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Por que Itair Machado seguirá após ter demissão cogitada no Cruzeiro

Presidente do Cruzeiro cogitou demitir Itair Machado, mas desistiu da ideia e o vice de futebol foi mantido no clube - Vinnicius Silva/Cruzeiro
Presidente do Cruzeiro cogitou demitir Itair Machado, mas desistiu da ideia e o vice de futebol foi mantido no clube Imagem: Vinnicius Silva/Cruzeiro

Enrico Bruno e Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

04/06/2019 04h00

Há mais de uma semana, o Cruzeiro enfrenta uma crise institucional que vem atingindo em cheio membros da atual gestão. Investigados por indícios de operações irregulares, dirigentes envolvidos no caso já enfrentam grande pressão para deixarem seus cargos. A maior delas é sobre Itair Machado, atual vice-presidente de futebol que quase se desligou da agremiação. Apesar de colecionar polêmicas, foi decidido que ele seguirá no clube. Seu prestígio, lealdade e até uma suposta multa rescisória ajudam a explicar sua permanência.

Embora o nome de Itair não seja o único envolvido nas investigações da Polícia Civil sobre o Cruzeiro (Sérgio Nonato, diretor-geral e Wagner Pires, presidente, também são investigados), o histórico de processos judiciais fizeram do dirigente o maior alvo da insatisfação dos conselheiros e torcedores.

Na manhã de ontem, Wagner Pires de Sá, presidente do Cruzeiro, se reuniu com Itair Machado. Bastante pressionado dentro e fora do clube para afastar seu vice de futebol, Wagner tinha essa intenção e a tornaria pública ainda durante o dia, mas acabou recuando e concedendo um voto de confiança. Essa informação foi publicada pelo portal Superesportes e confirmada pelo UOL. À tarde, o clube informou que os cargos de vice-presidente jurídico e vice-presidente financeiro serão extintos. Essa medida não afetará Itair quanto à nomenclatura do seu cargo, mas ele e todos os outros dirigentes terão seus contratos revisados por uma comissão criada para reduzir custos. Mas esse não é o único motivo da permanência.

Vale lembrar que além de braço direito de Wagner Pires, Itair Machado sempre esteve ao lado do presidente. Antes mesmo de ser eleito para o triênio 2018-2020, Wagner teve o apoio moral e financeiro de Itair para montar a chapa e concorrer às eleições do clube. Mesmo com forte oposição e saída de antigos dirigentes, Itair foi bancado no departamento de futebol e venceu as desconfianças formando o time que terminou o primeiro ano com o título milionário da Copa do Brasil, aumentando sua credibilidade e se tornando ainda mais influente que o homem da cadeira principal.

Thiago Neves - Cruzeiro/Divulgação - Cruzeiro/Divulgação
Imagem: Cruzeiro/Divulgação

Outro motivo que ajuda a sustentar a permanência de Itair é o seu prestígio no clube, seja com outros diretores ou jogadores. No empate de 1 a 1 contra o São Paulo, no último domingo, Thiago Neves dedicou seu gol de falta ao vice de futebol. O meia foi questionado por se envolver em questões políticas do clube, mas manteve sua palavra e reforçou seu apoio mais de uma vez.

"Me ligaram para falar que a publicação não tinha sido legal, que vários torcedores estavam incomodados. Para falar do Itair, eu estou aí desde que ele chegou, ele é meu amigo. Sempre foi meu amigo, sempre me tratou bem nos momentos ruins e bons aqui. Sempre esteve do meu lado, me ligou. Não só eu, se você chamar qualquer jogador aqui, todo mundo vai defender, porque ele sempre foi importante para gente, sempre dando um jeito de manter o salário em dia, as premiações. O que vai acontecer eu não posso falar, eu não sei. Eu falo como amigo dele", disse o meia.

Leandro Freitas, gerente de marketing do Cruzeiro, também utilizou as redes sociais para apoiar Itair Machado. "Sou seu fã, tudo será superado", escreveu ele em um dos trechos de uma publicação.

Por fim, se a política de contenção de gastos for colocada em prática no Cruzeiro, uma suposta multa rescisória de Itair poderia dificultar a vida dos gestores. Segundo a repórter Gabriela Moreira, do SporTV, o clube terá que pagar R$ 2 milhões em caso de demissão do dirigente, valor considerado muito superior ao praticado no mercado. O montante só não valerá caso o próprio dirigente opte em deixar sua função.

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