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Craque irritada e chumbo trocado: Brasil x Austrália é clássico do feminino

Marta discute com jogadora australiana Emily van Egmond em partida em Newcastle, Austrália - Ashley Feder/Getty Images
Marta discute com jogadora australiana Emily van Egmond em partida em Newcastle, Austrália Imagem: Ashley Feder/Getty Images

Ana Carolina Silva

Do UOL, em Montpellier (França)

12/06/2019 22h00

A Argentina não é a maior rival do Brasil no futebol feminino. Enquanto o país vizinho ainda dá seus primeiros passos profissionais na modalidade, é a Austrália que ocupa o posto de algoz da seleção na Copa do Mundo. Nada de encontro na fase eliminatória, esta edição do Mundial verá o clássico das mulheres já na segunda rodada, às 13h de amanhã (13), em Montpellier.

A partida pode colocar em risco a vaga do Brasil nas oitavas ou dar uma necessária dose de confiança a uma delegação que vem recebendo críticas. A Austrália perdeu de 2 a 1 para a Itália e precisa desta vitória para manter suas chances favoráveis na competição.

Em 2015, no Canadá, as australianas eliminaram as brasileiras nas oitavas de final. O Brasil deu o troco no ano seguinte, nas quartas dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, mas só depois de empate no tempo normal e triunfo nos pênaltis - com cobrança perdida por Marta e duas defesas de Bárbara.

"Brasil x Austrália virou um clássico, ultimamente a gente tem jogado muito contra elas. A gente sabe da dificuldade que vai ser, porque a Austrália precisa vencer. Vai ser um jogo muito difícil. Fica esse clima de clássico, e vai ser um jogo muito gostoso", disse Andressa Alves.

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Marta perdeu pênalti contra a Austrália nos Jogos Olímpicos de 2016
Imagem: Mariana Bazo/Reuters

A defensora australiana Steph Catley reconhece o Brasil como rival, mas é cautelosa e evita falar em "revanche" pela eliminação em 2016. Tampouco tripudia pela vitória em 2015. "Obviamente, enfrentá-las se tornou rotina. Estamos empatadas em nos eliminar em grandes jogos. Elas levaram a melhor da última vez, então será muito bom virar isso a nosso favor agora", afirmou.

Heroína em 2016 e novamente titular em 2019, Bárbara está na expectativa pelo reencontro. "Fomos eliminadas pela Austrália na última Copa, mas em 2016 a gente se classificou em cima delas. É um troco, um chumbo trocado. A gente vai para cima delas com tudo para reverter essa história", respondeu.

A goleira brasileira deixa claro que Sam Kerr, craque das "Matildas" (apelido da seleção australiana), não é sua única preocupação. "Todas as atacantes representam ameaça. A nossa preparação não foi em cima de uma atleta específica. Trabalhamos para fechar a linha defensiva. Sabemos que a Austrália tem um ataque forte, mas estamos trabalhando para segurar e não deixá-las passar", completou.

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Imagem: Eugenio Savio/AP

A zagueira Rafaelle está lesionada e não foi convocada para a Copa de 2019, mas esteve naqueles dois jogos e em um terceiro confronto, disputado em 2017. O amistoso em questão terminou com vitória da Austrália por 3 a 2 e com a defensora do Brasil se recusando a cumprimentar as rivais. Sam Kerr não gostou da cena e tirou satisfação.

A rixa entra as duas era antiga. Rafaelle já havia conseguido irritá-la com sua boa marcação na Olimpíada em 2016. "Se você fica colada nela o tempo todo, consegue perturbá-la e deixá-la irritada como foi naquele jogo", disse ao UOL Esporte, dando a dica para as amigas que jogarão hoje: "Ela é muito rápida, então eu estava sempre ligada na pessoa que ia jogar a bola para ela. Quando ela ia receber o passe, eu tentava baixar a linha logo para ela não receber sozinha."

"A Kerr é uma jogadora muito veloz, e o Brasil tem de tomar cuidado. Ela adora se infiltrar na zaga, receber bola em profundidade. Então, a gente não pode jogar com a linha alta, tem de jogar com a linha baixa. E elas têm de ficar espertas com essa infiltração que ela faz. Não podem deixar as outras enfiarem a bola para ela no vazio, à frente. Foi o que a gente fez com ela na Olimpíada. Quando ela recebe essa bola em profundidade, com a velocidade dela, é difícil acompanhar", alertou Rafaelle.

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A seleção brasileira levou a melhor contra a Austrália em 2016, no Rio
Imagem: Mariana Bazo/Reuters

Bárbara está ciente disso. "A gente aproveitou os treinos para ajustar os erros. Juntamos a nossa linha de quatro para minimizar as bolas de infiltração. O professor Vadão pede sempre para que eu mantenha a linha um pouco mais alta para impedir as bolas infiltradas", explicou.

A Austrália ocupa o sexto lugar no ranking feminino da Fifa, e o Brasil é o 10º. Vale pontuar que, na Copa da Ásia, a Austrália passou com alguma dificuldade pela Tailândia, seleção que virou notícia ontem com a pior derrota na história da Copa do Mundo feminina ao perder por 13 a 0 dos Estados Unidos. Na ocasião, os times empataram em 2 a 2 no tempo regulamentar (com apenas 10 jogadoras no lado tailandês), mas a Austrália levou a melhor nos pênaltis.