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Vasco fecha semestre no vermelho e já admite não bater meta de 2019

Campello e diretoria têm a missão de inverter quadro econômico para atingir orçamento previsto em 2019 - Carlos Gregório Jr. / Site oficial do Vasco
Campello e diretoria têm a missão de inverter quadro econômico para atingir orçamento previsto em 2019 Imagem: Carlos Gregório Jr. / Site oficial do Vasco

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

24/08/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Vasco divulgou seu balanço semestral e está com um déficit de R$ 12 milhões
  • O orçamento para 2019 prevê um superávit de R$ 72 milhões, algo que liga o alerta. Ano passado o clube teve um superátiv de R$ 65 milhões
  • Presidente do clube, Alexandre Campello admite que fechará o ano apertado, mas ressalta que, em contrapartida, as dívidas estão sendo pagas
  • Vice de Controladoria, Adriano Mendes já trabalha com um plano B para cobrir este hiato financeiro: a renegociação de acordos com a Globo
  • Dificuldade para vender jogadores em altas quantias e falta de patrocinadores com grande aporte influenciam no quadro atual

Orgulho para o Vasco em 2018, quando o clube acenou com um superávit de R$ 65 milhões, as contas agora são motivo de preocupação em 2019. De acordo com o balancete divulgado pelo Cruzmaltino na última quarta-feira (22), o primeiro semestre fechou no vermelho com um déficit de aproximadamente R$ 12 milhões.

No documento disponível no site oficial do clube, consta uma receita exata de R$ 79.893.440,96 contra uma despesa de R$ 91.841.453,66.

Balancete semestral divulgado pelo Vasco mostra déficit de aproximadamente R$ 12 milhões - Reprodução / Site oficial do Vasco - Reprodução / Site oficial do Vasco
Balancete semestral divulgado pelo Vasco mostra déficit de aproximadamente R$ 12 milhões
Imagem: Reprodução / Site oficial do Vasco

O alerta fica ainda mais ligado se colocarmos como comparativo a previsão orçamentária para 2019. Nela, consta um superávit de R$ 72 milhões. Ou seja, R$ 7 milhões a mais do que ano passado, quando o Vasco bradou aos quatro ventos ter fechado com o "maior superávit do Brasil".

Na estimativa feita pela diretoria, o clube fecha a temporada com uma receita líquida de R$ 224 milhões, contra despesas totais de cerca de R$ 152 milhões.

Porém, para atingir este número diante do déficit atual de aproximadamente R$ 12 milhões, o Vasco precisará tirar uma diferença de R$ 84 milhões.

Presidente do clube, Alexandre Campello admite que dificilmente alcançará o planejamento orçamentário, mas reforça que um dos pontos primordiais está sendo seguido à risca: o pagamento das dívidas:

"Às vezes se tem um déficit no caixa, mas se pode ter um superávit, são coisas distintas. Ano passado terminamos com déficit no caixa também, mas tivemos um superávit de R$ 65 milhões e uma diminuição da dívida de R$ 93 milhões. Quando eu digo que não está entrando dinheiro no Vasco, não quer dizer que a TV não está pagando. Ela está pagando, sim, só que esse dinheiro está sendo consumido pelas dívidas. Ou seja, estamos diminuindo a dívida do clube a partir do momento que esses recursos vão para isso. Paralelamente, daqueles recursos que entram no clube, parte deles também são destinados a pagamento de dívidas. Então pode ser que a gente termine o ano com algum déficit de caixa, mas com redução da dívida".

Clube tem plano B

Considerado o "guru econômico" da gestão Alexandre Campello, o vice-presidente de Controladoria, Adriano Mendes, ressaltou que a mudança no formato de pagamento das cotas de TV este ano impactou no balancete semestral negativo. Como é feito agora de forma sazonal, a maior parte será depositada somente no segundo semestre.

Em sua análise, comparando da forma como era até o ano passado, o Vasco já poderia contar com cerca de R$ 20 milhões que só entrarão na segunda metade da temporada junto com o montante total de R$ 80 milhões que o clube projeta (calculando que a equipe ficará entre as dez primeiras do Campeonato Brasileiro), fato que, segundo suas contas, tiraria o clube do vermelho nos seis primeiros meses de 2019.

