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Polícia de SP deve pedir cooperação com França em suposto estupro de Neymar

Hotel Sofitel em Paris, onde teria ocorrido o suposto estupro de Neymar a uma brasileira - Jamil Chade/UOL
Hotel Sofitel em Paris, onde teria ocorrido o suposto estupro de Neymar a uma brasileira Imagem: Jamil Chade/UOL

Danilo Lavieri, Felipe Pereira, Jamil Chade, Marcel Rizzo e Pedro Lopes

Do UOL em Brasília, Paris e São Paulo

04/06/2019 12h21

A Polícia Civil de São Paulo estuda pedir cooperação da França para investigar a acusação de estupro contra Neymar. As diligências podem envolver acesso aos registros e circuitos de segurança do hotel Sofitel Paris Arc Du Triomphe, conversa com testemunhas e apuração do caso pela polícia francesa.

A relação entre as polícias de Brasil e França é próxima, e existe cooperação entre as duas corporações. A Polícia Civil de São Paulo conduz as investigações sob sigilo, e não divulgará informações.

O UOL Esporte esteve no Sofitel Arc Du Triomphe, mas todos os funcionários do hotel se recusaram a falar. A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do grupo Accor, ao qual pertence o hotel, durante três dias, mas não teve resposta.

A embaixada francesa no Brasil foi procurada, mas afirmou que não irá comentar investigação ainda em andamento.

O caso

O UOL Esporte informou na tarde do último sábado que uma mulher registrou Boletim de Ocorrência acusando o atacante Neymar, do PSG e da seleção brasileira, de estupro. O documento foi averbado no dia anterior, na 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, em Santo Amaro, na capital paulista, referente a um fato que teria ocorrido no dia 15 de maio, em Paris. O inquérito policial segue em sigilo e o nome da mulher também é mantido em segredo.

A acusação da mulher é que Neymar chegou ao hotel no dia 15 de maio, por volta de 20h, e embriagado. Após trocas de carícias ele teria ficado agressivo e, mediante violência, praticou relação sexual sem o consentimento da vítima. Ela ainda disse que voltou ao Brasil no dia 17 de maio e que estava abalada emocionalmente e com medo de registrar a ocorrência.

Antes de Neymar se manifestar sobre o caso foi seu pai quem falou, em entrevista à TV Bandeirantes. Também empresário do atacante, Neymar disse que eles iriam "expor a situação para que a opinião pública pudesse enxergar" a partir de conversas guardadas pelo jogador. O pai de Neymar disse que o filho caiu em uma armadilha e acusou a mulher de extorsão.

A única manifestação pública de Neymar até agora foi na madrugada de sábado para domingo. Ele publicou um vídeo em sua conta pessoal do Instagram, negou ter cometido estupro e expôs a suposta conversa que teve com a mulher que o denunciou para dar sua versão sobre o caso. A ideia do post era tentar conquistar a opinião pública.

A assessoria de imprensa de Neymar ainda divulgou um comunicado dizendo que o estafe do jogador foi vítima de tentativa de extorsão praticada por um advogado da cidade de São Paulo que, segundo a sua versão, representava os interesses da suposta vítima.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro irá investigar Neymar por vazamento de fotos íntimas da mulher que o acusa de estupro. O caso será apurado pela Delegacia de Repressão de Crimes de Informática junto com o inquérito que investiga o estupro. O crime de vazamento de fotos íntimas é previsto no artigo 218-C do Código Penal Brasileiro e, caso haja condenação, o crime prevê pena de um a cinco anos de reclusão.

O vídeo em que Neymar se defende das acusações e expõe as supostas conversas com a mulher foi removido da internet pelo próprio Instagram na madrugada de hoje. A rede social declarou que "o conteúdo foi removido por violar os padrões da comunidade". As imagens estavam na ferramenta IGTV. O pai de Neymar, aliás, disse à TV Bandeirantes que preferia que o filho fosse acusado de um crime de internet do que um estupro.

"Não tínhamos escolha. Eu prefiro um crime de internet a de estupro. Foi o Instagram que tirou do ar por saber que vai ter uma discussão em cima disso. Pelas regras do Instagram estava normal. Ele preservou a imagem, o nome. Ele precisava se defender rapidamente. É melhor ser verdadeiro e mostrar o que aconteceu. Sabíamos da chantagem, mas não da coragem de fazer um B.O. em cima de uma situação dessas."

A Polícia está investigando desde o momento da instauração do Boletim de Ocorrência. Inclusive, policiais foram à concentração da seleção brasileira no último sábado para buscar informações sobre a chegada de Neymar. Porém, o jogador estava de folga e não foi encontrado. Ele será ouvido em breve.