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Mario evita 'assunto' Diniz e convoca torcida do Fluminense ao Maracanã

Mario Bittencourt evitou aumentar a pressão sobre Fernando Diniz no Fluminense - Lucas Merçon/Fluminense FC
Mario Bittencourt evitou aumentar a pressão sobre Fernando Diniz no Fluminense Imagem: Lucas Merçon/Fluminense FC

Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro

16/08/2019 14h03

O presidente Mario Bittencourt concedeu entrevista coletiva no CT do Fluminense nesta sexta-feira. O assunto que polarizou as perguntas, claro, foi o técnico Fernando Diniz, pressionado no comando da equipe. O mandatário, entretanto, evitou aumentar a pressão sobre o treinador. Para ele, tudo já foi dito sobre a questão e a direção espera que os resultados apareçam nos próximos jogos.

"Todo e qualquer profissional do Fluminense está sob avaliação constante. Ele é o treinador e continua sendo. Não podemos discutir a solidez por conjecturas futuras. No futebol brasileiro, mundial ou em empresas, não se discute dessa forma. Nós não vamos transformar uma coisa normal no departamento de futebol, que é a falta de resultados, apesar de o trabalho estar sendo bem executado, em um fator complicador", declarou.

Apesar disso, Mario admitiu a preocupação com a situação da equipe, 16ª colocada do Campeonato Brasileiro com apenas 12 pontos em 14 rodadas. Preocupação que corrobora com a do vice geral Celso Barros, que atendeu a imprensa na terça-feira.

"Resultados matematicamente não são bons, o treinador segue fazendo seu trabalho, o ambiente é bom, mas um clube como o Fluminense, gigantesco, tem sempre pressão. Quem está na cadeira tem que trabalhar de maneira fria, estamos tranquilos. Futebol tem pressão, torcida, rede social, não tem muito o que falar além do que já foi dito pelo Celso. Preocupado também estou muito. A preocupação é com a capacidade de sair na parte de baixo da tabela, somos um clube grande e queremos sair daqui. A preocupação existe porque tem que existir, mas o ambiente é maravilhoso. E é por isso que acreditamos que vamos sair", disse o presidente.

As diferenças entre o discurso dos dois, entretanto, ficaram claras na coletiva. O presidente buscou um tom mais ponderado, mas descartou qualquer discordância com Celso.

"Cada um tem sua forma de exercer liderança. É normal. O ambiente é bom, alegre, feliz, o dia a dia tem sido bom. A gente vem trabalhando bem, organizado, estruturado, mas como somos dois torcedores, estamos ansiosos para que o time vença e se recupere no Brasileiro, como vem bem na Copa Sul-Americana".

Mario Bittencourt falou ainda sobre o atacante Pedro, alvo de cobiça de clubes europeus. Para ele, a lesão do atacante não impede uma transferência, ainda que nenhuma proposta oficial tenha sido feita pelo jogador.

"Não chegou nenhuma proposta oficial nem pelo Pedro e nem por outro jogador. Houve algumas sondagens. A maioria dos clubes que saíram era mentira. Tivemos procura de dois clubes, mas não foram propostas, prefiro não citar os dois clubes. Procuraram para perguntar se tinha interesse e respondi que se fosse um bom negócio do ponto de vista financeiro e técnico, poderíamos fazer negócio. Acho que a lesão não interfere, é uma lesão rápida. Em 15 ou 20 dias ele deve voltar", afirmou.

Por fim, o mandatário tricolor convocou a torcida para o Maracanã, onde o Fluminense terá importante confronto direto com o CSA, no domingo, às 16h. Mario desafiou os torcedores e prometeu uma promoção caso "atinjam" uma meta estabelecida pela direção.

"Já há mais de 10 mil ingressos vendidos para o jogo contra o CSA, e gostaria de lançar um desafio. O time precisa sempre, mas dessa vez, em especial, precisa de sua torcida. Se ultrapassarmos os 20 mil pagantes no domingo, faremos uma promoção ainda maior contra o Avaí, no dia 2 de setembro: o setor sul sairá por 40 reais (meia-entrada à R$ 20) e a leste inteira por 10 reais. Assim, a meia-entrada, que representa mais da metade das vendas, sairá por R$ 5. É um desafio ao torcedor para termos o estádio cheio nos dois jogos", propôs.

