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Copa do Mundo Feminina - 2019

O que funcionou e o que não deu certo na primeira fase da Copa feminina

Troféu da Copa do Mundo feminina é fotografado em Le Havre, na França - Aurelien Meunier - FIFA/FIFA via Getty Images
Troféu da Copa do Mundo feminina é fotografado em Le Havre, na França Imagem: Aurelien Meunier - FIFA/FIFA via Getty Images

Ana Carolina Silva

Do UOL, em Le Havre (França)

22/06/2019 12h00

A Copa do Mundo feminina teve sua primeira fase encerrada ontem (20), mas continuará sob os holofotes de diferentes continentes durante o mata-mata. O torneio nunca brilhou tanto quanto nesta edição, na qual tem batido recordes atrás de recordes. Mas algumas coisas não funcionaram até aqui.

O Mundial teve alguns problemas de logística e organização. O próprio trabalho da imprensa encontrou obstáculos, como no fato de que não havia transporte entre Lille, cidade que a Fifa escolheu para a seleção brasileira treinar antes do jogo contra a Itália, e Valenciennes, palco do confronto em si. Você terminou sua cobertura pós-jogo na madrugada? Gaste 150 euros (R$ 650) em um táxi para o hotel.

Em diversos momentos, os voluntários (ou seja, pessoas treinadas e supostamente inteiradas sobre a Copa do Mundo) se mostraram confusos sobre questões básicas. Em Montpellier, o UOL Esporte viu Canadá x Camarões e por pouco não perdeu a chance de participar da zona mista, corredor onde as jogadoras são entrevistadas logo após deixarem o campo. Ao pedir orientação de caminho para os seis primeiros que vestiam colete, a resposta foi parecida: "Mixed zone? O que é zona mista?".

É importante destacar que não há um "clima de Copa do Mundo" generalizado. Na maior parte do tempo, a França vive sua rotina normal em todos os sentidos. O Brasil estreou contra a Jamaica em um domingo, no dia 9 de junho, e as duas torcidas sofreram para chegar ao Stade de Alpes. Como se não houvesse um grande evento, a charmosa, mas pequena cidade de Grenoble diminuiu a circulação dos bondinhos. A chuva pré-jogo deixou o principal meio de transporte ainda mais lento.

Além disso, torcedores de diferentes nacionalidades criticaram a Fifa pelo sistema de venda de ingressos. Muitas famílias compraram suas entradas juntas, mas foram separadas e ficaram em assentos distantes. Isso obrigou a entidade a emitir um comunicado se eximindo de qualquer culpa pelo problema e justificando que houve "alta procura" pelos bilhetes.

A Fifa deu a entender que "poderia abrir uma exceção" para menores de idade que fossem separados de seus responsáveis - ou seja, a organização não fez promessas e apenas disse que faria o possível para não separar pais e filhos vulneráveis.

Na véspera da abertura da Copa, a brasileira Ariana Ramos, que mora em Paris, teve de reimprimir os ingressos pois seus lugares tinham sido alterados. Situações como essa fizeram muita gente questionar: se a entidade não vê problema em mudá-los a qualquer hora, por que designar assentos para começo de conversa? E se a torcedora não tivesse lido o e-mail a tempo?

Nem tudo que reluz é ouro. Entretanto, nem tudo no maior Mundial feminino de todos os tempos é problemático. Paris normalmente não é a cidade francesa que mais pulsa por futebol, mas a capital brilhou na fase de grupos e obteve dois grandes públicos no Parc des Princes. Foram 45.261 em França 4 x 0 Coreia do Sul, e outros 45.594 para Estados Unidos 3 x 0 Chile.

Mais do que a quantidade, o que merece elogios nas torcidas da Copa do Mundo é o ambiente pacífico. Até o momento, não houve ocorrência de briga entre torcedores ou qualquer ato violento protagonizado por hooligans.

Famílias circulam livremente, e não há animosidade da população local contra a presença de turistas estrangeiros. Um mar laranja com cerca de 15 mil holandeses "invadiu" as ruas da pequena e pacata Valenciennes, e a reação dos moradores da cidade foi de orgulho.

A audiência do confronto entre Brasil e Itália foi de longe a maior do futebol feminino na história da TV italiana. Em solo brasileiro, mais de 22 milhões de pessoas assistiram à partida e ao gol histórico de Marta. Estima-se que metade das televisões brasileiras estava ligada neste jogo.

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