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Por que Firmino reina no Liverpool, mas ainda não brilhou na Copa América

Atacante marcou apenas um gol e deu duas assistências pela seleção brasileira no torneio - Miguel Schincariol/AFP
Atacante marcou apenas um gol e deu duas assistências pela seleção brasileira no torneio Imagem: Miguel Schincariol/AFP

Bruno Grossi, Danilo Lavieri, Marcel Rizzo e Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG)

30/06/2019 04h00

Os melhores momentos de Roberto Firmino na Copa América estão concentrados na vitória por 5 a 0 sobre o Peru, ainda na fase de grupos. Mas o atacante ainda está longe de apresentar o futebol que o consagrou no Liverpool, da Inglaterra, pela seleção brasileira no torneio sul-americano. Por quê?

Firmino tem jogado de uma forma completamente diferente de suas características na equipe dirigida por Tite. Embora já tenha jogado outras vezes como centroavante fixo, brigando entre os zagueiros, essa nunca foi sua principal virtude. O trabalho do alemão Jürgen Klopp no Liverpool, campeão da Liga dos Campeões, mostra que o brasileiro funciona bem melhor saindo da área para armar e abrir espaço para os companheiros.

Essa movimentação é tão bem feita no time inglês que Klopp chegou a fixá-lo como um armador em diversas ocasiões na última temporada europeia. Firmino começou 12 jogos como meia e, para efeito de comparação, Philippe Coutinho, titular da vaga na seleção brasileira, só jogou assim quatro vezes pelo Barcelona no mesmo período - e mais dez pelo time canarinho.

E diante da má fase de Coutinho, tanto na Espanha como agora no Brasil, há quem torça para que Tite aposte de vez em Firmino na criação das jogadas. A começar pela semifinal contra a Argentina, marcada para as 21h30 de terça-feira, no Mineirão, em Belo Horizonte. Até o momento, o técnico só adotou essa estratégia no segundo tempo dos amistosos contra Honduras e Qatar e da goleada sobre o Peru, já na Copa América.

  • Jogos como meia na temporada: Firmino 12x14 Coutinho
  • Jogos como meia na temporada de clubes: Firmino 12x4 Coutinho

Além de ter jogado mais vezes na função de organizador, Firmino tem números melhores que Coutinho em 2018/2019, levando em conta ligas nacionais, Liga dos Campeões e jogos pela seleção: são dez assistências, além de 20 gols, contra oito assistências do concorrente, que marcou 15 vezes.

Quando Tite recolocou Gabriel Jesus no time titular e manteve Firmino como referência do ataque, havia a expectativa de que a estratégia do Liverpool seria replicada. Jesus tem bom potencial de finalização para aproveitar os espaços gerados por Firmino e entrar na área, como é feito pelo egípcio Mohamed Salah no clube inglês. O problema é que Tite prefere ver seus pontas sempre abertos, próximos da lateral, na tentativa de alargar a defesa adversária.

Firmino contra o Paraguai - REUTERS/Diego Vara - REUTERS/Diego Vara
Imagem: REUTERS/Diego Vara

Isso só foi quebrado após a expulsão de Fabián Balbuena, na partida contra o Paraguai, que acabou com a classificação brasileira para enfrentar a Argentina na semifinal da Copa América. No desespero, Jesus entrou mais na área, mas não para aproveitar a movimentação de Firmino, e sim para fazer volume no meio da retranca paraguaia.

Outra peculiaridade do jogo de Firmino no Liverpool é abrir espaço para a infiltração dos volantes. O holandês Gini Wijnaldum, por exemplo, fez sete gols nas duas últimas temporadas, justamente por aproveitar essa dinâmica. Na seleção, Allan é quem mais tem a característica de chegada surpresa, mas tem sido reserva de Arthur, que ouve seguidas broncas de Tite por não "pisar na área" ou "acertar a casinha".