Confira outros assuntos da coletiva de Mario Bittencourt:

Yony González

Celso está conduzindo as negociações. Falou ontem sobre a reunião, que foi bastante positiva. O atleta irá avaliar a proposta. Angioni e Celso estão com isso e deve haver resposta nos próximos dias.

Convocação de Allan

Ficamos felizes com a convocação. É uma data Fifa, convivemos com o desfalque. Mas é algo positivo. Temos que respeitar, o atleta se valoriza e valoriza a instituição. A priori estamos felizes com a convocação, bem como o atleta. Em outra situação avaliaríamos de outra maneira.

Patrocinadores

Entendo a ansiedade da torcida, até porque também sou torcedor e estive a vida inteira nesse ambiente de ansiedade. Desde que chegamos, havia fechamento do patrocínio da Forteviron. Chegou Azeite Royal, Kashbet, já temos a Tim. Estamos negociando com empresas de patrocínio master. 100% do que saiu é invenção. Estamos negociando para que o master saia com um valor justo. Há propostas que consideramos baixas e contrapropusemos. Outras empresas fizeram propostas condizentes e estamos com negociações abertas, claro, sem afobação, para que seja algo do tamanho gigantesco da camisa do Fluminense.

Reforços

Celso já falou sobre as questões do futebol, negociações que não foram concluídas. Seguimos atrás de um jogador, outras oportunidades estão surgindo, prefiro manter em sigilo, e nossa data limite é a de finalização de inscrições para o Brasileiro. Há um limite de inscrição, só podemos ter 5 jogadores de times da Série A. Com o Nenê fica faltando uma vaga. Estamos buscando um zagueiro, o Celso foi bem claro que estamos tentando. Espero que a gente resolva em breve. Ele (Celso) vem fazendo um trabalho árduo com o Angioni e o departamento de futebol e estamos tentando, dentro das condições que o mercado e os regulamentos nos impõem.

Reunião

Situações internas são debatidas internamente. Venho aqui sempre às sextas aqui ao CT para poder saber do andamento de tudo. Falamos sobre futebol, amenidades, trabalho, foi uma reunião normal de bate-papo. Repercussão é o ambiente igual, leve, transparente, de amizade, time treinou normalmente. Não houve nada de diferente em relação a esse assunto. Tudo dentro do trâmite normal do dia a dia. Não estive presente com a reunião, mas tenho ciência, foi uma reunião normal, o ambiente segue maravilhoso desde o dia que cheguei.

Sandro Lima

O futebol qualificou as pessoas que trabalham aqui como dirigente. O dirigente é o não remunerado, presidente, vice... Os profissionais remunerados são profissionais. Estamos avaliando pessoas que estão aqui e que podem vir nos ajudar. Acho que fomos muito corretos quando chegamos sem mandar pessoas embora, pela mudança de gestão. O que foi combinado é que seriam três meses de avaliação, não é de competência, mas de filosofia. Cada um tem a sua. A todo momento as pessoas estão sendo avaliadas positivamente. No nosso plano de gestão, sempre foquei que achava que havia uma lacuna no departamento de futebol que é a função do gerente, abaixo do diretor-executivo. Ao longo das semanas, o Paulo Angioni também manifestou essa necessidade.

Time de aspirantes

E existe uma situação que vai acontecer, que já existe um Campeonato Brasileiro sub-23, e o futebol brasileiro tem esse problema da alocação de talentos dos que estouram a idade dos sub-20. Emprestamos pra tudo que é lugar, mas seria mais interessante fazer a transição aqui dentro. Ano que vem teremos um time sub-23 que disputará a competição. Aí, ainda mais, existe a necessidade desse profissional para trabalhar com o elenco profissional e de aspirantes. O Sandro tem uma ligação com o clube e está sim no nosso radar. Teve resultados expressivos aqui, é um dos nomes que estamos avaliando.