Mendes, porém, admitiu que a conta final do ano fechará apertada, embora o Vasco já trabalhe com um plano B para compensar um pouco o planejamento orçamentário.

"Estamos tentando trabalhar o contrato de longo prazo com a Globo, uma negociação no qual envolve você conseguir um outro deságio com pagamento à vista de boa parte da dívida que a gente tem. Se fizermos isso, de novo teremos um gerenciamento financeiro que vai dar um ganho que, talvez, possa compensar o plano A que não veio com venda de jogador ou um patrocínio mais forte", disse ao UOL Esporte.

Venda de atletas e falta de patrocínio: a pedra no sapato

Executivos do Vasco e do banco BMG celebram a parceria firmada em 2019 - Rafael Ribeiro / Vasco.com.br - Rafael Ribeiro / Vasco.com.br
Diretoria do Vasco e executivos do banco BMG celebram a parceria firmada em 2019
Imagem: Rafael Ribeiro / Vasco.com.br

Um dos pontos que tem causado discrepância nas contas até o momento é o fato de o Vasco não ter conseguido emplacar uma venda de grande porte na temporada como havia feito nos anos anteriores, com Paulinho e Douglas Luiz. Segundo o orçamento, está prevista uma receita de R$ 30 milhões com direitos econômicos de jogadores, mas no primeiro semestre, segundo o balancete, o clube obteve somente cerca de R$ 10 milhões.

"Uma das coisas que aconteceu no futebol brasileiro nessa janela de meio de ano é que ninguém vendeu. Se for olhar o balanço do ano passado dos maiores clubes do Brasil, todos eles têm um valor significativo oriundo de venda de ativos. Ativos, leia-se jogador de futebol. Aliás, os que mais faturaram foram os que mais venderam, que tiveram mais receitas oriundas de jogador de futebol", justificou Campello.

Além do déficit orçamentário no quesito venda de atletas, o Vasco também está longe de atingir a meta oriunda de patrocínios, publicidade e royalties, que era de R$ 35 milhões.

"Tivemos uma frustração na venda de jogador, onde se previa R$ 30 milhões, mas até o momento só deu R$ 10 milhões. Tem R$ 20 milhões faltando. Tinha também uma previsão de dificuldade financeira onde se precisava de um empréstimo, algo em torno de R$ 25 milhões. E tivemos algo que está acontecendo também em outros clubes que é a questão de patrocínio. Mesmo recebendo R$ 8 milhões do BMG (patrocinador máster), vamos ter um número bem menor que os R$ 35 milhões que a gente previu. Se somar essas frustrações e não conseguirmos reverter, vai dar uns R$ 70 milhões de déficit financeiro. E aí vamos ter que reverter de alguma forma", disse, indicando posteriormente o "plano B" descrito acima na matéria.

Vice-presidente de marketing do Vasco, Bruno Maia apresentou seus argumentos no Twitter quando questionado sobre os resultados apresentados até aqui. Em sua análise, os números abaixo do esperado em comparação ao orçamento são frutos, em parte, da crise de investimento no futebol brasileiro como um todo, embora tenha feito uma mea culpa:

Vasco ainda conta com venda

Talles Magno durante amistoso da seleção brasileira sub-17 contra o Paraguai em São Januário - Thais Magalhães/CBF - Thais Magalhães/CBF
Talles Magno é figura praticamente certa no Mundial sub-17 que será disputado em outubro no Brasil
Imagem: Thais Magalhães/CBF

O clube estava pré-disposto a vender no início de 2019 o atacante Marrony, de 20 anos, que chegou a entrar na mira do Newcastle (ING) e do Sporting (POR), mas nenhuma proposta oficial acabou chegando.

O nome da vez agora é Talles Magno, de apenas 17 anos, com uma multa estipulada em cerca de R$ 130 milhões e que virou xodó do técnico Vanderlei Luxemburgo. Ele é uma das figuras praticamente certas do Mundial da categoria,que acontecerá a partir de outubro no Brasil, algo que pode servir de vitrine para o mercado exterior.

O jovem atacante tem sido constantemente convocado para amistosos com a seleção brasileira sub-17 e chegou a ser pivô de uma recente crise institucional entre Vasco e CBF.

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