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Manobra feita em voo do Palmeiras é fácil e segura, dizem especialistas

Time comandado por Felipão enfrentou problemas para chegar à Argentina - Marcello Zambrana/AGIF
Time comandado por Felipão enfrentou problemas para chegar à Argentina Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Patrick Mesquita

Do UOL, em São Paulo

22/07/2019 04h00

O domingo do Palmeiras esteve longe de ser tranquilo. Devido às más condições climáticas e fortes ventos, o avião fretado que levava o clube paulista de Fortaleza (CE) para a Argentina não conseguiu pousar na cidade de Mendoza. A aeronave precisou arremeter (tentar pousar e voltar a ganhar altura) duas vezes antes de mudar a rota para primeiro para Rosário e depois para Buenos Aires, cidade em que o elenco teve de pernoitar.

Só que, apesar do susto, a delegação não sofreu grande risco. Procurados pela reportagem do UOL Esporte, pilotos afirmaram que o procedimento é simples, de fácil execução e feito exatamente por questões de segurança.

"Pode acontecer de um avião arremeter mais de uma vez, e tudo depende das condições meteorológicas no momento da aproximação e da quantidade de combustível a bordo. A gente costuma brincar que todo pouso é uma arremetida que deu errado, porque além de preparar-se para o pouso os pilotos preparam-se para a arremetida, que é uma manobra normal, fácil e bem simples", afirma o piloto de avião Angelo Martinez.

Martinez afirma que, além da influência de fenômenos climáticos, não há qualquer dificuldade para pousar no aeroporto Governador Francisco Gabrielli, em Mendoza. Ele também explica que a decisão de ir para Rosário já estava decidida com antecedência, uma vez que todo e qualquer plano de voo conta com a presença de um destino alternativo.

"O aeroporto de Mendoza não é difícil de pousar. Já pousei em Mendoza e esse fenômeno é bem comum nessa época do ano, devido à passagem de frentes frias e à turbulência que vem dos Andes", conta.

Já o piloto de aviação executiva Durval Filho é mais incisivo em relação à simplicidade do procedimento pelo qual o avião fretado pelo Palmeiras passou.

"O piloto está preparado, o procedimento normal é a arremetida. Até causa um furor nas pessoas, acha que vai cair, mas é muito mais normal do que parece. Nós, pilotos, estamos preparados para isso. Todo o treinamento de piloto não é feito conduzindo uma aeronave em situação comum. Os treinos são feitos só em situação de emergência. Voar o piloto já sabe. O treinamento fica muito presente em situação de emergência. Para o piloto é como tomar cafezinho", explica.

Segundo Durval, o piloto responsável pelo voo agiu de forma segura e protocolar ao não insistir no pouso e correr o risco de arremeter uma terceira vez.

"Quando você traça uma rota, a aeronave tem que ter autonomia (combustível) do ponto A ao B e do B ao C, além de mais 30 minutos. Estão cumprindo o regulamento e sempre resguardados para o máximo de segurança possível. Isso que aconteceu atrapalha logística, causa um transtorno, é horrível isso, mas não tem risco. Se foi feito tudo isso, era o que deveria ser feito para manter a segurança", analisa.

Risco ilusório

Durval Filho também destaca que o medo dos passageiros em uma situação similar a enfrentada pelo Palmeiras é um fator mais imaginário do que real.

"Quando tem turbulência, o passageiro acha que vai cair. Isso é o que 90% das pessoas acham, mas é como cair com o carro em um buraco, só um desconforto. O piloto está preparado, o procedimento normal é a arremetida. Mas causa um furor, a pessoa acha que vai cair, mas é muito mais normal do que parece", afirma.

"Se você olhar estatisticamente, quase 40% das pessoas têm fobia, não entram em avião. O resto vai com remédio, bebida. Isso porque o acidente aéreo causa muita comoção. Estamos conversando aqui e está tendo um acidente de moto, de carro. Mas o de avião deixa as pessoas ansiosas. Acidente aéreo é causado por fator humano. Na estatística, avião não cai, é derrubado. Mas para as pessoas, uma arremetida já é fato de preocupação. É como trocar de roupa, tão normal. O risco é zero. Risco existiria se ele insistisse naquele pouso", disse.

O Palmeiras está na Argentina para enfrentar o Godoy Cruz pelas oitavas de final da Libertadores. O duelo está marcado para as 21h30 (de Brasília) desta terça-feira. O time decidiu passar a noite em Buenos Aires e vai para Mendoza hoje (22).

Vídeos mostram a luta de pilotos em pousos e arremetidas com vento forte pelo mundo

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