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Seleção prometeu tetra para Parreira após derrota histórica para Bolívia

Jogadores da seleção brasileira comemoram com Parreira o tetracampeonato nos Estados Unidos - Pisco Del Gaiso/Folhapress
Jogadores da seleção brasileira comemoram com Parreira o tetracampeonato nos Estados Unidos Imagem: Pisco Del Gaiso/Folhapress

Diego Salgado, Gabriel Carneiro e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

13/07/2019 04h00

Bebeto, Dunga, Raí e Ricardo Rocha não tiravam o olho de Carlos Alberto Parreira na concentração da seleção brasileira. O ambiente estava pesado naquela madrugada de agosto de 1993 e o quarteto tinha certeza que o técnico pediria demissão do cargo diante da pressão quase insustentável por resultados melhores nas Eliminatórias da Copa de 1994. Parecia questão de tempo.

O plano dos líderes do time era o seguinte: esperar o melhor momento para interpelar o comandante e tentar evitar a saída. A ideia começou a ser colocada em prática durante uma refeição em um hotel de Maceió. Elenco e integrantes da comissão técnica comiam lado a lado, mas, ao contrário do habitual, o silêncio era o protagonista da cena depois de mais um resultado ruim - um empate por 1 a 1 com o México, na capital alagoana.

Parreira, experiente e há quase dois anos no comando do time, sentiu que algo diferente estava em curso. "Disputamos o amistoso à tarde e chegamos tarde na concentração. Percebi que eles não levantavam, que estavam esperando por alguma coisa. Quando levantei, eles levantaram", relembrou o comandante do tetra mundial em entrevista ao UOL Esporte.

Parreira - Antônio Gaudério/Folhapress - Antônio Gaudério/Folhapress
Parreira ao lado de Zagallo: dupla sofreu pressão por saída um ano antes do tetracampeonato mundial nos Estados Unidos
Imagem: Antônio Gaudério/Folhapress

Já no quarto de Parreira, os atletas foram direto ao ponto: "Que história é essa que você vai largar a seleção?", perguntou o grupo. O treinador, assustado, negou imediatamente, afirmando tratar-se de um boato surgido dias antes.

O Brasil corria sério risco de ficar fora de uma Copa do Mundo pela primeira vez. Nos primeiros três jogos das Eliminatórias, empatara sem gols com o Equador em Guayaquil, perdera por 2 a 0 para a Bolívia em La Paz, no primeiro revés da seleção na história do torneio qualificatório, e fizera 5 a 1 na fraca Venezuela, em San Cristóbal. Dali a uma semana, enfrentaria o Uruguai em Montevidéu.

Uma promessa, então, foi feita pelo quarteto. O Brasil se reergueria nos jogos de volta, que seriam disputados todos em solo brasileiro. "A pressão estava muito grande em cima dele. Falamos com ele, dissemos que ele não ia sair, falamos que iríamos nos classificar em primeiro, que seríamos tetracampeões do mundo e que ele seria o nosso treinador", contou Bebeto em entrevista ao UOL Esporte.

O Brasil, de fato, reergueu-se. Depois de empatar por 1 a 1 com o Uruguai, o time emendou quatro vitórias seguidas, com direito a uma goleada por 6 a 0 sobre a Bolívia enfraquecida sem a altitude como aliada. Em julho de 1994, há 25 anos, o tetra viraria realidade. A madrugada do dia 9 de agosto de 1993, entretanto, mostrou-se essencial.

"A gente começou a ganhar a Copa do Mundo ali", disse Bebeto.