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Investigação de fair play do PSG por Neymar e Mbappé causa crise na Uefa

Neymar e Mbappé, durante treino do PSG - Divulgação/PSG
Neymar e Mbappé, durante treino do PSG Imagem: Divulgação/PSG

Do UOL, em São Paulo

24/07/2019 16h24

A investigação envolvendo um possível desrespeito do PSG com as regras do fair play financeiro na compra de Neymar e Kylian Mbappé causou uma crise dentro da Uefa. Documentos obtidos pelo jornal "New York Times" mostraram que o investigador principal do caso, Yves Leterme, disse não ter tido irregularidades por parte do clube francês.

A decisão surpreendeu o juiz José Narciso da Cunha Rodrigues, que recebeu o processo em junho do ano passado. O magistrado pediu que o investigador reavaliasse o caso e levantou questões sobre as conclusões feitas por Leterme. "A decisão de encerrar o caso foi manifestamente errônea".

A manifestação de Cunha Rodrigues de nada teria adiantado. O PSG recorreu da decisão de reabertura do processo e teve a Uefa ao seu lado. Por isso, o caso acabou encerrado e o clube francês se livrou da punição.

Os documentos analisados pelo jornal mostram que Leterme contratou a empresa de marketing esportivo Octagon Worldwide para analisar os acordos de patrocínio do PSG, utilizados como argumento pelo clube para justificar os gastos. Ao mesmo tempo, o investigador permitiu que a equipe contratasse outra empresa para também analisar os números - a escolhida foi a Nielsen.

A investigação da Octagon concluiu que o acordo de patrocínio do PSG com o setor de turismo do Qatar tinha um valor de menos de 5 milhões de euros. Já na análise da Nielsen, o valor se aproximava do justificado pelo PSG em seus balanços.

Yves Leterme, então, preferiu não solicitar um terceiro estudo e utilizou os da Nielsen como corretos. A decisão, segundo o jornal, incomodou membros do comitê de investigação da Uefa. O juiz José Narciso da Cunha Rodrigues também mostrou estranhamento. Em seu relatório, o magistrado disse que Leterme apresentou cálculos de patrocínios com valores superiores até dos apresentados pela Nielsen.

Um dos membros do comitê de investigação da Uefa chamou de "raciocínios absurdos" as conclusões feitas por Leterme sobre o caso. A decisão dele foi anunciada em 18 de junho. Nela, ele dizia que o PSG teve um déficit de apenas 24 milhões de euros em três anos.

Em sua decisão, o juiz José Narciso da Cunha Rodrigue disse que as descobertas levavam à conclusão de que a decisão de inocentar o PSG deveria ser descartada e uma nova investigação aberta imediatamente. Antes que isso acontece, o clube francês entrou com uma apelação justificando que não havia motivos para uma reabertura do caso. A Uefa apoiou a absolvição.

Kylian Mbappé chegou ao PSG, em agosto de 2017, por empréstimo de 35 milhões de euros, vindo do Monaco, e com uma exigência de compra de 120 milhões de euros que seria pago um ano depois. Já Neymar foi comprado por 222 milhões de euros em agosto de 2017.