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Euller critica Atlético-MG, vê Palmeiras favorito e estuda para ser técnico

Euller defendeu o Palmeiras no final dos anos 90 e ganhou uma Libertadores - Matthew Ashton/EMPICS via Getty Images
Euller defendeu o Palmeiras no final dos anos 90 e ganhou uma Libertadores Imagem: Matthew Ashton/EMPICS via Getty Images

Augusto Zaupa e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

12/05/2019 04h00

Morando há cerca de um ano e meio na cidade de Léon, na Espanha, junto com a família, o ex-atacante Euller está frequentando o curso da Uefa para se tornar treinador. O Filho do Vento, como é conhecido carinhosamente pelas torcidas de Atlético-MG e Palmeiras, apontou o time alviverde como favorito para o confronto deste domingo, às 16h, no Mineirão, e criticou a diretoria do Galo pelas sucessivas mudanças de treinadores.

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Em conversa exclusiva com o UOL Esporte, o futuro treinador recordou a importância de ter trabalhado com Telê Santana no São Paulo e afirmou que os ensinamentos do ex-comandante da seleção brasileira são mais vivos na Europa que no Brasil.

Campeão da Libertadores de 1999 pelo Palmeiras, Euller esteve no início deste ano na Academia de Futebol e reencontrou o treinador Luiz Felipe Scolari. Por conhecer de perto a estrutura do centro de treinamento e pela força econômica dos paulistas, o ex-jogador de 48 anos disse acreditar que os palmeirenses são favoritos para a partida em Belo Horizonte, mesmo que o Galo tenha 100% de aproveitamento no Brasileirão.

"O Palmeiras tem um elenco mais qualificado e com uma estrutura espetacular, que dá condições aos jogadores para que possam exercer o de melhor. O Atlético começou muito bem a competição, com três vitórias. Acredito que vai ser um jogo muito aberto e com a possibilidade de qualquer um sair com a vitória. Mas o Palmeiras é o favorito", analisou.

Nos últimos cinco anos, o Atlético-MG teve nove trocas de técnicos - Thiago Larghi, Oswaldo de Oliveira, Rogério Micale, Roger Machado, Marcelo Oliveira, Diego Aguirre, Paulo Autuori e Levir Culpi (duas vezes). As sucessivas mudanças foram alvo de críticas de Euller, que defendeu o Galo em duas ocasiões (1995 a 1997 e 2005).

"As equipes que estão conseguindo o objetivo são aquelas que estão mantendo os treinadores. É preciso aprender com isso ou continuar dando soco em ponta de faca. O Atlético tem pecado e muito com respeito ao treinador. Desse jeito, os atletas vão acabar acreditando que o problema é o treinador e não eles. É muito fácil você jogar a responsabilidade para um treinador e esquecer das suas responsabilidades. O Atlético está caindo nesse erro e já pagou muito caro quando caiu para Segunda Divisão [em 2005]", declarou.

Não queria o Palmeiras
Euller, do Palmeiras, comemora gol em partida contra o Atlético Mineiro no Campeonato Brasileiro de 1997 (vitória do Verdão por 3 a 1) - Antonio Gaudério/Folha Imagem - Antonio Gaudério/Folha Imagem
Imagem: Antonio Gaudério/Folha Imagem

Apesar de poder bater no peito e afirmar ser um campeão da América, Euller, por pouco não integrou o grupo do Palmeiras na conquista da Libertadores de 1999. O jogador não queria deixar Belo Horizonte na época porque estava noivo, mas acabou sendo convencido de mudar de ares após um telefonema.

"Recebi uma ligação do Felipão que falou de um projeto de três anos. Era para ser campeão da Libertadores e disputar um Mundial. Ele me disse que ele gostava de atacante rápido. Eu nunca fui de querer ser titular, de ser o protagonista, nunca tive essa vaidade. Ele queria formar um grupo vencedor. A ligação dele me balançou muito. Além disso, o Atlético estava necessitando [vender jogadores para fazer caixa]", revelou.

Certificado da Uefa

Residindo na Espanha, Euller acompanha de perto o filho Gabriel, O jovem de 18 anos atua na lateral esquerda no Cultural Deportiva Leonesa, que disputa a Segunda B do Espanhol (Terceira Divisão). Em Léon, cidade próxima a Valladolid, também estão as filhas Eduarda, 17, e Alice, 8, e a esposa Letícia.

Além de se dedicar à família, o Filho do Vento tem se dedicado aos estudos, pois está estudando para conseguir o certificado da Uefa de treinador.

"Estou na Espanha já há um ano e meio. Estou fazendo o curso de treinador da Uefa e acabei de concluir o nível 1. Em julho, farei o nível 2 e pretendo me qualificar nos três níveis. Depois disso, vou começar o meu futuro como treinador", comentou Euller, que já possui três certificados da CBF.

Telê mais vivo na Europa
Telê Santana no São Paulo - Arquivo Folhapress - Arquivo Folhapress
Telê Santana no São Paulo: ídolo como técnico sem jamais ter jogado pelo clube
Imagem: Arquivo Folhapress

Apesar do grande apreço por Felipão, Euller aponta Telê Santana como o melhor treinador com quem trabalhou. Pelos dois anos que estiveram juntos no São Paulo, o ex-atacante afirma que o mineiro foi muito importante para evolução tática e que até hoje o método do ex-comandante é repassado em cursos para formar treinadores.

Euller, no entanto, fez um alerta ao afirmar que os ensinamentos do ex-técnico da seleção brasileira são mais vivos na Europa que no Brasil.

"Infelizmente, isso faz parte da nossa cultura. Mas, aqui na Europa, o Telê tem muito valor, principalmente quando o [Pep] Guardiola [treinador do Manchester City] fala dele e da seleção brasileira de 82. O Guardiola fala do modelo de jogo do Telê, como ele gostava de ver o time do Telê, não só a seleção, como o próprio São Paulo. Ou seja, só no nosso país que o Telê não tem o valor devido. Não se fala nele em momento nenhum, mas aqui se fala, e fala e muito", desabafou.