruno

Do UOL, em Belo Horizonte

29/03/2019 04h00

Quarenta e cinco dias se passaram desde que o Conselho Deliberativo do Cruzeiro aprovou a proposta de empréstimo de R$ 300 milhões para quitar as dívidas com todos os seus credores, passando assim a dever uma só fonte. Mas entre aceitar fazer o empréstimo e assinar o contrato com uma instituição financeira, ainda há detalhes importantes que precisam ser resolvidos. E é neste cenário que o clube se encontra no momento, dividido entre a pressa para pagar suas pendências mais urgentes, e a cautela para entregar todos os documentos e reduzir qualquer risco de dano no futuro.

A pressa do clube é justificada pela necessidade de pagar dívidas mais urgentes. Dos cerca de R$ 480 milhões que o Cruzeiro deve, quase R$ 100 milhões são ações na Fifa. Quanto mais o tempo passa, maiores as dívidas ficam, diminuindo o poder do clube para negociação. Além disso, mais perto ficará a entidade de sofrer alguma sanção caso não efetive o pagamento.

Outro ponto importante é que o Cruzeiro terá uma carência de um ano e meio após pegar a quantia. Depois disso, terá mais sete semestres (três anos e meio) para quitar o montante. Mesmo se o presidente Wagner Pires optar e conseguir se reeleger no clube (se isso ocorresse, seu mandato terminaria em dezembro de 2023), a dívida ainda corre o risco de ficar para o presidente seguinte se a assinatura não for feita até o final deste ano.

Ao mesmo tempo que pretende ver logo a cor do dinheiro, o Cruzeiro se preocupa em apresentar todos os documentos necessários. Devido ao alto valor do empréstimo e por envolver instituições de países diferentes, também é preciso ter um cuidado extra para seguir todas as normas conforme as leis de cada país. Por isso, o presidente Wagner Pires de Sá sequer coloca um prazo para oficializar o empréstimo.

"Prazo não tem. A gente espera que seja o mais rápido possível. Mas para um valor dessa magnitude a gente talvez tenha que ir à sede do banco, do fundo. A gente está procurando negociar melhores condições de taxas de juros para que façamos o melhor para o nosso clube", disse o mandatário.

A aprovação do Conselho Deliberativo foi feita no dia 11 de fevereiro. Ficou acordado que o clube pegaria um empréstimo de R$300 milhões com um fundo de investimentos da Inglaterra. A explicação da diretoria para a prática adotada é que os juros aplicados são menores que os aplicados no Brasil. De acordo com a mesma, os juros anuais do futuro empréstimo serão inferiores a 9%, enquanto os aplicados pelos bancos nacionais giram em torno de 25%.

Como já informado, o clube teria um ano e meio de carência para só depois iniciar as sete parcelas semestrais. Se ao fim deste prazo a instituição não conseguir pagar todas as pendências, o credor terá direito a ficar com parte dos recebíveis, como as cotas de TV, rendas com bilheterias, patrocínios e venda de jogadores.