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Messi muda estratégia e carrega Argentina renovada com leveza no Brasil

Entre os mais experientes do grupo, camisa 10 ficou oito meses sem jogar na seleção até março - Pierre-Philippe Marcou/AFP
Entre os mais experientes do grupo, camisa 10 ficou oito meses sem jogar na seleção até março Imagem: Pierre-Philippe Marcou/AFP

Gabriel Carneiro

Do UOL, em Salvador

15/06/2019 04h00

Os relatos têm origens das mais diversas, mas apontam na mesma direção: Lionel Messi está mostrando um novo comportamento durante a preparação da seleção argentina para a Copa América. A relação da principal estrela com seu time não costuma ser fácil, tanto é que ele já anunciou duas vezes aposentadoria e voltou atrás. O jejum de 26 anos da Argentina sem títulos e o peso de ser responsabilizado pelas derrotas já não vão mais incomodar Messi. A nova ordem é leveza.

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O desgaste de Messi na seleção teve dois picos: o vice da Copa América de 2016, nos Estados Unidos, contra o Chile, e a queda nas oitavas de final da Copa do Mundo da Rússia, contra a França e depois de uma primeira fase cheia de percalços. Ele se convenceu a voltar neste ano e só jogou um amistoso antes da convocação para a Copa América do Brasil. Um dos motivos que o fez aceitar o retorno foi a condução de uma renovação na equipe.

Messi no Barradão - Divulgação/@Argentina - Divulgação/@Argentina
Imagem: Divulgação/@Argentina

Messi não quer ser o símbolo de uma geração fracassada. Ele espera ser parte de um novo tempo vencedor. A média de idade da Argentina que estreia hoje, 19h, contra a Colômbia, na Arena Fonte Nova, é de pouco mais de 27 anos. Ele está com 31. Onze jogadores convocados jamais estiveram em uma competição oficial pela Argentina e só nove são remanescentes da Copa da Rússia. Por razões óbvias, o camisa 10 é a referência do elenco, mas não quer encarar isso como um fardo.

Um dos símbolos da renovação é Rodrigo De Paul, meia de 25 anos da Udinese. "É um prazer estar aqui e compartilhar uma Copa América com o Messi", resume a aposta do técnico Lionel Scaloni. Mas sempre ressaltando o comportamento do camisa 10 na concentração: "Leo tem sido mais um, é isso que ele está transmitindo. Ele se coloca no mesmo nível que a gente, na mesma linha, e isso nos deixa muito felizes."

Messi é sensível às críticas de torcedores e opinião pública na Argentina. Para a Copa América, ele tomou a decisão de tentar encarar os julgamentos com mais naturalidade, consciente de que seu incômodo não vai mudar nada.

Por isso está aproveitando melhor a relação com os companheiros, especialmente o amigo Aguero e alguns mais jovens, e com profissionais da comissão técnica. O atacante argentino melhorou o contato até com a imprensa e concedeu três entrevistas no último mês, sendo uma coletiva no Barcelona e duas exclusivas a veículos de seu país. Ele não é afeito às declarações públicas, mas sabe que isso faz parte da mudança de postura.

Messi em 2014 - Bao Tailiang/AP Photo - Bao Tailiang/AP Photo
Foto premiada mostra Messi encarando a taça perdida da Copa do Mundo de 2014, disputada no Brasil
Imagem: Bao Tailiang/AP Photo

O principal ídolo da atualidade no futebol argentino e maior artilheiro da história da seleção é vice-campeão quatro vezes, sendo três da Copa América e um da Copa do Mundo de 2014. De volta ao Brasil é que ele tentará mudar a escrita. Messi já chegou a dizer que a seleção "não é para mim" e que trocaria suas cinco bolas de ouro de melhor jogador do mundo por um único título pela Argentina.

Mas só em 2019 ele se convenceu de que talvez mudanças sejam necessárias para que ele atinja o grande objetivo da carreira. É este o Messi que o Brasil verá a partir de hoje.