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Branco demonstra apoio a Neymar e elogia nova geração da base brasileira

Branco, ex-lateral da seleção brasileira, hoje atua na diretoria da CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Branco, ex-lateral da seleção brasileira, hoje atua na diretoria da CBF Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Augusto Zaupa e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

27/06/2019 12h00

Tetracampeão do mundo em 1994 e atual coordenador de base da seleção brasileira, o ex-lateral esquerdo Branco, 55, demonstrou apoio ao atacante Neymar, envolvido em um momento delicado na carreira devido à nova lesão no tornozelo direito, a possível saída do Paris Saint-Germain e uma acusação de estupro. Para o ex-jogador, estes problemas não irão afetar o seu rendimento em campo e que só lhe "falta conquistar uma Copa" para se firmar com um craque mundial.

Em conversa exclusiva com o UOL Esporte, Branco ainda enalteceu o trabalho do treinador André Jardine à frente da equipe Sub-20 e afirmou que uma geração promissora estará à disposição do técnico Tite na busca pelo hexa na Copa do Mundo de 2022, no Qatar.

Com três Copas do Mundo no currículo - esteve nos Mundiais do México-1986, Itália-1990 e Estados Unidos-1994 -, o ex-lateral esquerdo gaúcho fez uma comparação entre o argentino Lionel Messi e Neymar para tentar explicar a pressão sobre o atleta brasileiro.

"O que falta para o Neymar é o que falta para o Messi: ganhar um título mundial com a seleção do seu país. Eles são craques, ganharam a Champions [Liga dos Campeões], ganharam tudo. O Neymar é extremamente humilde, é um menino espetacular. O Messi também é um cara sensacional, espetacular."

Neymar - Andre Borges/AGIF - Andre Borges/AGIF
Imagem: Andre Borges/AGIF

"Estamos falando de craques. Só espero que o Neymar ganhe um título mundial antes. A geração da seleção brasileira de 82 foi uma das maiores injustiçadas no futebol mundial por não ter ganhado uma Copa. Só tinha craques", acrescentou.

Cortado da disputa da Copa América devido à lesão no tornozelo direito, durante o amistoso com o Qatar, Neymar tem enfrentado uma acusação de estupro por parte da modelo Najila Trindade. Somado a isso, ele é um dos principais assuntos do mercado europeu devido à possível saída do PSG para voltar a jogar no Barcelona. O coordenador de base da CBF disse acreditar que o atacante estará focado quando regressar aos gramados.

"Eu tenho muita certeza que ele tem como maior sonho escrever o nome dele na Fifa como campeão do mundo pelo Brasil. Eu não tenho a menor dúvida disso [de não se abalar por problemas extracampo]. Independentemente de onde for, na França, Itália, Espanha ou Inglaterra, o Neymar é bom pra caramba. Ele é craque e vai render em qualquer lugar."

Geração promissora à disposição de Tite

Tite - Pedro Martins/Mowa Press - Pedro Martins/Mowa Press
Imagem: Pedro Martins/Mowa Press

Há uma semana, a seleção brasileira Sub-20 conquistou o título do Torneio de Toulon, na França, de forma invicta - bateu o Japão na decisão após empate em 1 a 1 e vitória por 5 a 4 nos pênaltis. A campanha fez com que Branco elogiasse o trabalho do treinador André Jardine à frente da equipe.

"O André Jardine ele fez um ótimo trabalho, deu confiança ao grupo. Foi a estreia dele como treinador da seleção e isso deu uma boa sustentação. Temos uma base boa, ótimos jogadores", elogiou o ex-lateral ao apontar que muitos destes jovens poderão estar à disposição de Tite para as Eliminatórias à Copa de 2022.

Branco, no entanto, concordou que Tite precisa vencer a Copa América disputada no Brasil para seguir no comando da seleção principal e evitou comparar a situação do treinador gaúcho com à de Sebastião Lazzaroni, que precisava ganhar o torneio continental em 1989 para ir ao Mundial da Itália, no ano seguinte.

"Eu acredito muito nesta seleção. Penso que o Brasil tem tudo pra ganhar a Copa América novamente em casa depois de 30 anos. O trabalho do Tite é sólido, tem algumas situações que são naturais, mas ele tem qualidade na mão. Tomara que ele ganhe e que vá [para o Qatar, em 2022]. O Tite é extremamente competente, assim como era o Lazzaroni."

Elogios aos novos laterais

Filipe Luis - Thiago Calil/AGIF - Thiago Calil/AGIF
Imagem: Thiago Calil/AGIF

Acompanhando de perto os jovens jogadores que poderão defender a seleção principal, o tetracampeão mundial pela seleção brasileira em 1994 disse acreditar que o Brasil está bem servido de laterais e ainda enalteceu os atletas que estão no atual grupo de Tite.

"Eu acho que o Brasil ele cria jogadores toda hora, tem ótimos laterais direito e esquerdo. Agora mesmo na França, em Toulon, o menino Iago, do Internacional, foi muito bem. Assim como o Rogerinho [do Sassuolo]. Tem outros jogadores com qualidade: Emerson, que está no Betis e pertence ao Barcelona, o próprio Guga, que é do Atlético-MG. Tem uma geração muito boa vindo aí que terá um futuro brilhante na seleção brasileira."

"Mas temos que confiar nos que estão agora na principal. O Filipe Luis, por exemplo, trabalhou comigo na outra vez que eu fui gerente. Ele era do Figueirense. O Daniel Alves também foi comigo para Abu Dhabi. O Marcelo [Real Madrid] foi nosso jogador também na Sub-17, quando estava no Fluminense. Os laterais são importantes no atual sistema de jogo do Brasil. Eles impõem o jogo, têm técnica e qualidade. Estão bem preparados quando chegam no fundo para desafogar o jogo", analisou.

Jovens robotizados

Branco - Divulgação/CBF - Divulgação/CBF
Imagem: Divulgação/CBF
Contratado em outubro de 2018 para reassumir o cargo de coordenador de base da CBF, função que já havia exercido entre 2003 a 2007, Branco fez um alerta. Para ele, os jovens atletas estão perdendo a qualidade individual.

"O futebol brasileiro tem que recuperar a sua essência, que é a individualidade, o drible. Querem criar jogadores robotizados para vender para a Europa. Temos que ir no nosso caminho. Essa é uma mentalidade que eu tenho e que vou fazer. Inclusive, falei isso em uma palestra minha na CBF há um mês."

"Eu vou fazer agora um seminário para discutir isso com clubes de A e B e todos os representantes técnicos de federações pra criar metodologia de treinamento, voltar a explorar tudo isso que eu falei a questão da essência nossa que deu todos os títulos pra nós", finalizou.