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Ganhar na retranca ou perder jogando bonito? Blogueiros avaliam o clássico

Do UOL, em Santos (SP)

09/04/2019 12h00

A classificação do Corinthians para a decisão do Campeonato Paulista, na noite de ontem, após vitória nos pênaltis sobre o Santos, trouxe de volta à tona uma antiga discussão: O que vale mais? Ganhar na retranca ou perder jogando bonito? Veja abaixo o que os blogueiros do UOL Esporte responderam sobre o assunto e o que acham sobre a forma como o time de Carille conseguiu a vaga na final do Estadual diante da equipe comandada por Jorge Sampaoli.

ANDRÉ ROCHA

O problema do Corinthians é que não jogou. 65 rebatidas em quase 100 minutos é vergonhoso! Por mais méritos que o Santos tenha por conseguir dominar o jogo inteiro foi muita covardia da equipe de Fábio Carille. E foi uma estratégia contraproducente, já que o Santos venceu o jogo e finalizou 23 vezes. Mais um gol adversário e a vaga teria ido para o espaço. Mas respondendo objetivamente à pergunta: melhor vencer jogando bem.

JUCA KFOURI

Lamento informar que há décadas respondo assim aos que me fazem tal pergunta: vale mais ganhar jogando bonito. Viu como sou esperto? Ganhar como a seleção brasileira de 1958, 1970 e 1982. Como o Santos de Pelé, o Botafogo de Mané, o Fluminense de Rivellino, o São Paulo de Telê, o Flamengo de Zico, o Cruzeiro de Tostão, o Palmeiras do Divino, o Corinthians de Sócrates, o Inter de Falcão, o Grêmio de Renato Gaúcho, o Galo de Cerezo, o Guarani de Careca, o Bahia de Bobô, o Vasco de Dinamite. Porque, como falou Pep Guardiola, quem disse que a Seleção de 1982 perdeu?

JULIO GOMES

Este é simplesmente o debate eterno do futebol. O 'resultadismo' versus o idealismo, 1994 versus 1982, Mourinho versus Guardiola, Felipão versus Luxemburgo, enfim. No fim das contas, o resultado é o objetivo final do futebol. Mas quem vive só de resultado vira refém dele, enquanto quem joga ou tenta jogar bonito consegue criar uma relação diferente com seus torcedores. Eu irei sempre elogiar o "jogar bonito" ou a tentativa dele. Mas o que vale mais? Para os profissionais e torcedores, a resposta é fácil: ganhar vale mais.

MARCEL RIZZO

Defender é uma estratégia que no futebol é subvalorizada porque se convencionou a achar que o "futebol-arte" é o que tem que predominar. Em outras modalidades, como basquete, grandes defesas que impulsionam o time a um título são tão valorizadas quanto ataques ferozes. Carille tem como principal estratégia a defesa e ganhou taças assim.

A atuação de segunda, porém, não foi um sistema defensivo forte, com um ataque eficiente quando preciso, mas um time acuado e que a todo momento via o Santos dentro de sua área. Impossível suportar 90 minutos, tanto que levou o gol. O Corinthians e Carille, ou qualquer outro time, não têm que ter vergonha de defender para vencer, mas tem que fazer parte de uma estratégia de neutralizar o rival, o que o Corinthians não teve segunda.

Jogadores do Corinthians comemoram vitória nos pênaltis contra o Santos - Daniel Vorley/AGIF - Daniel Vorley/AGIF
Imagem: Daniel Vorley/AGIF

MAURO BETING

É melhor ser rico e saudável do que pobre e doente. Jogar bonito e bem não é excludente. Brasil-70, Flamengo-81, Barça-11 jogaram bonito e ganharam lindo. Tenho orgulho como torcedor de grandes Palmeiras acadêmicos como os de 1965 e o de 1972 a 1974. Como as Vias Lácteas da Parmalat em 1993-94, e o time espetacular do primeiro semestre de 1996. Mas vibrei demais com o campeão da América em 1999 que não jogava tão bonito e ganhou maravilhoso. Como deve ter sido demais o Corinthians campeão brasileiro de 1990 e mesmo o do primeiro turno do BR-17.

Prefiro sempre times lindos de ver e de torcer. Mas quando não se tem como jogar "bonito", que se jogue pro gasto. Mas, no caso, seja mais ousado do que o Corinthians contra o Santos no Pacaembu. Ou seja o que foi o Corinthians no primeiro jogo em Itaquera. É possível com o time que Carille tem jogar mais. Bem mais. Mas não pra ser melhor do que os times de 1998 a 2000, ou que o da Democracia de 1982-83.

Não fosse Cássio, mais uma vez, não teria se classificado. E não poderia reclamar do que chamou para si. E o Santos, mesmo eliminado, não precisa mudar de estilo e de escola. Precisa apenas de mais reforços técnicos para implementar melhor sua filosofia. Ainda prefiro ganhar. Sempre. Mas se puder ganhar jogando como o Santos, melhor. O Brasil foi pentacampeão mundial quase sempre jogando bonito. Ou melhor do que os rivais. Quando quis jogar feio, ou não tão "brasileiro", caiu horroroso.

MAURO CEZAR

Não existe relação entre jogar feio e vencer, tal frase feita não passa de muleta para apoiar os medíocres. Existe, sim, relação entre jogar bem e vencer, quem atua bem vence mais, quem atua mal perde mais, óbvio.

PERRONE

Ganhar sempre vale mais, desde que não seja com erro de arbitragem. Ganhar jogando feio não é um problema. O problema é ganhar apresentando muitas dificuldades e falhas que precisam ser corrigidas. Caso do Corinthians, que perdeu o jogo para o Santos, mas se classificou nos pênaltis. A questão aqui não é estética, mas se Carille vai corrigir os defeitos apresentados pelo time, como a fragilidade na saída de bola sob pressão e a lentidão para contra-atacar em bloco.

PVC

Ganhar jogando feio ou perder jogando bonito é um falso dilema. Bom é jogar bem. Joga-se bem de diferentes maneiras, com passe, lançamento, drible. É um falso dilema especialmente num país como o Brasil, que ganhou cinco copas. Ganhar como em 1994 ou perder como em 1982? Ganhar como em 1970 e 2002, ora. Vitórias que vieram com o melhor ataque e vitórias em todos os seis jogos (70) e todos os sete (2002). O Corinthians não jogou bem nas duas últimas derrotas. Não jogou bonito na sequencia de 13 partidas sem derrotas. Nesse período, jogou bem.