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Gremista agredida no Gre-Nal diz ter parte de culpa: "Fui ingênua"

Do UOL, em Porto Alegre

24/07/2019 17h13

Tais Dias, torcedora do Grêmio vítima de agressão após o fim do último clássico Gre-Nal, se manifestou em entrevista à Rádio Guaíba na tarde de hoje (24). Ela disse que se sentiu segura durante o jogo inteiro, não quis provocar a torcida rival e afirmou ter alguma culpa no caso.

"Em momento algum eu quis provocar a torcida do Inter. Não houve afronta. Não me eximo da minha culpa, talvez eu tenha sido muito ingênua por ter comemorado daquela forma. Eu me senti confortável durante o jogo, e como não tinha nenhuma organizada por ali, eu estava segura e me virei para a torcida do Grêmio e comemorei. Fui ingênua", disse.

A torcedora confirmou a circunstância da agressão. Ela foi ao clássico acompanhada pelo marido e os dois filhos. Ele e o filho colorado foram para outro setor do estádio. O filho gremista, que acompanhou toda agressão, pediu para ficar mais perto da torcida do Grêmio e por ali eles permaneceram.

Tais levava uma camisa do Grêmio na bolsa. A ideia deles era entrar na torcida mista (espaço em que colorados e gremistas dividem área) mas o local era restrito a sócios e eles não conseguiram entrar.

"Todo o jogo foi tranquilo. Não comemoramos o gol do Grêmio, os colorados que estavam ali foram muito educados. O Bernardo (filho) queria comemorar, mas não deixei, poderia ser uma afronta aos colorados. Durante o jogo não houve agressão, nem problema", comentou.

O problema todo aconteceu quando a partida já tinha acabado. Tais tirou a camisa do Tricolor da bolsa e ergueu voltada para a torcida do Grêmio. O filho, também com uma camisa, comemorou junto. Foi quando um grupo de colorados se aproximou e uma torcedora iniciou as agressões.

"Não me eximo do meu erro, mas foi um ato que não quis provocar a situação, foi ingênuo da minha parte. O clima estava tão legal, agradável, de ambas as partes, que eu quis comemorar com meu filho. Tanto é que tenho uma filmagem no meu celular, que filma a torcida do Grêmio, em que meu filho fala: mãe, eu posso agora pegar minha camisa. Eu digo: agora não, espera o pessoal sair. Ele queria comemorar junto, mas não deixei para não ofender os colorados que estavam ali. Até que, se olhar as filmagens, essas pessoas não estavam na arquibancada, nem sei de onde saíram, vieram de outro local", contou.

Um segurança do Inter evitou que a torcedora colorada tomasse a camisa de Tais e Bernardo. Pegou as peças de roupa e acompanhou todos para fora do estádio. Lá, devolveu o material.

O caso está sendo acompanhado por Ministério Público, Polícia Civil e o STJD irá denunciar o Inter. O clube suspendeu a torcedora envolvida nas agressões e abriu procedimento interno contra outros dois aficionados que fazem parte do Conselho Deliberativo.

"Não temos mais interesse de ir no estádio. Temos um convite, iremos no jogo de amanhã, um convite do clube, até porque o Bernardo não conhece a Arena, então vamos levar ele e depois vamos dar um tempo. Quero carregar esta questão, talvez os clubes tenham que discutir a torcida mista, não ser só para sócio", finalizou a mãe.