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Sonho do Vasco, Jesus encara rubro-negro Luxa em clássico "cruzado"

Vanderlei Luxemburgo, pelo Vasco, e Jorge Jesus, pelo Flamengo, se enfrentam hoje em Brasília - Carlos Gregório Jr. - Vasco / Alexandre Vidal - Flamengo
Vanderlei Luxemburgo, pelo Vasco, e Jorge Jesus, pelo Flamengo, se enfrentam hoje em Brasília Imagem: Carlos Gregório Jr. - Vasco / Alexandre Vidal - Flamengo

Alexandre Araújo e Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

17/08/2019 04h00

O clássico entre Vasco e Flamengo, hoje (17), no Estádio Mané Garrincha, pelo Campeonato Brasileiro terá uma disputa à beira do gramado que pode alimentar ainda mais a rivalidade: as histórias cruzadas e uma certa dose de 'protecionismo'.

Jorge Jesus, hoje técnico do Flamengo, foi objeto de desejo do Vasco recentemente e a falta de um acordo fez com que o Cruzmaltino acertasse com Vanderlei Luxemburgo, torcedor declarado do Rubro-Negro e que, já há alguns anos, adota um discurso "protecionista" em relação aos trabalhos dos treinadores brasileiros.

Logo depois da demissão de Alberto Valentim - hoje no Avaí -, a diretoria do Vasco buscou Jorge Jesus, treinador português, após sugestão de um grupo de beneméritos - dentre eles, José Luis Moreira, que já foi vice de futebol. O comandante, que estava no Al-Hilal, da Arábia Saudita, era visto como um nome que poderia elevar a marca do clube e firmar ainda mais os laços do clube com o país do Velho Continente.

Em 2016, durante uma entrevista ao "Esporte Interativo", ele já havia falado que não tinha preferência por nenhuma equipe do Brasil, mas que "todo português tinha um sentimento pelo Vasco da Gama, que tem alguma coisa a ver com a cultura Portugal-Brasil, a nossa história".

A negociação ficou a cargo do então diretor de futebol Alexandre Faria, que lamentou o "timing" da conversa.

"Nós fizemos um contato, falamos sobre a possibilidade. Ele se interessou. Ele acompanha bastante o futebol brasileiro, conhecia tudo. Sabia a história do clube e também estava ciente das dificuldades financeiras. Chegamos ao estágio de fazer uma proposta, mas, na época, o sheik [dono do Al-Hilal] ligou para ele oferecendo um retorno e ele disse que tinha firmado esse compromisso e tudo mais. Foi uma questão de "timing" mesmo. Depois, acabei saindo do clube e não sei se mantiveram contatos com ele", disse Faria, ao UOL Esporte.

À época, Jorge Jesus foi aconselhado pelo empresário a não voltar ao Al-Hilal e nem acertar uma possível vinda ao Brasil para aguardar propostas da Europa. O Vasco foi, então, atrás de Luxemburgo e alinhou a contratação. Na apresentação, o treinador fez questão de enaltecer a história do clube.

No lado Rubro-Negro, com um Abel Braga contestado, a diretoria passou a mapear o mercado e fez contato com Jesus, que havia recebido proposta do rival Vasco e conversado com o Atlético-MG. Ao saber disso, Abel pediu demissão e, alguns dias depois, o Flamengo anunciou a chegada do português.

Depois do acerto divulgado, Luxemburgo, que nos últimos anos defendeu, publicamente, os treinadores brasileiros em relação aos estrangeiros e cobrou posicionamento da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em relação ao mercado para os técnico nacionais no exterior, foi questionado e não mudou o tom, dando as boas-vindas a Jesus.

"(...) Uma outra coisa que queria salientar, desejar ao técnico português que está vindo para cá, o Jesus, muita sorte, muita felicidade, que ele tenha sucesso aqui no Brasil. Que possamos ver o trabalho dele aqui no Brasil, conhecemos já lá fora. Mas gostaria de ver a posição da CBF. Não impedindo que ele venha, mas a posição da CBF protegendo os técnicos brasileiros na Fifa. Que possamos ir para a Europa ou ir para a Ásia e prevaleça a nossa licença pró aqui", disse ele, que completou:

"Ele está chegando aqui, está sendo aceito por nós. Acho legal essa troca de conhecimento. Só que nós não somos técnicos reconhecidos lá fora. E a grande culpada disso é a CBF, que não vai na Fifa pelos seus profissionais. Aí, estamos impedidos de poder trabalhar. É uma crítica direta à CBF, que é quem manda no futebol brasileiro. E também uma associação mais atuante... Agora, o rapaz que está vindo para cá, o outro que veio e está lá no Santos [Jorge Sampaoli], acho isso legal. Uma troca legal".

Hoje, Luxemburgo e Jorge Jesus estarão frente a frente com um resquício do passado e um olhar para o futuro nos respectivos clubes e dos times no Brasileiro.