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Marta, Cristiane e Formiga podem ter se despedido de Copas. E agora?

Ana Carolina Silva

Do UOL, em Le Havre (França)

23/06/2019 18h38

A eliminação do Brasil na Copa do Mundo feminina, com derrota para França na prorrogação por 2 a 1, deve ser um divisor de águas. Cristiane já havia dito que não voltará para a próxima edição, em 2023. Marta ainda não oficializou uma decisão, mas Formiga já tinha até se aposentado da seleção e voltou atrás. O trio quebrou recordes e fez história individualmente, mas não conquistou um título coletivo de peso até hoje.

Sem elas, quais podem ser as lideranças do time?

A questão também preocupa Cristiane. "Ainda é um pouco difícil de analisar as mais jovens, porque eu também levei um tempo até entender que a minha voz era importante. Talvez algumas meninas levem um pouco de tempo, então não dá para determinar isso. Mas a gente precisa que elas entendam que tem de haver uma continuidade. Se elas pararem de falar, as coisas se acomodam", alertou a atacante.

Geyse é um dos nomes que mais chamam atenção da comissão técnica. A atacante é a mais jovem das 23 atletas que disputaram o Mundial, e só não tem mais chances na equipe porque precisa soltar a própria personalidade. O UOL Esporte apurou que a timidez excessiva da atleta ainda a prejudica.

Debinha foi um dos destaques positivos da seleção nesta Copa do Mundo. A jogadora teve o meião rasgado em campo contra a Itália, foi perseguida pela torcida francesa hoje (23) e parece ter conquistado o público brasileiro. Ela conta com prestígio da comissão técnica.

Andressa Alves também é vista como titular absoluta e só deixou o time após sofrer lesão. No entanto, Vadão já recebeu muitas críticas por ter escalado a meia-atacante como volante e como lateral esquerda nos jogos de preparação para a Copa. Não voltou a fazer isso no Mundial.

A situação de Andressinha é diferente. Boa parte da torcida brasileira acredita que ela deveria ter sido titular novamente contra a França, após ter boa atuação diante da Itália. É uma das jogadoras mais técnicas do Brasil na atualidade, tem bom passe e se destaca nas bolas paradas. Dentro de campo, promete ter bom desenvolvimento; fora das quatro linhas, é discreta e ainda não tem perfil de líder. Thaisa

Corinne Diacre, técnica da equipe francesa, chegou a dizer que o ponto fraco do Brasil é o sistema defensivo. Vadão não contestou este argumento, mas é importante explicar que o técnico perdeu muitas zagueiras importantes por lesão: Bruna Benites e Rafaelle, antes da Copa, e Erika, que foi convocada e acabou cortada antes da estreia. Esta sequência de contusões acabou transformando Kathellen em titular.

"A gente passa para as meninas mais novas que não é uma obrigação ser campeã. Você não pode impor isso para a menina, ela acaba ficando nervosa. Mas a gente passa para elas o quanto é importante que elas tomem à frente, porque a gente não vai ficar aqui para sempre. É a hora de elas aparecerem. Assim como eu, Marta e Formiga tivemos chance de aparecer lá atrás", concluiu Cristiane.