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Melhor ataque do Brasil decide e muda Flamengo de patamar na Libertadores

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

22/08/2019 10h55

O Flamengo venceu o Internacional por 2 a 0, em jogo válido pelas quartas de final da Libertadores, e deu um passo considerável para voltar a disputar uma semifinal da competição, algo que não ocorre desde a era Zico - em 1984. Naquela edição, o torneio era disputado em outro formato e os rubro-negros ficaram em 2º em uma chave que contava com Grêmio e a Universidad de Los Andes, da Venezuela. Com a vantagem obtida no Rio, o clube está mais perto de alcançar um feito inédito para uma geração de torcedores que não acompanhou os anos dourados em vermelho e preto.

Mais que isso, o Flamengo se vê em inédita situação favorável no estágio de quartas da Libertadores. Nunca a vantagem foi tão grande. O semblante entre os jogadores era de evidente alívio após o jogo contra a equipe gaúcha. Clube que vive uma espécie de trauma na competição, o Flamengo terá de superar uma fase que surge como intransponível há anos. Nas vezes em que chegou perto da semi, eliminações para Boca Juniors em 1991, São Paulo em 1993, e Universidad de Chile em 2010 - em nenhuma delas havia vantagem de dois gols para o jogo de volta.

Para seguir vivo no sonho do bicampeonato, o Fla aposta boa parte de suas fichas em um ataque que já faz a torcida sonhar cada vez mais alto. A caminhada rubro-negra neste ano passa pelos pés dos jogadores de frente, que têm sido decisivos na temporada. Até aqui, o time marcou nada menos que 84 gols, sendo que Gabigol anotou 24 vezes, enquanto Bruno Henrique soma 18. Na noite de ontem, o camisa 27 fez os dois na vitória sobre o Colorado e deixou o Fla a um passo da vaga. O ataque mais letal do país é seguido por Atlético-MG (79), Grêmio (76), Bahia (71) e Fluminense (71).

Gabigol - Alexandre Vidal / Flamengo - Alexandre Vidal / Flamengo
Gabigol e Bruno Henrique têm resolvido muitos jogos para o Fla
Imagem: Alexandre Vidal / Flamengo

Nas oitavas, quando o time venceu o Emelec por 2 a 0 (e depois bateu os equatorianos nos pênaltis), Gabriel já havia deixado o Maracanã como o grande herói, já que igualou o confronto no tempo normal. Contra os gaúchos, coube ao ex-santista comandar a "festa na favela". Bruno, que foi convocado para os próximos amistosos da seleção, falou sobre "a melhor semana da vida", que incluiu também gols na goleada por 4 a 1 sobre o Vasco.

"Só tenho que agradecer, é uma semana muito feliz da minha vida. Foi a semana mais feliz da minha carreira. Eu sou um cara muito tranquilo em relação a tudo. Mesmo com a convocação, não perdi o foco", disse.

O Flamengo teve de martelar muito uma equipe baseada em uma fortaleza defensiva. Considerada uma das duplas de zaga mais fortes do futebol brasileiro, Cuesta e Moledo sucumbiram. Atuando juntos, eles não eram vazados duas vezes desde o dia 7 de maio, no empate por 2 a 2 contra o River Plate. Ainda que não estivesse em uma de suas melhores noites, Bruno soube aproveitar as chances mais limpas que teve e mostrou que o investimento de cerca de R$ 23 milhões tem dado retorno.

Além de sair com o troféu de craque do jogo em mãos, prêmio concedido pela Conmebol, o atacante deixou o estádio com uma conquista daquelas que não se coloca na prateleira. Substituído nos acréscimos, deixou o campo sob uma ovação dos quase 66 mil presentes.

"Não tem explicação. Sair aplaudido pela Nação não é para qualquer um. Tive esse privilégio hoje. Obrigado à Nação por todo o carinho desde a minha chegada", disse, emocionado.

A artilharia pesada da Gávea coincide com a chegada do português Jorge Jesus. Adepto de um estilo de jogo mais ofensivo, o luso opta por um desenho que, por muitas vezes, deixa até o time mais desprotegido, mas que maltrata os adversários. Sob seu comando já são 23 gols em 11 jogos. Com a pontaria em dia, o Fla espera seguir derrubando barreiras.