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Encolhido, Maracanã receberá seu menor público em uma final de Copa

Estádio do Maracanã após reformas que encolheram o estádio - Pléiades, © Cnes, Distribuição Airbus DS
Estádio do Maracanã após reformas que encolheram o estádio Imagem: Pléiades, © Cnes, Distribuição Airbus DS

Danilo Lavieri, Marcel Rizzo e Pedro Lopes

Do UOL, no Rio de Janeiro e em Teresópolis

05/07/2019 04h00

Era 17 de junho de 1950 e pouco menos de um mês depois a Copa do Mundo a ser realizada no Brasil realizaria sua final. Naquele sábado se inaugurava o Maracanã e o Jornal dos Sports, dirigido por Mário Filho, jornalista que anos depois daria seu nome ao estádio, manchetou no dia seguinte: "A cidade invadiu o estádio". Pelo menos 150 mil pessoas foram à inauguração, um confronto entre as seleções carioca e paulista, com os portões abrindo 12 horas antes do início da peleja para evitar tumulto.

O Maracanã ainda estava incompleto, com longas proteções de madeira que sustentavam parte da estrutura do estádio, mas já recebera o título de maior do mundo. Que se provaria em 16 de julho, na última rodada da Copa do Mundo de 1950, quando o Brasil perdeu o título para o Uruguai por 2 a 1, em jogo conhecido como o Maracanazo, com milhares de pessoas no estádio. Oficialmente a Fifa aponta 174 mil pessoas, mas a própria entidade, em seus arquivos, admite que para evitar uma tragédia os portões foram abertos e é provável que sim, cerca de 200 mil espectadores estavam dentro do estádio aquele dia.

Algo que jamais vai se repetir. Pior, o Maracanã, orgulho dos brasileiros por décadas por ser o maior estádio do mundo, está encolhendo cada vez mais. No próximo domingo (7), Brasil x Peru entrarão em campo pela final da Copa América e o estádio Jornalista Mário Filho receberá seu menor público em finais de Copas.

Segundo o COL (Comitê Organizador Local), a carga operacional máxima do Maracanã nesta Copa América é de 69.763 espectadores. Muitos assentos são bloqueados, seja porque não dão visibilidade completa ou para áreas de imprensa e para parceiros comerciais, por isso o público não passará dos 70 mil que estiveram no último título brasileiro no estádio, a Copa das Confederações de 2013. Naquele 30 de junho, o público foi de 73.531 pessoas na vitória de 3 a 0 sobre a a Espanha, próximo dos 74.738 presentes na decisão da Copa do Mundo, pouco mais de um ano depois (Alemanha 1 x 0 Argentina).

Por que o Maracanã encolheu? Há muito do padrão Fifa, que faz com que os estádios tenham que ter assentos em todos os setores, limitando o número de lugares e criando arenas sem identidades, todas muito parecidas. Mas mesmo antes das reformas para a Copa do Mundo de 2014 e para os Jogos Olímpicos de 2016, o Maracanã já não recebia 170 mil ou 200 mil pessoas.

Em 16 de julho de 1989, 39 anos depois do Maracanazo, o Brasil venceu o Uruguai por 1 a 0 e foi campeão da Copa América com mais de 132 mil pagantes no Maracanã -- total foi de 148 mil, com mais de 15 mil entrando de graça. Mais do que o dobro do que deve ver a decisão de 2019 no domingo, mas já inferior a públicos de mais de 150 mil pessoas por causa de regras de segurança em equipamentos esportivos que surgiram no país principalmente após a redemocratização, nos anos 1980.

"Jogar no Maracanã será espetacular, estádio cheio, uma final", disse o atacante Gabriel Jesus. De 1997, ele não era nascido na última final de Copa América no Brasil, mas em 2016 estava em campo na decisão da Olimpíada do Rio, a vitória nos pênaltis sobre a Alemanha quando pouco mais de 63 mil pessoas estiveram no estádio - não era a seleção principal, mas um time sub-23 reforçado com três atletas mais velhos. Além dele, o zagueiro Marquinhos estava naquele elenco.

"Foi um momento especial e espero que o estádio possa estar com a mesma energia", disse Jesus.

O jogo deste domingo será o primeiro da seleção principal no Maracanã desde a final da Copa das Confederações de 2013, já que na Copa-2014 não atuou por lá e depois amistosos realizados fora do Brasil, reforma e opção por atuar em outros campos do país nas eliminatórias evitaram que Tite pudesse estar no estádio pela seleção brasileira. Até agora.