Finanças

Preocupação financeira, claro que temos. Temos um teto do departamento e do clube. Não é varejo, é um teto geral. Já saíram alguns jogadores e entraram outros. A folha é do mesmo tamanho. Isso vale para todo o clube. Estamos usando essa filosofia em todos os departamentos do clube. Analisando o número friamente, cheguei com uma conta já pronta: dívida de R$ 658 milhões. Desde que chegamos, a receita aumentou bastante, com dois patrocinadores novos e três mil novos sócios. A situação melhorou. Longe do ideal, mas já demos passos à frente. Está tudo dentro do nosso orçamento, nem podemos sair dele. Tentaremos de maneira exponencial aumentar nossas receitas.

Maracanã

Relação é ótima com o Flamengo. Nos falamos quase diariamente com o presidente, o Bap, outros profissionais. A questão da dívida. Existe uma SPE chamada Fla-Flu que administra o estádio. Todas as receitas entram nessa SPE, que tem uma obrigatoriedade de chegar a um valor neste seis meses, um valor mínimo. O que sobra disso, em tese volta de lucro para os dois clubes. Nem o Fluminense nem o Flamengo retiram dinheiro do caixa para pagar o Maracanã. É a SPE, administrada pelos dois. Os resultados vão acontecendo e entrando ali. Quando chegamos, havia um débito de mais ou menos R$ 400 mil. Em nenhum jogo desde que assumimos teve prejuízo. Os borderôs estão lá, mas não mostram toda a receita. O borderô conta o dia do jogo, mas não conta o sócio futebol, por exemplo. O borderô declara como uma despesa. Alimentos e bebidas vendidas não entram no borderô, mas os clubes recebem. Os dois clubes vem tendo êxito nas operações dos jogos. Os nossos valores de recebimentos foram penhorados, e não conseguimos colocar esses valores na SPE, não ao Flamengo. Ao fim do contrato, o resultado vai dizer se teremos que arcar com algum valor. Temos uma dívida hoje de R$ 652 mil com a SPE, mas temos o mecanismo de solidariedade a receber do Flamengo pela venda do Gerson, que é um valor maior. Já autorizamos ao Flamengo fazer esse desconto. Esse acordo já foi feito. O Flamengo em vez de nos pagar e receber de volta, descontará. O Maracanã hoje não dá prejuízo. Temos totais condições de tocar a administração nesse novo contrato em parceria com o Flamengo. Prejuízo não existe. Caberia até uma avaliação melhor para entender como é a parceria tecnicamente. Hoje, é uma parceria e um modelo produtivo.

Altair

A matéria nos deixou triste porque somos um clube que valoriza os ídolos e profissionais que são importantes para a instituição. Somos um clube muito preocupado com isso. Talvez sejamos o clube ou um dos clubes mais preocupados com a nossa história. Naquele dia, às 11h, fui informado por um benemérito sobre a possível morte, ainda não confirmado. Pedi que buscassem mais rapidamente as informações. Por volta de 13h, chegou a confirmação: de imediato pedimos um minuto de silêncio em toda a rodada para a CBF, determinei luto de três dias e bandeira à meio mastro, além do time jogar, também, de luto. O time estava viajando, não tivemos condições físicas de estar presente. Achei estranho porque em outros velórios a imprensa não esteve presente para saber se mandamos representantes. Na próxima rodada todos os jogadores usarão o nome dele. A família dele será representada pela do Jair Marinho, que estará no estádio. Recebi uma sugestão do Deley que gostei muito: usar o nome do Altair para um dos campos em Xerém. Mas adaptei e vamos nomear o campo do CT de Altair. Faremos uma cerimônia, tentaremos novamente contactar familiares e coloquei em votação ontem no Conselho Deliberativo, apesar de não precisar (foi aprovado por unanimidade), e vamos fazer um livro em homenagem a ele junto ao Flu-Memória.

Salários

Chegamos com quase noventa dias de atraso. Não queremos buscar dinheiro a qualquer custo e preço para não aumentar a dívida. Conseguimos até agora com enorme dificuldade quitar boa parte do que era devida. Estamos devendo apenas alguns dias, do mês de julho. Neste primeiro momento, não só demonstramos que a equipe de trabalho fez um esforço pelo comprometimento. É obrigação pagar os salários, não é mérito. Os nossos credores, até o momento, estão entendendo a seriedade, a transparência e a hombridade da administração.

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