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William dividiu ouro com Neymar e segue passos de Grafite por seleção

William, lateral do Wolfsburg, ao lado de Neymar durante a Rio 2016 - Ricardo Duarte/Site William 2
William, lateral do Wolfsburg, ao lado de Neymar durante a Rio 2016 Imagem: Ricardo Duarte/Site William 2

Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL

09/04/2019 18h00

No empate em 0 a 0 com o Iraque, no segundo jogo das Olimpíadas 2016, o lateral-direito William entrou já no segundo tempo e cruzou duas bolas para Rafinha e Renato Augusto. Nenhum completou. O então lateral do Inter, que já havia entrado no empate com a África do Sul, saiu de campo - como todo o time - sob vaias. O Brasil decepcionava com Rogério Micale e nada indicava que ganharia o inédito ouro olímpico.

O jogo virou quando Tite passou a ser mais presente na Seleção Olímpica, se juntou à Micale na missão e viu Willian, Weverton, Neymar e todo o elenco golearem Dinamarca e Honduras, derrubarem a Colômbia e após um 1 a 1 com a Alemanha, faturarem nos pênaltis o ouro.

Hoje, William vive em Wolfsburg com a esposa, Pâmela, e o filho, Pedro, que começará a ir para a escola ainda esse ano. "O início é sempre sofrido, os primeiros dois, três meses. Depois já estava adaptado a Alemanha, ao frio, a língua... A língua é muito difícil. Mas eu estou aprendendo, fazendo aula de alemão, e já consigo me comunicar com os jogadores", comentou. A familiaridade com a cultura pode ter ajuda na adaptação. , já que é grande a presençao Rio Grande do Sul conta com muitos imigrantes alemães. "Eu não como muito schimier (geléia, ou "chimia", como chamam no Rio Grande do Sul), mas chucrute sim, escuta bastante aqui", disse em entrevista ao UOL Esporte.

As diferenças não param por aí. "Aqui na Alemanha a gente trabalha muito a parte técnica e tática, estuda muito os adversários. Aqui todo jogo é difícil, mesmo contra o último colocado. Sem contar que a Europa tem um futebol diferente, muito mais tático. No Brasil tem muito mais drible e correria. Aqui é mais técnico", falou.

WR - Wolfsburg/Divulgação - Wolfsburg/Divulgação
Em disputa com Ribery pela Bundesliga: à espera de uma chance
Imagem: Wolfsburg/Divulgação

Voltar à seleção é um objetivo de William, hoje com 24 anos e Top 10 em roubadas de bola e em distância corrida por jogo, de acordo com as estatísticas da Bundesliga. "É fazendo meu trabalho aqui no Wolfsburg para chamar a atenção e estar bem preparado, se o Tite me convocar ", idealiza. Questionado se mantém contato com o técnico, respondeu: "Eu particularmente não tenho mantido contatos com o Tite, ninguém da comissão. O Tite a última vez foi na Granja, quando estava nas Olimpíadas."

A disputa na lateral-direita é pesada. "Tem muitos jogadores de qualidade, novos, como o Militão, o Danilo... eu sei que é muito difícil. Mas tô tentando uma temporada muito boa e uma hora a oportunidade pode chegar", comentou. Mas um caminho pode ser o mesmo seguido por outro brasileiro, um dos maiores ídolos da história do Wolfsburg: "O Grafite aqui é ídolo, a gente escuta bastante. Agora teve a comemoração dos 10 anos que foram campeões. É uma pessoa muito legal, um cara que merece todo o respeito, fez uma carreira muito linda. Os torcedores são apaixonados por ele e eu quero seguir esse caminho. Aqui na Alemanha ele fez muitos gols. Uma campanha top aqui e chegou à Seleção. É uma vitrine muito boa. Se Deus quiser essa chance vai chegar."

Reconstruir o time que teve De Bruyne

William foi revelado no Internacional e viveu da euforia do bicampeonato gaúcho e uma semifinal de Mundial ao rebaixamento no Brasileirão. Deixou o Colorado sob desconfiança, chegou em um Wolfsburg que fugiu do rebaixamento na Bundesliga apenas no playoff contra o terceiro colocado da segunda divisão e agora ajuda a reconstruir a equipe que foi vice-campeã nacional na temporada 2013-14 com jogadores como Kevin De Bruyne em campo.

"Estamos bem na tabela, o time está bem, feliz, estamos juntos. O time nos dá todo o suporte para entrar em campo e fazer o melhor. É um time grande, que dois anos atrás estava jogando a Champions, ganhou do Real Madrid na Alemanha. Tinha De Bruyne, Draxler. Agora está em reconstrução. Mas nessa temporada a gente demonstrou que o time está ganhando corpo e melhorando", comentou sobre o time que hoje é o quinto na liga alemã, traçando um paralelo com o Inter: "Sempre que entram, entram pra chegar forte. O Inter também passou por um tempo difícil, mas se reconstruiu e é time grande, no ano passado já fez um baita Brasileiro. É time grande, que tá brigando."