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D. Alves e Thiago Silva lideram Brasil dentro e fora de campo após críticas

Danilo Lavieri, Léo Burla, Marcel Rizzo, Pedro Lopes e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

08/07/2019 04h00

Aos 36 anos, Daniel Alves foi convocado para a Copa América e a repercussão foi de que era a prova de que não há renovação na lateral direita da seleção brasileira. Como Tite esperava planejar o time para a Copa do Qatar com um jogador que terá 39 anos em 2022? Os 40 dias de Dani com o elenco mostraram nos bastidores que a presença do veterano ainda é fundamental. E que ele fez falta na Copa-2018, quando estava machucado.

A avaliação interna é que Dani é um para-raios. Como capitão, principalmente, é o jogador que dá as declarações que o grupo precisa nos pós-jogos, principalmente dando os recados necessários a quem ataca a seleção. No ambiente de hotéis, concentrações e treinos, o lateral passa tranquilidade aos mais novos e mesmo a experientes que passaram por problemas recentes na seleção após maus resultados.

"O sentimento é que tudo que faço tem significado, tudo que planto tem colheita boa, isso que mantém sólida a carreira. Minha carreira foi construída assim, por ser um competidor, um batalhador, por alguém que não queria ser apenas alguém no futebol, queria carregar responsabilidade grande, carregando pessoas na minha profissão, ajudando pessoas, e esse é meu maior troféu. Deixar um legado para pequenos sonhadores, que tudo pode se abdicar de coisas, se estão preparados para pagar o preço", disse Daniel Alves. Ele foi eleito o melhor jogador da Copa América após a vitória de 3 a 1 sobre o Peru, no Maracanã.

Junto com ele na defesa esteve Thiago Silva, dois anos mais novo (34). Campeão da Copa das Confederações com a seleção brasileira em 2013, como capitão inclusive, Thiago acabou atravessando momentos difíceis nos anos seguintes com a camisa amarela. Em 2014, na campanha da Copa que culminou na derrota de 7 a 1 para a Alemanha, jogo semifinal que não participou por estar suspenso, ele ficou marcado pelo choro na disputa de pênaltis das oitavas de final, contra o Chile. Graças a este episódio, Thiago foi questionado se seria o capitão ideal para o time. Cinco anos depois, a Copa América mostrou que ele ainda consegue impor a liderança sobre o grupo, como Dani.

Thiago Silva e Richarlison - Luis Acosta/AFP - Luis Acosta/AFP
Thiago Silva e Dani Alves tiveram papel importante para dar calma aos mais novos como Richarlison
Imagem: Luis Acosta/AFP

"Não incomoda [críticas após os 7 a 1]. Ninguém aqui tem amnésia, não esqueceu, mas você não pode ficar pensando nas coisas ruins que passaram, tem que pensar nas boas", disse Thiago Silva. Ele cometeu um pênalti na vitória sobre o Peru, que para ele foi discutível não por ter batido em sua mão, mas pelo braço estar no gramado. "Mas não reclamamos e acho que por isso logo depois marcamos o segundo, nós não perdemos a concentração", disse o zagueiro.

Dani e Thiago têm um papel importante no sucesso da defesa, que levou apenas um gol na Copa América, mas também no bate-papo com o setor ofensivo, mais jovem. Mesmo Firmino, com 27 anos e campeão europeu com o Liverpool, nunca havia jogado no Maracanã, por exemplo. Sem Neymar, o ataque teve Gabriel Jesus (22), Everton (23), David Neres (22) e Richarlison (22), jovens que se sentiram confortados em momentos de tensão pelos mais velhos. Neres e Richarlison perderam vaga no time, chegaram a ficar desanimados, mas os exemplos das críticas que Dani e Thiago Silva sofreram nos últimos anos foram usados para reanimá-los.

No momento, Tite não tem como, e nem motivo, para pensar em sacar Daniel Alves e Thiago Silva do elenco, apesar da idade avançada de ambos. Questionado sobre isso, Tite desconversou, disse que continuará observando os atletas nos clubes para definir as listas. As próximas, provavelmente com os dois veteranos.