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Raí foge de erros do passado e luta contra desmanche no São Paulo

O ex-jogador é diretor-executivo de futebol do Tricolor Paulista desde dezembro de 2017 - Marcello Zambrana/AGIF
O ex-jogador é diretor-executivo de futebol do Tricolor Paulista desde dezembro de 2017 Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Bruno Grossi

Do UOL, em São Paulo

09/07/2019 04h00

Há quase 20 meses à frente da diretoria de futebol do São Paulo, Raí colocou uma meta para esta temporada em que as chances de título já são remotas para o clube. A ideia do executivo de futebol é evitar um desmanche do elenco no meio do ano, um erro que custou caro ao Tricolor em um passado recente.

Raí tem demonstrado esse desejo desde janeiro, quando lhe foi apresentada a previsão da diretoria em arrecadar R$ 120 milhões em vendas em 2019. O ex-jogador assentiu, mas deixou claro que buscaria esse resultado sem mexer nos principais destaques da equipe. A ideia era compor o valor com vendas de atletas periféricos no elenco e com bônus de transferências feitas anteriormente - como os valores gerados pela ida de Militão para o Real Madrid.

Com a abertura da janela de transferências internacionais reaberta, Raí tem reforçado a posição de que não quer desmantelar o elenco com a temporada em andamento. Ele lembra que o São Paulo já sofreu muito com isso entre 2015 e 2017, quando a venda de jogadores importantes frustrou os planos de técnicos como Juan Carlos Osorio e Rogério Ceni.

Em 2018, em sua primeira temporada como executivo de futebol do Tricolor, Raí já conseguiu mudar um pouco essa rota. Na pausa para a disputa da Copa do Mundo, o dirigente perdeu apenas um jogador titular: Marcos Guilherme, que nem sequer pertencia ao clube paulista e foi negociado pelo Athetlico-PR com o Al Wehda, da Arábia Saudita.

Além dele, saíram Christian Cueva, Valdívia (outro que estava emprestado), Petros, Lucas Fernandes e Paulinho Boia, que naquele momento eram reservas. Depois, Militão acabou vendido ao Porto, em um cenário peculiar em que o São Paulo corria o risco de não lucrar com a revelação e ainda vê-lo se recusar a jogar no restante do ano.

O saldo, na visão de Raí, foi positivo. O técnico Diego Aguirre, na época, queria um elenco menor e teve isso contemplado com as ações da diretoria, que contratou apenas Rojas, Bruno Peres e Everton Felipe para o segundo semestre. No fim, o uruguaio lamentou o grupo com poucas opções quando o time perdeu fôlego no Campeonato Brasileiro.

Raí e Alexandre Pássaro na apresentação de Everton Felipe, em agosto de 2018 - Marcello Zambrana/AGIF - Marcello Zambrana/AGIF
Raí e Alexandre Pássaro na apresentação de Everton Felipe, em agosto de 2018
Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Para esta temporada, cinco jogadores saíram durante a pausa para disputa da Copa América: Rodrigo, emprestado ao Portimonense, e o quarteto Bruno Peres, Jucilei, Nenê e Biro Biro. O último já acertou com o Botafogo, enquanto os demais ainda não definiram seus novos clubes.

Havia um temor de que Robert Arboleda saísse mais valorizado da Copa América com a seleção do Equador e, assim, acabasse seduzido por propostas da Europa. O São Paulo, entretanto, ainda não recebeu nenhuma oferta concreta e já comunicou ao jogador que conta com ele para o restante do ano.

A diretoria também sabe que os garotos que despontaram no Campeonato Paulista também têm sondagens do futebol europeu. E é aí que entra toda a disposição de Raí para evitar um desmanche. O ídolo quer mostrar aos jovens que o São Paulo pode oferecer bons salários e uma condição satisfatória de trabalho para que eles permaneçam por mais tempo e busquem valorização no próprio Tricolor.

Assim, quando negociados no futuro, podem receber mais e ainda encontrar um clube de maior expressão no exterior. Para o clube, ficaria uma chance maior de bons resultados esportivos e de lucro. Só que episódios como o atraso no pagamento de direitos de imagem atrapalham essa briga de Raí e do departamento de futebol, gerando certo desconforto com a diretoria no Morumbi.

Essa tentativa também tem a ver com as próprias experiências de Raí. No ano passado, a interrupção do trabalho de Diego Aguirre não foi bem vista até por pares do dirigente no São Paulo, justamente por quebrar essa crença pela continuidade.

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